Prefeitura de São Paulo irá afastar 31 diretores de escolas municipais em bairros vulneráveis, denuncia Daniel Cara

A Prefeitura de São Paulo irá afastar diretores de escolas municipais de São Paulo de suas funções para um período de reciclagem. A denúncia foi feita pelo educador e professor de Educação na Universidade de São Paulo (USP) Daniel Cara, publicada em seu perfil no Instagram na noite desta quinta (22).

“Não são as escolas com os piores indicadores educacionais da cidade de São Paulo, mas são escolas com enorme vulnerabilidade, em bairros com enorme vulnerabilidade e escolas que não têm o apoio da Secretaria Municipal de Educação”, alerta. O educador informa que a convocação será publicada no Diário Oficial nesta sexta-feira (23).

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Ainda nesta quinta-feira, o Brasil de Fato teve acesso a diversos relatos de trabalhadores da rede municipal de ensino que confirmam a informação.

“Não há processo democrático”

Um dos diretores que foi avisado de seu afastamento nesta quinta, mas preferiu não se identificar, diz que não houve qualquer conversa preliminar com a Secretaria Municipal de Educação (SME) sobre os problemas nas escolas. “O que me assusta é que não há um processo democrático dentro da própria SME, dentro da prefeitura, no qual chamem os diretores e perguntem ‘o que vocês precisam para melhorar a escola?’ Eu sei o que eu preciso para melhorar a escola. Eu preciso de mais conselhos tutelares aqui na região, porque o conselho tutelar que tem aqui é um só com quatro pessoas, que não dá conta de atender toda a demanda. Preciso que na UBS tenha fonoaudiólogos, que tenham psicólogos para atender as crianças, que são muito vulneráveis”, enumerou.

No vídeo, Cara faz uma fala direcionada ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ao secretário de Educação Fernando Padula. “Eu desafio o vocês a substituir o secretário Fernando Padula e colocar um interventor na Secretaria Municipal de Educação. Qualquer um desses diretores, se assumirem a Secretaria Municipal de Educação com quase 30 bilhões de reais de orçamento para 2025, vão fazer um trabalho melhor do que vocês”, diz.

Cara encerra a publicação informando que “não vamos em nenhum momento deixar esses diretores na mão”. “A gente vai trabalhar em conjunto com os diretores em defesa da educação pública de qualidade na cidade de São Paulo”.

A convocação se soma à série de denúncias que indicam as más condições de trabalho dos funcionários da rede de ensino municipal. Em março deste ano, o Brasil de Fato publicou uma reportagem sobre o atraso no pagamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores. Em abril, os servidores municipais entraram em greve por reajuste salarial.

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