
Michelle Kallas abriu a empresa Mica Chocolates e, apenas um mês depois, engravidou. Ela conta ao podcast Educação Financeira o que fez a diferença para que a marca prosperasse. Michelle Kallas, fundadora da Mica Chocolates
Divulgação/Mica Chocolates
Abrir um negócio é, por essência, um desafio. As burocracias para a abertura, pensar em preços, conquistar clientes e chegar ao lucro são questões que fazem parte das angústias de um empreendedor iniciante.
O frio na barriga é ainda maior quando se começa em meio a uma situação atípica ou durante uma crise, como na época da pandemia de Covid-19.
Quem viveu uma experiência assim foi Michelle Kallas. Ela trabalhava como advogada em São Paulo, e saiu do emprego fixo e estável para abrir uma marca de chocolates artesanais, a Mica Chocolates. Um mês depois, descobriu que estava grávida.
Mesmo com as incertezas, Michelle se manteve firme no negócio e prosperou. Hoje, a marca — que antes funcionava em uma salinha e apenas por encomenda — tem duas lojas físicas e um e-commerce forte.
Para ela, o segredo do sucesso foi o planejamento. Em entrevista ao primeiro episódio da nova temporada do podcast Educação Financeira, Michelle compartilha as lições que teve na prática e o que foi essencial para começar um negócio enquanto mantinha a vida financeira bem organizada.
Veja a entrevista na íntegra ou outros cortes do episódio mais abaixo:
O que é essencial para começar um negócio e manter a vida financeira bem organizada
A preparação para abrir seu próprio negócio
Planejamento financeiro é essencial
As melhores dicas para iniciar sua marca
A preparação para abrir seu próprio negócio
Michelle Kallas conta como se preparou para abrir a Mica Chocolates
Michelle demorou anos pensando em como fazer seu próprio negócio acontecer até começar a empreender. Formada em Direito, ela atuava na área de direitos intelectuais. Apesar de uma carreira bem-sucedida e com bom retorno financeiro, ela não se sentia feliz.
Após mais de uma década de carreira, resolveu fazer um acompanhamento com uma terapeuta vocacional e resgatou uma antiga paixão: fazer bombons e trufas.
Então, voltou a desenvolver esses produtos e fez até um curso para aprender a decorar os chocolates de forma artística. Vendia os bombons no trabalho, inclusive aqueles que não saiam como o planejado.
“Eu fazia o ‘saldão da Mica’ e vendia os bombons que tiveram algum defeito por R$ 1 e anotava todos os feedbacks”, conta.
Com os estudos, a experiência e os feedbacks, foi montando um modelo de negócios, pensando em como poderia fabricar e oferecer seus produtos de forma cada vez melhor.
Lançou a “primeira versão” da marca com o nome “Inked” (que significa “pintado”, em inglês) em 2017, e começou a executar o seu plano de ação sem deixar o emprego fixo. Em 2018, a empreendedora se sentiu confiante para deixar a CLT e trabalhar apenas para fazer a empresa de chocolates prosperar.
No segundo mês de empreendedora, descobriu que estava grávida. “Eu tinha acabado de pedir demissão e se eu quisesse pro escritório naquele momento ninguém ia me aceitar grávida também”, comenta.
“Chorei durante uns três dias, fiquei desesperada, mas comecei a pensar que eu tinha que fazer o negócio dar certo porque, se não desse certo, minha filha talvez se sentisse culpada algum dia por eu não ter seguido meu negócio”.
Além da “força” trazida pela maternidade, Michelle enfatiza que talvez não tivesse conseguido prosperar se não tivesse dedicado tanto tempo ao planejamento do seu próprio negócio.
Por isso, considera que o passo mais importante é a organização antes de abrir as portas, colocando na ponta do lápis tudo o que precisa ser feito, estudando o potencial de cada aspecto da empresa, aprimorando os processos e deixando o negócio o mais “redondo”.
Começar uma empresa e engravidar logo no 1º mês? Empreendedora conta como foi
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Planejamento financeiro é essencial
Michelle, dona da Mica Chocolates, fala sobre estrutura financeira para abrir sua empresa
Além da estrutura para o funcionamento, outra área também vital para a sustentabilidade de um empreendimento: a financeira. Para Michelle, o planejamento financeiro precisa acontecer simultaneamente aos planos de criação da empresa.
No caso dela, a manutenção do emprego fixo enquanto dava os primeiros passos na marca foi fundamental. A empreendedora considera arriscado demais largar tudo para empreender apenas com um primeiro impulso de ter o negócio.
Michelle fez do seu salário como advogada a fonte de renda para os primeiros investimentos em sua empresa. Enquanto estudava e desenvolvia seus primeiros produtos, ela passou a economizar em tudo que podia.
Reserva de emergência: como se organizar e o que levar em consideração antes de começar
Fez as contas do que precisava para empreender de forma profissional: um espaço apropriado para a cozinha de confeitaria, com uma geladeira só para os chocolates, paredes laváveis, contas de energia e outros custos com produtos. Procurou, dentro das necessidades, aquilo que atendia as suas necessidades pelo menor preço possível, “já que sabia que podia não dar certo”.
Com tudo isso organizado, decidiu pedir demissão quando o dinheiro que tinha guardado era o suficiente para sustentar “no aperto” um ano de sua vida pessoal e profissional.
O valor era suficiente para arcar com aluguel e contas básicas do espaço nesse primeiro ano, além das contas essenciais do seu dia a dia. O que entrasse de dinheiro a mais, seria reinvestido para aprimorar seu negócio e “desapertar” um pouco a vida financeira pessoal”.
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As melhores dicas para iniciar sua marca
Michelle Kallas dá dicas para sobre começar a empreender de forma mais acertada
“Às vezes a gente entra num desespero pensando em empreender porque vai mudar a vida e a gente vai de qualquer jeito. Mas eu acho que para fazer uma transição saudável, você tem que se planejar”, diz Michelle, que considera que tudo é válido, “mesmo que seja de pouquinho em pouquinho”.
Com base em sua experiência, as principais dicas deixadas pela história da empreendedora são:
Evite decisões impulsivas: começar um negócio no desespero e pensando que vai mudar a vida do dia para a noite pode atrapalhar um olhar mais analítico para os potenciais e riscos daquilo, além de poder gerar problemas financeiros.
Planeje sua transição com calma: empreender é um processo e, por isso, é importante entender que não é necessário largar tudo de uma vez. Tocar uma ideia em fase inicial em paralelo a um emprego fixo, por exemplo, pode ajudar na organização financeira e na construção de confiança.
Organize sua vida financeira: economize, guarde dinheiro e crie uma reserva de emergência antes de dar os primeiros passos, porque isso reduz a pressão e os riscos, permitindo mais tranquilidade para pensar nas estratégias do negócio.
Coloque tudo na ponta do lápis: isso é importante para saber, com a maior precisão possível, quanto dinheiro será gasto em cada coisa, o que ajuda a ter uma melhor ideia de quanto é necessário poupar e evita gastos desnecessários e impulsivos.
Converse com sua rede de apoio: compartilhe seus planos com familiares ou amigos e veja como eles podem ajudar, seja com apoio emocional, tempo ou até recursos.
Tenha um plano de negócios: estude o mercado, quais são as boas ideias e aquilo que ninguém está fazendo, identifique seus diferenciais, quem será seu público-alvo e os custos envolvidos no processo. Tudo isso ajuda muito na construção de uma marca forte.
Teste muito: experimente o negócio em pequena escala, mesmo que em paralelo com outro trabalho, para entender como tudo funciona na prática e verificar se as ideias iniciais para o negócio fazem sentido quando começam a ser executadas ou se é necessário ajustar alguma rota.
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Caixa de bombons da Mica Chocolates, marca da empreendedora Michelle Kallas
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