O falecimento de Divaldo Pereira Franco, na última terça-feira (13), aos 98 anos, marcou profundamente o movimento espírita e espiritualista no Brasil e no mundo. Natural de Feira de Santana, Divaldo foi um dos maiores nomes da doutrina espírita no século XX e XXI. Reconhecido por sua oratória, mediunidade e atuação social, ele deixa um legado que segue vivo nas instituições que fundou e nas centenas de obras psicografadas ao longo da vida.
Em reconhecimento à sua trajetória, a Prefeitura de Feira de Santana decretou luto oficial de três dias no município. Para o coordenador do Conselho Regional Espírita III, Marcos Machado, a perda de Divaldo é motivo de saudade, mas também de celebração por sua missão cumprida com grandeza.
“As contribuições de Divaldo, a gente não tem como nem dimensionar, porque foram tamanhas. Divaldo adotou o Espiritismo como a sua vida e, através do esclarecimento, do conhecimento que obteve, mas, acima de tudo, das ações que promoveu no âmbito da caridade, da paz, do amor e da consolação”, afirmou Marcos em entrevista ao Acorda Cidade.
Para o coordenador, a atuação de Divaldo ultrapassou fronteiras, alcançando pessoas em todo o mundo. Ele foi um verdadeiro porta-voz do espiritismo através da sua oratória emocionante. “Ele contribuiu para que assim, a mensagem espírita de libertação, do amor, da paz, da caridade, do perdão, pudesse chegar a diversos corações aqui na terra.”
Referência nas Semanas Espíritas de Feira de Santana
A presença de Divaldo Franco era sempre aguardada com entusiasmo nas Semanas Espíritas promovidas na região, evento que este ano, chega à sua 47ª edição. Mesmo com tantos palestrantes renomados, seu nome era especial.
“Com todo respeito aos demais irmãos, Divaldo Franco tinha uma marca especial. E isso era muito marcante, principalmente por ser um filho querido da Terra. Aonde ele chegava, com certeza, em função de todo o bem que ele fez, era uma figura bastante desejada, solicitada, para ser abraçada. As pessoas viam ali a representatividade de alguém muito diferente no campo do lado humano”, disse ao Acorda Cidade.
Mesmo tendo se mudado para Salvador ainda jovem, sua ligação com Feira de Santana permaneceu forte e ele fez questão de manter suas raízes.
Mediador de espíritos
Divaldo psicografou mais de 200 livros, atribuídos a cerca de 70 espíritos, como Joana de Ângelis, Amélia Rodrigues, Bezerra de Menezes, Victor Hugo e Rabindranath Tagore. Seu trabalho de psicografia foi uma das formas mais poderosas de difundir a mensagem espírita.
“Na verdade, ele foi médium. Os espíritos escreviam através dele. Foram aproximadamente 280 obras, e dessas obras, quase que 70 espíritos.”
Com obras traduzidas para mais de 110 idiomas, ele alcançou leitores nos cinco continentes e proferiu palestras em mais de 1.100 cidades de 69 países.
Visão Espírita sobre a morte
Ao falar sobre o falecimento de Divaldo, Marcos Machado também explicou o entendimento da doutrina espírita sobre a morte. A vida na terra é uma oportunidade de aprimoramento para alcançar a verdadeira vida no plano espiritual.
“Para o Espiritismo, a morte não existe. Na verdade, nós somos espíritos, estamos momentaneamente em um corpo físico. E a vida verdadeira é a vida no mundo espiritual. Estamos aqui de passagem. Alguns vivem mais, outros vivem menos.”
Essa visão, segundo ele, não tira a dor da saudade, mas ajuda a entender que a vida vai além do que se vive na terra. Mesmo com o conhecimento espiritual, a falta de quem parte continua doendo. Ainda assim, é importante fazer um esforço para lidar com esse momento com equilíbrio, como uma forma de apoiar quem está seguindo para o plano espiritual.
“Fica com todos nós realmente um sentimento de saudade, de dor, mas nesse momento agora devemos estar felizes pela sua missão. Um homem que, com 98 anos, atuou ativamente aqui no nosso planeta. E fica o recado para que todos nós que aqui estamos possamos também fazer a nossa parte, lembrando da grande mensagem de Jesus: ‘Amai uns aos outros, como eu vos amei’”, completou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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