Mounjaro chega ao Brasil: entenda diferenças, riscos e indicações do concorrente do Ozempic

A partir do dia 25 de maio, o Mounjaro estará disponível nas farmácias brasileiras. Com promessas de ajudar no controle da glicemia e também na perda de peso, o novo medicamento deve disputar espaço com o Ozempic, que se popularizou nos últimos anos por seus efeitos no emagrecimento. Mas quais são as diferenças entre os dois? Quem pode usar? Quais os riscos?

O Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato conversou com a endocrinologista Flávia Maia, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), para responder as principais dúvidas sobre o assunto. Confira:

Mounjaro x Ozempic: qual a diferença?

Embora tenham ações semelhantes, os dois medicamentos atuam de formas diferentes no organismo. O Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, imita um hormônio do intestino chamado GLP-1, que aumenta a produção de insulina, reduz o esvaziamento do estômago e envia sinais de saciedade ao cérebro.

Já o Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida, que age de forma dupla: além do GLP-1, também atua sobre outro hormônio, o GIP. Segundo a médica, o resultado é semelhante: ambos melhoram o controle do diabetes tipo 2 e contribuem para a perda de peso.

Para quem o Mounjaro é indicado?

O novo medicamento tem indicação aprovada para:

  • Pessoas com diabetes tipo 2;
  • Pessoas com obesidade (IMC acima de 30);
  • Pessoas com IMC acima de 27 que tenham outras condições associadas, como doenças cardiovasculares ou metabólicas.

O Índice de Massa Corporal (IMC) é calculado dividindo o peso da pessoa (em quilos) pela sua altura ao quadrado (em metros). A fórmula usada é: IMC = peso ÷ (altura × altura). O resultado é expresso em kg/m².

O uso deve ser sempre prescrito por um médico, após avaliação de fatores como função renal, hepática e possíveis interações com outros medicamentos. “Ninguém deveria usar só porque o vizinho está usando ou porque foi indicado na academia”, alerta a endocrinologista.

Efeitos colaterais: o que esperar

Tanto Ozempic quanto Mounjaro compartilham os mesmos efeitos colaterais mais comuns: náusea, enjoo, constipação e, em alguns casos, diarreia, principalmente em pessoas que consomem muitos alimentos gordurosos. A médica também alerta para riscos mais sérios, como a formação de pedras na vesícula em casos de perda de peso muito rápida.

Outro ponto é o uso antes de procedimentos com anestesia. Por terem longa duração no organismo, os medicamentos devem ser suspensos três semanas antes de cirurgias ou exames com sedação, sob risco de complicações respiratórias.

É possível manter o peso após parar o tratamento?

A resposta é: depende. A doutora Flávia Maia destaca que tanto o Mounjaro quanto o Ozempic são indicados para o tratamento de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e obesidade, e exigem acompanhamento contínuo.

“O que temos visto são pessoas que usam por conta própria e interrompem do mesmo jeito. Aí, sim, há uma grande chance de reganho de peso”, afirma. Segundo ela, o ideal é que o tratamento faça parte de um plano de cuidados de longo prazo, com apoio de nutricionista, educador físico e acompanhamento médico.

“Não estamos falando de medicamentos que são usados para perder três, cinco quilinhos para ir à praia no fim do ano ou a uma festa. A obesidade é uma doença crônica, que tem um tratamento crônico. O tratamento de doença crônica é a longo prazo”, acrescenta.

Pode substituir a cirurgia bariátrica?

Em alguns casos, sim. A médica afirma que os medicamentos como Mounjaro e Ozempic são considerados alternativas viáveis para pacientes com obesidade, especialmente aqueles que não desejam ou não podem realizar a cirurgia bariátrica. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente por profissionais da saúde.

O que considerar antes de usar

Antes de iniciar o tratamento com Mounjaro (ou qualquer outro medicamento injetável para diabetes ou obesidade), a recomendação é buscar um endocrinologista. O uso sem acompanhamento pode representar riscos à saúde e trazer frustrações com os resultados.

“O tratamento da obesidade vai muito além daquela coisa fácil de ‘pare de comer e faça exercícios’. A obesidade é um problema de saúde e as pessoas precisam de ajuda para seguir no controle da sua condição de saúde”, reforça Flávia Maia.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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