
Em um cenário de afeto, integração e cidadania, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Feira de Santana celebrou o Dia da Família Apaiana com uma programação especial no Parque da Lagoa, envolvendo arte, cultura e muita saúde. A ocasião marcou não apenas uma homenagem às famílias, mas também os 40 anos de atuação da Apae na cidade, uma trajetória dedicada à inclusão, ao cuidado e à transformação de vidas.
Quem conhece de perto essa transformação é Núbia Lima Ribeiro Bacelar, lavradora do distrito de Tiquaruçu e mãe do Arthur, de 8 anos, assistido pela Apae há quase um ano.

“Ajuda muito. Até as professoras da escola municipal disseram que ele melhorou bastante depois que começou o acompanhamento pela Apae. Teve um pouco de dificuldade para achar a vaga, mas graças a Deus, somos bem assistidos. Se precisar de alguma coisa, só recorrer a assistente social”, compartilhou com o Acorda Cidade.
O pequeno tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). Para a mãe, no comportamento foi onde ele mais se destacou. “Ele não se concentrava no dia da sala. O comportamento melhorou bastante também em outras coisas, no nosso dia a dia”, afirmou.
Apae: uma missão por amor, respeito e inclusão
Fundada como uma Organização da Sociedade Civil, Filantrópica e sem fins lucrativos, a Apae de Feira promove há quatro décadas um trabalho de referência em educação, saúde e assistência social para pessoas com deficiência intelectual, múltiplas e autismo. Hoje, atende aproximadamente 2.500 pessoas por mês, vindas de Feira e de 47 municípios da região. Entre funcionários são aproximadamente 200, mas o restante da equipe são voluntários, colaboradores que segundo o presidente da instituição, Elivaldo Alves Moraes, atua acima de tudo, com amor, respeito e empatia pelos assistidos.

“São 40 anos atendendo a comunidade. É um trabalho feito com amor, que graças a Deus tem crescido. Agora a gente mata um leão todo dia no sentido de prover recursos para dar atendimento”, declarou.
Ao Acorda Cidade ele também destacou que o principal desafio diário é manter a qualidade do atendimento, mesmo diante de uma alta demanda com limitações de recursos. Pessoas do Transtorno do Espectro Autismo (TEA), por exemplo, sempre têm fila de espera para acessar os serviços.

“Tem ajuda, mas não é suficiente, porque cada dia vai aparecendo. A questão do autismo, a fila nunca acaba. Como a Apae é um serviço especializado, todo mundo procura. E a gente fica triste por não poder atender todo mundo”.
Mesmo com os obstáculos, a satisfação com os resultados impacta a equipe multiprofissional, mas principalmente as famílias. Para o presidente, existe o antes e o depois da Apae. “Antes levava aquela vida sem alegria. Hoje não, eles participam de eventos, têm motivos para viver, e a Apae participa da vida deles desse jeito.”
Semana Cultural da Família Apaiana
A celebração do Dia da Família , também neste 15 de maio, faz parte da Semana Cultural da Família Apaiana , uma iniciativa nacional que começou no último dia 11 e segue até o dia 17 para reforçar o papel das famílias na construção de uma sociedade mais inclusiva. O tema deste ano é “Família e Apae: caminhos que se encontram”.

Quem também participou da festa foi Jurandir de Araújo Mato Grosso, coordenador estadual do movimento da Família Apaiana. Ao Acorda Cidade ele explicou que o objetivo é incentivar os pacientes a se sentirem associados e não apenas usuários.

“É nesse momento que a gente quer garantir que as famílias participem do movimento Apaiano. Estamos também dizendo que queremos o apoio deles para que cada vez mais o trabalho, a assistência com eles possa seja melhor.”
A programação contou com apresentações artísticas, atividades lúdicas, oficinas, teatro, dança, integração com outras instituições e espaços de acolhimento. Para Jurandir, ocupar locais públicos como praças e parques amplia a visibilidade e promove o diálogo com a sociedade. “Queremos mostrar que os assistidos não estão à margem. Eles têm protagonismo e precisam ser reconhecidos como cidadãos de direitos”.

Além disso, o evento celebrou o Dia das Mães, elas que são a maioria chefiando lares brasileiros; o Dia do Enfermeiro (12 de maio), profissionais da saúde que estão diretamente ligados ao cuidado com a vida das pessoas, sobretudo as mais vulneráveis atendidas pela Apae, mas também outras datas importantes como a suposta abolição da escravatura, no dia 13 de março, que é um chamado a se repensar a luta histórica do povo negro para além da assinatura enfim “cedida” pela princesa Isabel, que não representou o fim dos efeitos escravagistas da população negra.

O movimento também celebrou outras datas como o Dia do Assistente Social, Dia Internacional da Luz e o Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações.
“Hoje é o dia que escolhemos como data para sincronizar todas essas ideias e apresentar ao público.”

A instituição também investe fortemente na integração familiar e social, promovendo não só o atendimento clínico e pedagógico, mas também o acolhimento humano. Além dos núcleos, a Apae mantém um espaço educacional com cerca de 500 alunos e atua de forma interdisciplinar, com atendimento psicológico, pedagógico, ambulatorial, fonoaudiológico, entre outros.

O compromisso da Apae de Feira é continuar lutando para garantir dignidade, autonomia e participação social às pessoas com deficiência e suas famílias. E, como o próprio evento celebrou, é na união com a família que esse caminho se fortalece.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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