Grupo que estimula automutilação atua por meio das redes sociais

Foto: Sesp

A Polícia Civil cumpriu, na manhã desta terça-feira (27), um mandado de busca e apreensão contra um adolescente de 14 anos, morador da Serra, investigado por participação em um grupo digital que estimula a automutilação, compartilha pornografia infantil e faz apologia ao nazismo.

A ação faz parte da Operação Mão de Ferro II, deflagrada em 12 estados para combater crimes praticados contra crianças e adolescentes no ambiente virtual.

De acordo com a Polícia Civil, o grupo atua por meio de redes sociais como WhatsApp, Telegram e Discord.

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Adolescente de 14 anos participava de grupo digital

O adolescente abordado no Espírito Santo é estudante do 8º ano e confessou ter cometido crimes no ambiente digital. Como os arquivos já haviam sido apagados antes da chegada dos policiais, não houve flagrante.

Agora, o caso será analisado pelo Poder Judiciário, que poderá determinar medidas socioeducativas, caso fique comprovada a participação ativa do jovem nos crimes.

Durante entrevista coletiva, o delegado Brenno Andrade, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), alertou sobre os riscos da exposição de crianças e adolescentes a ambientes digitais sem supervisão.

Esses canais eram usados para disseminar conteúdos de violência extrema, estímulo a comportamentos autodestrutivos, ameaças, coação psicológica e exposição pública das vítimas. Ainda segundo a polícia, as vítimas eram, em sua maioria, adolescentes.

Veja o que disse o delegado:

Segundo o delegado, muitos adolescentes não denunciam situações de risco porque têm medo da reação dos pais.

“A gente ouve muito: ‘Meu pai ia brigar comigo, ia me dar esporro, ia dizer que a culpa era minha’. Isso impede que o jovem fale no momento certo. Então, o ideal é que o ambiente familiar seja de confiança, sem julgamentos, para que a criança se sinta segura em relatar o que está vivendo”, completou.

Delegado faz alerta para pais e responsáveis

Entre as recomendações feitas pela Polícia Civil aos responsáveis estão: estabelecer horários de uso da internet, verificar o histórico de navegação, não permitir que os filhos fiquem isolados com dispositivos eletrônicos e instalar programas de controle parental sempre com conhecimento da criança ou adolescente, para não quebrar a confiança.

O delegado também destacou que os crimes digitais envolvendo adolescentes muitas vezes têm raízes em questões emocionais e familiares.

Antes do crime acontecer, há uma ausência. Pais ausentes, ambiente violento, falta de atenção dentro de casa. Se o criminoso oferece atenção que o pai não dá, a criança vai se apegar a isso, afirmou.

Para Brenno Andrade, a atuação policial é apenas a etapa final de um problema que poderia ser mitigado dentro do próprio ambiente familiar.

“A gente fala que não vai acabar, mas pode ser minimizado. Se as orientações forem seguidas, se houver envolvimento real na criação dos filhos, o impacto desses crimes será muito menor”, disse.

*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos

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