Morre militante do MST atropelado durante marcha do Abril Vermelho no Recife (PE)

Gideone Sinfrônio de Menezes Filho, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de 67 anos que foi atropelado durante marcha no Recife em 15 de abril, morreu na manhã desta sexta-feira (23). 

O atropelamento aconteceu durante uma manifestação que integrou a Jornada de Lutas pela Reforma Agrária do MST, mais conhecida como Abril Vermelho. O ato tinha saído havia pouco da concentração, na Avenida General San Martin, quando um motorista dirigindo um Eco Sport branco, com placa de Campina Grande (PB), atravessou a passeata, atingiu dois militantes e fugiu. O momento foi registrado em vídeo. 

Gideone foi ferido gravemente. As duas rodas passaram por cima do seu abdômen e ele teve de ser atendido às pressas, desacordado e com fratura exposta. O outro atingido, Samuel Scarponi, é dirigente estadual do movimento e teve ferimentos no braço. Uma semana depois, em 22 de abril, o condutor foi preso pela Polícia Civil. A sua identidade não foi revelada e os investigadores não confirmaram a motivação política do assassinato. 

“Estamos devastados com a notícia da morte do nosso companheiro”, declara Rosa Amorim, integrante do MST e deputada estadual de Pernambuco pelo PT.  “Nós estávamos prestes a comemorar a sua recuperação, a sua alta do Hospital da Restauração, depois dessa cena de ódio e de violência que a gente presenciou durante a marcha do MST”, lamenta Amorim.

“Gideone foi assassinado. Assassinado por alguém que opera contra a luta daqueles que querem uma vida melhor. Era isso que Gideone buscava junto às fileiras do movimento: mudar de vida, ter um lugar para plantar, ter um lugar para sair da sua situação de trabalho quase que análogo à escravidão nas usinas de cana-de-açúcar da zona da Mata Norte do estado de Pernambuco”, descreve Rosa Amorim. 

Mais conhecido como Sapato, Gideone era acampado do MST na comunidade de Barreirinha, na cidade de Goiana (PE). O sem-terra deixa três filhos. Depois de boa parte da vida trabalhando como mecânico de máquinas pesadas nas usinas da região, há dois anos Sapato resolveu participar de uma ocupação do movimento e, assim, estava vivendo da roça.

“Nesse momento, o que a gente pode desejar é força e um acalento para essa família que também está devastada, assim como nós, e dizer justiça. Justiça pelo companheiro Gideone”, finaliza a deputada.

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