Como Adolf Hitler usou a ideia de conspiração para praticar o nazismo


A ideia de conspiracionismo é uma das bases do antissemitismo moderno. Por essa ideia, os judeus têm uma força exacerbada. E foi justamente esta a ideia usada por Hitler contra os judeus no período nazista. O risco do antissemitismo
No episódio O risco do antissemitismo de O Assunto, o professor Michel Gherman explicou detalhadamente o que é antissemitismo. O termo voltou ao noticiário após o assassinato de um casal de funcionários da Embaixada de Israel em Washington, nos EUA, na quarta-feira.
Em conversa com Natuza Nery, Gherman diz que uma das bases do antissemitismo moderno usa a ideia de conspiracionismo. Por essa ideia, os judeus têm uma força exacerbada.
E foi justamente essa a ideia usada por Hitler durante a prática nazista, explica Gherman, professor do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ e pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade Hebraica de Jerusalém. OUÇA A PARTIR DO MINUTO 25:49.

“Hitler dizia, por exemplo exemplo, que os judeus foram, na narrativa da ‘facada na costas’, os responsáveis pela derrota da Alemanha na 1ª Guerra Mundial”, explica Gherman.
No podcast, o professor relembra que Hitler também usou o argumento de que os judeus dominavam a economia alemã e produziram uma “febre inflacionária”. Hitler dizia que os judeus faziam parte de uma corporação que tinha uma conspiração de controle da Alemanha.
Gherman lembra trambém que o líder nazista acusava os judeus de ter vínculos profundos com a União Soviética. Para Hitler, esse vínculo tinha como pano de fundo uma conspiração internacional judaico-comunista, diz o professor.
“A gramática política dos nazistas é uma gramática conspiracionista e o alvo dessa gramática eram judeus.”
O professor conclui como, por essa gramática nazista, os judeus não eram os judeus que, de fato, existiam. “Mas judeus imaginários, produzidos por um desejo de Hitler de determinar quem era judeu e quem não era”.
Nazismo
Adolf Hitler assumiu a liderança do Partido Nazista em 1921. Em seu livro autobiográfico “Mein Kampf”, que norteou as ideias e o programa do partido, ele manifestou o ódio por marxistas, eslavos e judeus — a quem ele chamava de “parasitas”.
Em 1933, com a maior bancada do parlamento alemão e nomeado chanceler, Hitler consolidou o poder com a eliminação de opositores e a implantação de uma ditadura totalitária. Uma das bases ideológicas do seu governo era o antissemitismo, que responsabilizava os judeus pelos problemas da Alemanha num contexto de crise econômica e política no país após a Primeira Guerra Mundial.
Sob o pretexto de proteger os alemães de supostas ameaças e agressões externas, Hitler invadiu a Polônia em 1939, dando início à Segunda Guerra Mundial. Neste período, a perseguição aos judeus se intensificou, culminando no Holocausto — a política nazista de extermínio sistemático de judeus.
Estima-se que aproximadamente 6 milhões de judeus tenham sido assassinados pelo regime nazista. Outras minorias e grupos considerados “indesejáveis” pelos nazistas, como ciganos, pessoas com deficiência, homossexuais e opositores políticos, também foram perseguidos e assassinados em larga escala.
Polícia trabalha no local depois que dois funcionários da embaixada de Israel em Washington foram baleados e mortos
Rod Lamkey, Jr./AP
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