
O infarto agudo do miocárdio, ou apenas infarto, é a doença cardiovascular que mais mata no Brasil. Segundo o Ministérios da Saúde, um estudo mostra que, de 2019 a 2023, pouco mais de 737 mil casos foram registrados. A média é de cerca de 60 mil mortes por conta da condição por ano.
O infarto, também conhecido como ataque cardíaco, acontece quando o fluxo de sangue para o coração é bloqueado por conta de uma obstrução dentro da artéria, um tipo de vaso sanguíneo responsável por transportar sangue. Normalmente, esse bloqueio é feito pelo acúmulo de placas de gordura nas paredes desse vaso.
Sabendo da importância do tema e tratando o assunto como de utilidade pública, o Acorda Cidade convidou o cardiologista André Almeida para alertar sobre os riscos do infarto e as formas de prevenção desse problema, que sozinho é responsável por mais óbitos que o câncer.
Os riscos
André, que é médico especialista em saúde do coração e dos vasos sanguíneos, alertou que, apesar do infarto de ser altamente letal, existem formas de diminuir as chances da manifestação e que a grande maior parte delas está dentro da adoção de um hábito de vida mais saudável.

“O aumento do número de casos de infarto no Brasil, como em todo o mundo ocidental, está relacionado principalmente à mudança de hábitos de vida. O sedentarismo, a má alimentação, o tabagismo, o estresse e a obesidade. Tudo isso leva ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a aterosclerose, a placa de gordura nas artérias, que predispõe ao infarto”, disse o cardiologista.
A importância do atendimento rápido
André afirmou que os estudos dentro do campo da cardiologia mostram que o aumento do número de infartos no Brasil também está ligado ao aumento da expectativa de vida da população. O médico lembrou que, na década de 1970, a idade média do brasileiro era 48 anos. Hoje, a idade média está em torno de 80 anos.
Uma população cada vez mais velha e com um grande números de membros obesos e sedentários forma um combo propício ao aumento dos infartos. Segundo o médico, estima-se que no Brasil ocorram cerca de 300 mil a 400 mil casos de infarto por ano e que, a cada 5 e 7 casos, ocorre um óbito. Ou seja, a taxa de mortes gira em torno de 14% a 20% dos pacientes que infartam no Brasil.
“É fundamental, para diminuir o risco de morte, um atendimento na urgência e na emergência nos primeiros minutos. Isso salva vidas. Inclusive, aqui em Feira de Santana, nós já temos hospitais com dispositivo para poder atuar no momento em que a pessoa está tendo infarto. São os medicamentos chamados trombolíticos, tanto nos hospitais públicos quanto nos hospitais privados em nossa cidade.”
O médico continuou: “Fazendo esse atendimento dentro das primeiras 6 horas após o infarto, felizmente, a mortalidade, que pode girar em torno de até 20%, pode cair para cerca de 7% naqueles pacientes que têm um infarto e procuram imediatamente um atendimento médico. Então, se tem um recado para dar para vocês é: se sentir dor no peito, vá para uma emergência, vá para uma UPA, que lá você pode ser tratado de forma adequada.”
Formas de prevenir o infarto
O cardiologista André Almeida foi categórico ao afirmar que a melhor forma de prevenir um infarto é ter um estilo de vida mais saudável. O médico montou uma lista com hábitos que podem ser praticados diariamente e são fundamentais no combate ao infarto. São eles:
- não fumar;
- evitar o consumo de açúcar;
- se tiver diabetes, controlar o nível de açúcar no sangue;
- realizar atividade física periodicamente;
- evitar o sedentarismo;
- controlar o sobrepeso e evitar a obesidade;
- beber bastante líquido (água, água de coco, suco, chá);
- comer de forma mais saudável, evitando produtos industrializados, ultraprocessados e ricos em conservantes.
“Existe o fator genético que você não pode fazer nada. Seu pai é seu pai, sua mãe é sua mãe, você não pode mudar a genética. Mas você pode mudar esses hábitos. A tendência é você ter uma qualidade de vida melhor, mantendo sempre uma boa hidratação e uma dieta adequada, com pouco sal, pouca gordura e reduzidíssimo conteúdo de açúcar na sua dieta. Se você fizer isso, por si só, já está contribuindo não só para viver mais, mas para viver com qualidade de vida.”
O infarto e o aumento da temperatura
Segundo André, o coração e a temperatura têm uma relação muito próxima. Em condições de calor extremo, o órgão precisa trabalhar mais para manter a circulação do sangue. O cardiologista explicou que o calor no organismo se dissipa pelo suor da pele e o coração precisa “se esforçar mais” para poder deixar a circulação do sangue adequada.
“Essa exigência do trabalho maior aumenta o risco de problemas cardíacos, especialmente em pessoas com doenças pré-existentes. O calor aumenta a frequência de batidas do coração. O corpo tenta manter a temperatura normal, o que exige que o coração bata mais rápido para bombear mais sangue para a pele. Também existe a vasodilatação, a dilatação das veias do nosso organismo. Elas se dilatam para permitir a passagem de mais sangue e, assim, facilitar a perda do calor através do suor.”
Outras doenças cardiovasculares
André afirmou que o suor excessivo também pode levar à desidratação, fator que está associado à perda de eletrólitos importantes para o corpo humano, como: sódio, potássio, magnésio, cálcio, sobrecarregando o coração.
“Esse esforço extra aumenta, sim, o risco de um infarto e aumenta também o risco de um AVC [Acidente Vascular Cerebral]. Esse calor excessivo também aumenta o risco de arritmias e aumenta o risco de insuficiência cardíaca, especialmente em pessoas com doenças cardiovasculares pré-existentes.”
O cardiologista afirmou que a preocupação em evitar um infarto é válida, mas alertou que nem toda dor no peito é sinal de infarto. André lembrou que existem uma série de outras doenças cardiovasculares que também exigem uma atenção especial, como o AVC e o cardiomegalia, doença caracterizada pelo aumento do tamanho do coração. Por isso, fez o alerta de que o ideal é que o paciente, ao sentir qualquer sintoma, procure um cardiologista.
Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão
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