Governo Trump proíbe Harvard de lecionar para estudantes estrangeiros

A administração do presidente estadunidense, Donald Trump, retirou da Universidade de Harvard a permissão de receber estudantes estrangeiros, em novo ataque de seu governo à instituição. Com isso, nenhum estudante estrangeiro poderá se matricular, e todos os já ligados à universidade deverão ser transferidos.

“Com efeito imediato, a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (Sevp, em inglês) da Universidade de Harvard é revogada”, escreveu a secretária do Departamento de Segurança Nacional, Kristi Noem, em uma carta à instituição, referindo-se ao principal sistema que permite aos estudantes estrangeiros estudar nos Estados Unidos.

Noem ainda disse que a revogação do programa deve “servir como aviso” para demais instituições. O decreto da secretária vem após Harvard se recusar a entregar informações que o departamento havia pedido sobre alguns estudantes estrangeiros que frequentam a universidade.

A secretária deu o prazo de 72 horas para a universidade entregar todos os documentos exigidos pelo Departamento de Segurança Nacional, para ter “a oportunidade de recuperar o SEVP para o próximo ano letivo”.

Harvard qualificou a imposição do governo Trump como “ilegal”. “Estamos totalmente comprometidos em manter nossa capacidade de receber estudantes e acadêmicos internacionais de mais de 140 países e enriquecer a universidade”, acrescentou a declaração.

“Essa ação de retaliação ameaça causar sérios danos à comunidade de Harvard e ao nosso país, além de prejudicar a missão acadêmica e de pesquisa de Harvard”, finalizou. Atualmente, Harvard possui 6 mil estudantes internacionais matriculados em algum programa.

Corte de verbas

Em 13 de maio, o governo estadunidense anunciou cortes nos subsídios a Harvard. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos eliminou US$ 450 milhões (R$ 2,5 bilhões) em subsídios a Harvard, além dos US$ 2,2 bilhões (R$ 12 bilhões) que haviam sido divulgados previamente, alegando “um problema” de discriminação na universidade.

Desde que assumiu a presidência, Trump acusa Harvard e outras universidades do país de antissemitismo, por permitirem movimentos estudantis contra os bombardeios de Israel na Faixa de Gaza. Ele também quer o fim dos programas de diversidade.

Harvard levou o governo aos tribunais, alegando tentativa ilegal de controlar a sua gestão. “Harvard não é republicana nem democrata, nem o braço armado de nenhum partido ou movimento político, e nunca será”, afirmou Alan Garber, reitor da instituição, em carta.

*Com AFP e The Guardian

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