Copom deve elevar Selic em 0,5 ponto na reunião desta quarta

Prédio do Banco Central: segundo economistas, cenário global permite aumento de juros menor do que em reuniões anteriores do Copom. Crédito: Raphael Ribeiro/BCB

Pressionado pelo preço dos alimentos e de energia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide nesta quarta (7) em quanto elevará a taxa básica de juros, a Selic. Nesse sentido, apesar da resistência da inflação, a perspectiva de desaceleração econômica global é real. Por isso, deve favorecer que essa seja a última alta antes de uma pausa no ciclo de aperto monetário.

Se o aumento for confirmado pelo Copom, será a sexta elevação consecutiva da Selic. Do mesmo modo, segundo a edição mais recente do boletim Focus, a taxa básica deve subir 0,5 ponto percentual nesta reunião. Ou seja, a taxa deve ir de 14,25% para 14,75% ao ano.

No comunicado da última reunião, em março, o Copom confirmou que elevaria os juros básicos em “menor magnitude” na reunião de maio. Isso após três altas seguidas de 1 ponto percentual. Porém o comunicado não informou o que aconteceria depois da reunião de maio. Nesse sentido, apenas afirmou que a economia brasileira continua aquecida e que existem incertezas internacionais provocadas pela política comercial norte-americana.

Nesta quarta-feira, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro de 2024. Teve uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual.

Copom alerta para inflação

Na ata da reunião mais recente, o Copom sugeriu “parcimônia” sobre uma eventual desaceleração da economia e informou que a “desancoragem” das expectativas de inflação exigem juros altos por mais tempo. Segundo o BC, existem sinais de moderação do crescimento econômico, mas o cenário de inflação de curto prazo segue adverso.

Segundo o último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 está em 5,53%. No entanto há quatro semanas estava em 5,65%. Isso representa inflação acima do teto da meta contínua estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano. Do mesmo modo, a meta pode chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.

Taxa Selic

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores. Entre eles o risco de inadimplência, lucro bem como despesas administrativas.

Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato. Ou seja, há incentivo à produção e ao consumo. Isso reduz o controle da inflação e estimula a atividade econômica.

O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

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