Lavagem nasal pode ser ruim para o ouvido? Entenda

Lavagem nasal
(Reprodução: Freepik)

A lavagem nasal com soro fisiológico é um hábito cada vez mais comum entre pessoas que buscam melhorar a respiração, aliviar sintomas de alergias, rinite, sinusite e prevenir infecções respiratórias.

LEIA TAMBÉM | Do estrogênio ao colesterol: entenda como a menopausa afeta o coração

Apesar de seus benefícios bem documentados, esse procedimento, quando realizado de forma inadequada, pode causar efeitos colaterais indesejados — entre eles, problemas relacionados ao ouvido.

A conexão entre as vias nasais e os ouvidos é mais próxima do que muitos imaginam, e entender essa relação é fundamental para realizar lavagens nasais com segurança.

Como a lavagem nasal afeta os ouvidos

Para compreender como a lavagem nasal pode afetar os ouvidos, é importante conhecer a anatomia da região.

A orelha média é ligada à nasofaringe (a parte posterior do nariz e da garganta) por meio da tuba auditiva, também chamada de trompa de Eustáquio. Essa estrutura tem como função equilibrar a pressão entre o ouvido médio e o ambiente externo, além de drenar secreções da orelha média para a garganta.

Durante uma lavagem nasal, especialmente quando feita com pressão excessiva ou na posição incorreta da cabeça, é possível que o soro fisiológico chegue até a tuba auditiva e, em alguns casos, penetre na orelha média. Isso pode provocar uma série de desconfortos e até desencadear problemas de saúde, dependendo da frequência e da técnica utilizada.

A otite média serosa é uma inflamação da orelha média, causada pelo acúmulo de líquido atrás do tímpano. Embora esse acúmulo seja normalmente originado por disfunções da tuba auditiva, a lavagem nasal realizada de maneira inadequada pode contribuir para o problema, especialmente se o soro alcançar a orelha média.

A presença de líquido nessa região pode causar sensação de ouvido tampado, leve perda auditiva e desconforto.

Efeitos colaterais

Muitas pessoas relatam dor ou pressão nos ouvidos após realizarem lavagens nasais, principalmente quando utilizam seringas, frascos pressurizados ou dispositivos com jato forte.

Isso acontece porque o aumento da pressão no interior das cavidades nasais pode ser transmitido às trompas de Eustáquio, causando desequilíbrios de pressão na orelha média. Em casos mais leves, o desconforto é passageiro, mas se a prática for repetida de forma incorreta, o sintoma pode se intensificar.

Outro efeito colateral possível é a vertigem ou tontura momentânea. Embora menos comum, essa sensação pode ocorrer se o soro atinge alta pressão na orelha média. A presença de líquido frio nessa área também pode alterar a percepção do equilíbrio corporal, gerando tontura súbita. Isso é mais frequente em pessoas que já têm sensibilidade ou histórico de labirintite.

Se o soro ou outro líquido usado na lavagem nasal entra em contato com a orelha média e carrega junto bactérias ou vírus presentes nas narinas, há risco de infecções como otite média bacteriana. Isso pode levar a sintomas como dor intensa, febre, secreção purulenta pelo ouvido e necessidade de uso de antibióticos.

Fatores que aumentam os efeitos negativos da lavagem nasal

  • Posição inadequada da cabeça: inclinar demais a cabeça para trás ou para os lados durante a lavagem pode facilitar a entrada de líquido na tuba auditiva.
  • Excesso de pressão: usar dispositivos que aplicam o soro com muita força pode forçar a passagem do líquido para a orelha média.
  • Congestão nasal severa: quando há obstrução nasal significativa, o líquido pode não drenar adequadamente e ser desviado para outras regiões, como o ouvido.
  • Frequência exagerada: lavagens muito frequentes e sem orientação médica podem desequilibrar a fisiologia da cavidade nasal e afetar estruturas próximas.

Como realizar a lavagem nasal de forma segura

Apesar dos riscos, é importante destacar que a lavagem nasal, quando realizada corretamente, é segura e benéfica. Para minimizar os riscos ao ouvido, alguns cuidados devem ser observados:

  • Realizar a técnica correta, mantendo a cabeça levemente inclinada para frente e para o lado, com a boca aberta para evitar pressão interna.
  • Não forçar o jato, optando por dispositivos de baixa pressão ou usando seringas com controle manual.
  • Não lavar com o nariz completamente entupido, para evitar aumento da pressão.
  • Evitar lavar antes de dormir, respeitando um tempo para que o excesso de líquido seja expelido naturalmente antes de se deitar.
  • Procurar orientação médica para adquirir a técnica adequada de lavagem. Em caso de sintomas persistentes ou repetidos problemas no ouvido, consulte um otorrinolaringologista.

A lavagem nasal é uma prática benéfica e recomendada por muitos profissionais da saúde, especialmente em tratamentos respiratórios. A chave para evitar as complicações otológicas está no uso da técnica correta, na escolha de dispositivos apropriados e na observação de sintomas anormais.

Quando feita com responsabilidade, a lavagem nasal pode ser uma forte aliada na promoção da saúde respiratória sem colocar em risco a saúde auditiva.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.