“Se depender do meu governo e se depender da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis, a nossa relação será indestrutível”, disse Lula no encerramento do Seminário Empresarial China-Brasil nesta segunda-feira (12), em Pequim, capital chinesa.
“A China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China, e nós dois juntos podemos fazer com que o Sul Global seja respeitado no mundo, como nunca foi”, continuou o presidente brasileiro.
Lula encerrou o evento, falando após o vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e presidente da Confederação de Indústria e Comércio de toda a China, Gao Yunlong.
Após concluir a leitura de seu discurso, Lula continuou com sua fala sem roteiro, algo que havia feito em sua visita de Estado anterior, ao falar durante a cerimônia de posse oficial de Dilma Rousseff à frente do Novo Banco de Desenvolvimento, em 2023.
Lula afirmou que a construção da aliança econômica entre China e Brasil seria”dessas parcerias entre empresas brasileiras e chinesas não tem retorno, estejam certos que daqui pra frente, só vai crescer”.
“Queremos exportar mais e também queremos importar mais”, disse Lula em sintonia com o que disse em Moscou, em sua parada anterior à Pequim. “A boa política comercial é aquela que é uma via de duas mãos, você compra e você vende, é um jogo de ganha-ganha, não é um jogo de perde-ganha.”
O presidente destacou o crescimento em mais de 30 vezes do comércio entre os dois países de 2003 até 2025, e a China ter passado na última década da 14ª para a 5ª posição no ranking de investimento direto no Brasil, tornando-se o principal investidor asiático no país, “com estoque de mais de US$ 54 bilhões (mais de R$ 307 bi)”.
‘Só commodities’
Lula reconheceu que “tem muita gente que reclama que o Brasil exporta para a China só produtos agrícolas e minério de ferro, ou seja, só commodities”. O presidente rebateu essas críticas, afirmando que é preciso investimento em educação para “ser competitivo no mundo tecnológico, no mundo digital”,
“Nós temos que exportar agronegócio, utilizar o dinheiro que entra no Brasil para investir em educação, para a gente poder ser competitivo com a China na produção de carro elétrico, na produção de baterias, na construção de inteligência artificial”, argumentou o presidente.
Porém, Lula reconheceu que “o ideal para o Brasil não é ficar exportando soja, é exportar inteligência, é exportar conhecimento. “Para isso não tem milagre, nós temos que investir em educação, como os chineses fizeram”, reiterou.
O mandatário disse que “o Brasil precisa dar graças a Deus de estar exportando agronegócio porque também é preciso a gente saber quanto de tecnologia tem hoje num grão de soja, quanto de engenharia genética tem num quilo de carne que nós vendemos, num quilo de frango, num quilo de porco, num saco de milho”.
Lula recebeu aplausos da plateia. O seminário tinha 750 inscrições de empresas tanto brasileiras como chinesas, com o lado do Brasil sendo composto em boa parte pelo agronegócio.
Trump
Em tom com seus ministros, Lula criticou o tarifaço do governo Trump: “Não há saída para um país sozinho, é preciso que a gente tenha a consciência que nós precisamos trabalhar juntos. É por isso que eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos EUA tentou impor ao planeta terra do dia para a noite”.
O presidente defendeu que cada país deve exportar e importar o que quiser “sem precisar ninguém tentar impor qualquer diminuição na soberania de nenhum país”.
“O protecionismo no comércio pode levar à guerra como aconteceu tantas vezes na história da humanidade”,
Lula defendeu os intercâmbios de estudantes entre os dois países: “dizem que é difícil aprender a falar chinês mais difícil, é difícil porque não começou, mais difícil foi construir a muralha da China e vocês colocaram a primeira pedra e ela está construída”, disse Lula e arrancou aplausos da plateia chinesa.