Polícia Militar realiza despejo violento e ilegal contra famílias sem terra na Chapada Diamantina, na Bahia

Na manhã deste sábado (17), famílias sem terra do Acampamento Edivaldo Sena, localizado na Fazenda Boa Esperança, município de Rafael Jambeiro (BA), foram surpreendidas com a chegada de mais de dez viaturas da Polícia Militar da Bahia no território. Sem respaldo legal, os policiais realizaram de forma violenta o despejo dos acampados, que são ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O movimento aponta que a ação foi determinada diretamente pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o que constitui grave violação dos direitos humanos.

De acordo com o MST, as famílias estavam acampadas no local há mais de 3 anos. No dia 30 de abril, elas foram vítimas de uma reintegração de posse e voltaram a ocupar a área nesse sábado (16). Não havia nova ordem judicial autorizando o despejo. O movimento destaca que, na verdade, uma liminar concedida em março de 2025 pela Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia determinava que, no caso de desocupação, o processo deveria seguir o protocolo do Supremo Tribunal Federal (STF), com aviso prévio mínimo de 45 dias, intermediação da Defensoria Pública e garantia de condições humanas de remoção das famílias. Nada disso foi cumprido.

“A Polícia Militar agiu sem respaldo legal, sob determinação direta da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o que constitui grave violação dos direitos humanos e desrespeito à decisão do próprio Tribunal de Justiça da Bahia”, denuncia nota divulgada pelo MST.

Movimento aponta que a Polícia Militar chegou ao local violando uma série de procedimentos legais para a realização de desocupações / Comunicação MST

“A ação violenta, realizada sem presença da Defensoria Pública, sem notificação e sem protocolo de mediação fundiária demonstra o uso da estrutura do Estado para proteger interesses do latifúndio, em especial dos fazendeiros aliados ao agronegócio baiano, que vêm se articulando politicamente para barrar a Reforma Agrária e criminalizar os movimentos sociais do campo“, completa o comunicado.

O movimento denuncia ainda a conivência da SSP-BA com os interesses de fazendeiros ligados ao agronegócio, “promovendo uma escalada de violência institucional contra trabalhadores e trabalhadoras que lutam pelo direito à terra e à dignidade”.

O Brasil de Fato entrou em contato com a SSP, mas não obtivemos retorno. O espaço segue aberto.

Confira a nota na íntegra:

Nota Pública: Policia Militar realiza despejo violento e ilegal na Chapada Diamantina

Na manhã deste sábado (17), mais de 10 viaturas da Polícia Militar da Bahia chegaram à Fazenda Boa Esperança, no município de Rafael Jambeiro-BA, na Chapada Diamantina, onde está localizado o Acampamento Edivaldo Sena, para realizar um despejo violento e ilegal contra famílias Sem Terra.

As famílias haviam retornado à área no dia anterior (16), após terem sido vítimas de uma reintegração de posse no dia 30 de abril. As famílias estão acampadas no local há mais de 3 anos. No entanto, não havia qualquer nova ordem judicial autorizando o despejo. Ao contrário: a liminar concedida em março de 2025 pela Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia determinava que a desocupação deveria seguir o protocolo do STF, com aviso prévio mínimo de 45 dias, intermediação da Defensoria Pública e garantia de condições humanas de remoção das famílias.

Nada disso foi cumprido. A Polícia Militar agiu sem respaldo legal, sob determinação direta da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o que constitui grave violação dos direitos humanos e desrespeito à decisão do próprio Tribunal de Justiça da Bahia.

A ação violenta, realizada sem presença da Defensoria Pública, sem notificação e sem protocolo de mediação fundiária, demonstra o uso da estrutura do Estado para proteger interesses do latifúndio, em especial dos fazendeiros aliados ao agronegócio baiano, que vêm se articulando politicamente para barrar a Reforma Agrária e criminalizar os movimentos sociais do campo.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST repudia a ação ilegal e autoritária da Polícia Militar e denuncia a conivência da SSP-BA com os interesses de grandes fazendeiros do agronegócio, promovendo uma escalada de violência institucional contra trabalhadores e trabalhadoras que lutam pelo direito à terra e à dignidade.

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