Na manhã desta terça-feira (6), Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, um promotor de vendas de 35 anos, morreu depois de ficar preso no vão entre as portas do vagão e da plataforma na Estação Campo Limpo do metrô de São Paulo em horário de pico. Os passageiros ainda tentaram alertar a ViaMobilidade, concessionária responsável pela operação da Linha 5-Lilás, onde aconteceu o caso, mas sem sucesso. Lourivaldo, casado e pai de três filhos, faria 36 anos no próximo domingo (11), quando é celebrado o Dia das Mães.
Para Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, a ViaMobilidade precisa ser cobrada para melhorar a segurança e evitar acontecimentos semelhantes no futuro. Segundo ela, que falou ao jornal Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, na manhã desta quarta-feira (7), o acontecimento é resultado da privatização. A Linha 5-Lilás passou para a iniciativa privada em janeiro de 2018, após leilão vencido pela CCR.
“Com certeza, é resultado de privatização. De lá pra cá, a quantidade de falhas e a insegurança no sistema aumentaram muito e tragicamente esse fato vem confirmar essa situação de insegurança na Linha 5-Lilás”, diz. Segundo o sindicato, a responsabilidade é também do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que aprofunda a política de privatização no estado.
Atualmente, não há sensores que detectam a presença do passageiro preso no vão mesmo com as portas fechadas em estações privatizadas. Diferentemente da ViaMobilidade, o Metrô de SP informou que possui, nas estações onde existem portas nas plataformas, sensores no vão justamente para evitar que pessoas fiquem presas no espaço. É o caso da Linha 3-Vermelha, que não é privatizada.
“Todas as portas de plataforma instaladas pela companhia contam com dispositivos para evitar o fechamento da porta quando há pessoas ou objetos entre as fachadas e o trem. Como medida adicional de segurança, o Metrô tem intensificado as orientações aos passageiros e instalou anteparos nesses equipamentos para evitar que o passageiro se coloque entre a porta de plataforma e a porta do trem”, comunicou o Metrô de SP ao Brasil de Fato.
Assim como a Polícia Civil, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de São Paulo (Artesp) deve investigar a morte do passageiro. A Artesp informou que apura as ações e providências adotadas pela ViaMobilidade.
O que diz a ViaMobilidade?
Questionada pelo Brasil de Fato, a ViaMobilidade lamentou a morte de Lourivaldo e declarou que “mesmo após os avisos visuais e sonoros, ele tentou entrar no vagão”.
A concessionária responsável pela Linha 5-Lilás ainda explicou que a linha dispõe de um sistema com sensores de obstrução de portas para impedir os trens de partirem com as portas abertas e que não há sensores no vão entre o trem e a plataforma, onde o passageiro ficou preso. E como todas as portas estavam abertas, o trem acabou partindo.
Depois do caso, o presidente da ViaMobilidade, Francisco Pierrini, informou, em entrevista à TV Bandeirantes, que há um plano para instalação de sensores nos vãos das plataformas até fevereiro de 2026.
A presidenta do sindicato dos metroviários criticou a nota da concessionária. “Não é suficiente a nota da ViaMobilidade, que acaba responsabilizando a vítima que, supostamente, não teria escutado os avisos sonoros de fechamento das portas”, alerta Lisboa.
“A gente precisa cobrar a ViaMobilidade, do grupo CCR, sobre a motivação do ocorrido. Tem que ter uma apuração rigorosa, senão corre-se o risco de ter novos acontecimentos parecidos.”
MTST convoca ato na Estação Campo Limpo
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) convocou uma manifestação para esta quarta-feira (7), contra a ViaMobilidade por causa do ocorrido.
O ato está marcado para acontecer a partir das 16h na Estação Campo Limpo, onde Lourivaldo morreu.
A presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo informou que vai se juntar e acompanhar a manifestação.
Para ouvir e assistir
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