‘Sujeira, fezes e urina’, diz delegado sobre casa onde cães foram resgatados após se alimentarem de cachorro morto para sobreviver


Crime aconteceu em Paraíso do Tocantins e casal foi indiciado por maus-tratos. Dois animais foram resgatados e estão em um abrigo na cidade. Cachorros são resgatados após denúncia de maus-tratos em Paraíso do Tocantins
Divulgação/PCTO
Os cachorros resgatados pela Polícia Civil em Paraíso do Tocantins foram encontrados em uma casa com sujeira, fezes e urina, segundo o delegado responsável pela investigação do caso. A polícia disse que um animal morreu e os outros dois se alimentaram dele para sobreviver. Um casal foi indiciado e responde pelo crime de maus-tratos.
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Segundo o delegado José Lucas Melo, o casal viajou para visitar familiares, mas a viagem acabou se estendendo por mais tempo do que o previsto. As investigações confirmaram que eles passaram pelo menos três dias fora.
“Pode ser que esse lapso tenha sido até de sete [dias]. Não deu para a gente comprovar, porque o corpo do animal estava praticamente só os ossos. O perito não podia atestar se aquilo ali era em razão do tempo ou dos animais que se alimentaram dele. Os outros dois estavam vivos, bem debilitados”, explicou.
A polícia recebeu a denúncia anônima sobre o caso por telefone, no dia 29 de abril. No mesmo dia, os policiais foram até o local indicado e localizaram os cachorros. Conforme o delegado, a casa tinha uma área externa grande, mas havia muita sujeira.
“É uma casa com uma área externa grande. É uma casa que aparentemente é de classe média. Na área externa onde os animais estavam, porque estavam trancados do lado de fora da casa, era evidente o estado de sujeira, de fezes, urina. Eles estavam ali há alguns dias”.
O inquérito foi finalizado na última sexta-feira (23) e encaminhado para o Poder Judiciário. O casal responde pelo crime de maus-tratos qualificado, pois um dos cães morreu. Se condenados, os dois podem cumprir pena máxima de seis anos e oito meses de prisão.
Os nomes dos investigados não foram divulgados, por isso o g1 não conseguiu contato com a defesa deles.
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Casal não pediu ajuda para cuidar dos cães
O delegado explicou que no dia em que os cães foram encontrados a mulher de 49 anos e o homem, de 45, não estavam na casa e por isso não houve prisão em flagrante. Posteriormente, eles foram à delegacia depor sobre o caso.
Durante interrogatório, eles confirmaram a situação e alegaram arrependimento. Nenhum dos dois explicou por que outra pessoa não foi chamada para cuidar dos animais na ausência deles.
“Nenhum dos dois explicou, simplesmente falaram que não pediram ajuda. Nenhum vizinho, nenhum familiar, simplesmente não fizeram. Também foi questionado se quando eles perceberam que a viagem iria demorar um pouco mais, por que não entraram em contato com alguém por telefone. Sem nenhuma explicação”, contou o delegado.
Como estão os animais resgatados
Cachorrinha Pequena à esquerda e Jhodi à direita
Arte g1/Divulgação/Adriane Alves
No dia do resgate, a vigilância sanitária de Paraíso do Tocantins recebeu os cachorros e realizou teste para calazar, que deu negativo. Depois, os dois cães foram levados para uma ONG de animais na cidade.
Segundo a protetora da ONG Patinha Solidária, Adriane Alves, um dos cães resgatados é macho e recebeu o nome de Jhodi, e a outra é uma fêmea chamada de Pequena. Os dois ainda não estão disponíveis para adoção.
A Pequena está em tratamento contra a doença de carrapato e Jhodi foi castrado. Adriana contou que, se tivesse levado mais tempo para resgatar os animais, a cadelinha não tinha sobrevivido.
“A pequena chegou muito desnutrida, olhos arregalados e barriga muito grande. Já melhorou bastante, do jeito que ela chegou. Na verdade, se eles [policiais] não tivessem entrado na casa, ela não teria resistido nem mais um dia, pelo jeito que ela estava. O maior [Jhodi] chegou com início de desnutrição, aguardamos ele se recuperasse e depois o veterinário o castrou”.
Ao viajar, indique um responsável
O delegado ressalta que, na ausência dos tutores, é necessário que alguém fique responsável pelos cuidados básicos dos animais, como alimentação e hidratação.
“Nesses casos devem garantir que familiares ou mesmo vizinhos fiquem encarregados de fornecer alimentação, água e cuidados básicos aos animais pelo período de ausência dos tutores, a fim de evitar situações extremas como neste caso”, disse.
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