‘Não foi quebra de protocolo nenhum’, diz Janja sobre episódio com presidente chinês Xi Jinping

A primeira-dama, Janja Lula da Silva, comentou o episódio em que questionou o presidente chinês Xi Jinping sobre os efeitos do TikTok, durante sua viagem à China, na semana passada. Na ocasião, Janja falou sobre os desafios representados pela plataforma em relação ao avanço da extrema direita.

“Não foi quebra de protocolo nenhum. Nós estávamos em um jantar conversando. Não entrei em uma sala gritando”, disse Janja. “Eu não sou biscuit de porcelana. Eu não vou ao jantar só para acompanhar meu marido”, afirmou a primeira-dama em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, nesta sexta-feira (23).

Janja também negou que a sua fala tenha gerado um constrangimento durante a reunião com o presidente chinês, o que foi veiculado pela imprensa. “Claro que não. Vamos combinar que eu tenho bom senso, né? Me considero uma pessoa inteligente”, afirmou a primeira-dama.

“Eu sei os assuntos que são mais delicados. Eu poderia ter falado com o [Vladimir] Putin [presidente da Rússia]: ‘pelo amor de Deus, para com essa guerra [contra a Ucrânia]‘. Mas eu sei que aquele é um assunto delicado para aquele momento. Mas eu não vou me furtar a falar de uma rede social que está matando criança”, declarou a primeira-dama em referência à menina de 8 anos que após inalar desodorante como parte de um desafio que circulou no TikTok.

Janja também reforçou que foi o próprio presidente quem tocou no assunto sobre o Tiktok no encontro, como Lula já havia dito à imprensa anteriormente. “Talvez eu tenha querido explicar um pouco melhor ao presidente Xi Jinping, não apenas a ele, mas também aos ministros e à primeira-dama [da China], porque vocês sabem que o meu marido é analógico. Ele não sabe usar os termos que a gente está acostumado a usar nas redes sociais”, disse.

‘Ataques mostram incômodo com mulheres que rompem papéis de gênero’

A primeira-dama é recorrentemente alvo de conteúdos falsos ou ofensivos na internet. Na semana passada, a Advocacia-Geral da União (AGU) determinou que as empresas Meta e TikTok removesse de suas plataformas publicações desinformativas sobre Janja. De modo geral, as postagens mais recentes se referiam especialmente às viagens da comitiva presidencial à China e à Rússia, mencionadas na entrevista.

Para especialistas ouvidas pelo podcast Três Por Quatro nesta quinta-feira (22), as reações contra Janja revelam um incômodo profundo e estrutural com mulheres que ousam exercer poder em espaços historicamente masculinos.

A socióloga Camila Galetti, doutora pela Universidade de Brasília (UnB), observa também que os ataques à figura pública da Janja também cumpre o papel de “enfraquecer o governo” e impedir uma eventual futura candidatura da primeira-dama, como aconteceu com Michelle Bolsonaro, que se coloca como possível candidata para a presidência em 2026.

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