O presidente russo, Vladimir Putin, discursou na Praça Vermelha, em Moscou, nesta sexta-feira (9) durante as comemorações do Dia da Vitória em Moscou. O líder homenageou os veteranos e as pessoas que perderam a vida na luta contra o nazifascismo durante a Segunda Guerra Mundial.
“Hoje, estamos todos unidos por sentimentos de alegria e tristeza, orgulho e gratidão, e admiração pela geração que esmagou o nazismo e, ao custo de milhões de vidas, conquistou a liberdade e a paz para toda a humanidade. Preservamos fielmente a memória desses eventos históricos e triunfantes. E como herdeiros dos vencedores, celebramos o feriado de 9 de maio como nosso, como o feriado mais importante para o país, para toda a nação, para cada família, para cada um de nós”, disse Putin.
Ao falar do legado dos heróis da Segunda Guerra Mundial, o líder russo vinculou “a defesa da pátria” contra o nazismo à defesa dos atuais interesses nacionais e valores tradicionais russos.
“Nossos pais, avôs e bisavós salvaram a Pátria. E eles nos legaram a defesa de nossa Pátria, a união, a defesa firme de nossos interesses nacionais, nossa história milenar, nossa cultura e nossos valores tradicionais. […] Lembramos das lições da Segunda Guerra Mundial e jamais concordaremos com a distorção de seus eventos, com tentativas de justificar os algozes e caluniar os verdadeiros vencedores”, acrescentou.
Desde o início da guerra na Ucrânia, o peso histórico da memória da luta soviética contra o nazifascismo foi usado como uma forma de vínculo e justificação da guerra na Ucrânia, chamada oficialmente de ‘operação militar especial’ na Rússia. Neste 9 de maio, após mais de três anos de conflito, Putin citou a “operação militar especial” apenas uma vez ao afirmar o país apoia os combatentes que lutam no país vizinho.
“A verdade e a justiça estão do nosso lado. Todo o país, a sociedade e o povo apoiam os participantes da operação militar especial. Estamos orgulhosos de sua coragem e determinação, da força de espírito que sempre nos trouxe apenas vitória”, afirmou.
Um aspecto muito marcante no clima da Praça Vermelha, em meio à presença de militares, veteranos, políticos e convidados, foi o vínculo das comemorações do Dia da Vitória com a guerra da Ucrânia. Uma parte significativa do equipamento militar que foi apresentado no desfilie foi de sistemas de defesa, mísseis e drones utilizados pela Rússia no atual conflito.
Ao mesmo tempo, houve a presença de batalhões de soldados que atuaram na “operação militar especial” que desfilaram na Praça Vermelha. Entre alguns soldados e militares aposentados, que estiveram na parada militar como convidados, era comum ouvir frases “rumo à vitória” e “a vitória estará conosco” (já tradicionais palavras de ordem entre os que apoiam a guerra na Ucrânia) nas conversas entre os convidados e membros da imprensa presente.
O Brasil de Fato esteva na Praça Vermelha e conversou com o general aposentado da Força Aérea Russa, Comandante-em-Chefe da Força Aérea de 2002 a 2007, Vladimir Sergeevich Mikhailov, ao falar da importância da data, defendeu a reabilitação de Stálin para a memória do triunfo soviético.
“Falam pouco de Stálin, ele deveria ser mais lembrado. Ele preparou o país para a guerra, e graças a isso, a vitória foi garantida”, afirmou Mikhailov antes de subir para a tribuna de honra, reiterando uma ideia que tem tido adesão na Rússia nos últimos anos.
Ele ressaltou que durante as comemorações do Dia da Vitória, o aeroporto da cidade de Volgogrado foi simbolicamente renomeado de “Stalingrado”, antigo nome da cidade do Volga e palco de uma das batalhas mais importantes da reviravolta soviética para a vitória. Mas “apenas o aeroporto, infelizmente”, completou o ex-general.
Vladimir Putin em seu discurso afirmou que a “a União Soviética suportou o peso dos ataques mais brutais e implacáveis do inimigo”, citando as principais batalhas que foram crucias para a vitória.
“Milhões de pessoas que conheceram apenas o trabalho pacífico pegaram em armas e resistiram até a morte em todas as alturas, cabeças de ponte e fronteiras, determinando assim o resultado de toda a Segunda Guerra Mundial com vitórias incondicionais nas maiores batalhas perto de Moscou e Stalingrado, no Kursk Bulge e no Dnieper;
“A coragem dos defensores da Bielorrússia, os primeiros a enfrentar o inimigo; a firmeza dos participantes na defesa da Fortaleza de Brest e Mogilev, Odessa e Sebastopol, Murmansk, Tula, Smolensk; o heroísmo dos moradores da sitiada Leningrado, a bravura de todos que lutaram na frente, em destacamentos partidários e na clandestinidade, o valor daqueles que evacuaram as fábricas do país sob fogo inimigo, que trabalharam na retaguarda sem se poupar, até o limite de suas forças”, completou Putin