
No dia 8 de maio, o mundo católico recebeu uma notícia surpreendente: Robert Prevost, um religioso americano, foi anunciado como o novo líder da Igreja Católica, substituindo o falecido Papa Francisco. Mas o que chamou a atenção de muitos foi a escolha de seu nome papal: Leão XIV. A mudança levantou questionamentos sobre uma prática que já dura quase cinco séculos. Afinal, por que os papas abandonam seus nomes de batismo ao assumir o cargo?
A tradição de adotar um novo nome não é obrigatória, mas vem sendo seguida sem exceções desde 1555, quando o cardeal Giovanni Pietro Carafa se tornou Paulo IV. O gesto remonta ao primeiro papa da história, São Pedro, cujo nome original era Simão. Segundo os registros bíblicos, Jesus teria dito a ele: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. Esse ato simbólico marcou o início de uma jornada em que o líder religioso assume uma nova identidade, representando um renascimento espiritual e um compromisso com sua missão.
A escolha do nome costuma ser uma homenagem a antecessores ou um sinal de inspiração em seus legados. Por exemplo, João Paulo I, em 1978, combinou os nomes de dois papas anteriores (João XXIII e Paulo VI) para destacar a continuidade de suas ideias. No caso de Leão XIV, o número ordinal indica que outros 13 papas já carregaram esse nome. O mais recente foi Leão XIII, que liderou a Igreja entre 1878 e 1903. Nascido Gioacchino Pecci, ele ficou conhecido pela encíclica Rerum Novarum, documento que abordava questões trabalhistas e direitos sociais, considerado um marco na doutrina social católica.
Especialistas sugerem que a escolha de Leão XIV não é aleatória. O nome pode estar ligado ao desejo de dar continuidade às reformas do Papa Francisco, que priorizou temas como acolhimento a migrantes, cuidado com os pobres e diálogo com culturas marginalizadas. “Leão XIV parece ser um candidato da continuidade, que busca consolidar o legado de Francisco ao conectá-lo com a tradição social da Igreja”, afirmou um professor de estudos religiosos. Além disso, espera-se que o novo papa combine essa visão com uma postura mais meticulosa em decisões administrativas, buscando unir diferentes grupos dentro da instituição.
A curiosidade sobre os nomes papais também revela outro detalhe: muitos fiéis sequer conhecem o nome de batismo dos líderes que seguem. Poucos sabiam, por exemplo, que o Papa Francisco se chamava Jorge Mario Bergoglio antes de assumir o cargo em 2013. A mudança não só reforça o simbolismo do papel, como também facilita a identificação global, já que alguns nomes originais podem ser complexos ou pouco familiares em outras línguas.
Embora Leão XIV ainda não tenha explicado publicamente os motivos de sua escolha, a história oferece pistas. Nomes como Bento (associado à paz), Pio (ligado à piedade) ou Gregório (em referência a reformas) carregam significados que transcendem indivíduos. No caso dos “Leões”, a figura do animal muitas vezes simboliza força e autoridade, características que podem inspirar confiança em momentos de desafio para a Igreja.
Enquanto o mundo acompanha os primeiros passos do novo pontífice, a tradição dos nomes papais segue como um fenômeno que mistura história, espiritualidade e estratégia. Cada escolha é um capítulo a mais em uma narrativa milenar, onde identidades se fundem a propósitos coletivos, e o passado dialoga com o presente.
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