Stalker que enviou 1.300 mensagens e fez 500 ligações para médico em um só dia é condenada a 10 anos de prisão; decisão cabe recurso


Kawara Welch Ramos de Medeiros foi condenada a prisão domiciliar pelos crimes de stalking, roubo e desobediência de decisão judicial por perseguir médico no Triângulo Mineiro, entre 2020 e 2023. A avó dela também foi condenada por roubo. Defesa contesta a decisão judicial. Kawara Welch foi condenada por perseguir um médico de Ituiutaba ao longo de três anos.
Redes Sociais/Reprodução
A Justiça condenou Kawara Welch Ramos de Medeiros a 10 anos, 7 meses e 2 dias de reclusão em prisão domiciliar pelos crimes de stalking, roubo e desobediência de decisão judicial. A artista plástica foi acusada por perseguir um médico em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, entre os anos de 2020 e 2023. Segundo a vítima, em apenas um dia, Kawara chegou a passar 1.300 mensagens e a fazer 500 ligações para o telefone dele. A sentença é em 1ª instância e cabe recurso.
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Kawara foi presa em 8 de maio de 2024, na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia. Ela recebeu o alvará de soltura em 20 de maio de 2025, após pouco mais de um ano presa.
Dalva Pereira Ramos, avó de Kawara, também respondia ao processo e foi condenada a 6 anos e 8 meses de prisão pelo crime de roubo. Ela vai cumprir a pena em liberdade.
Na sentença assinada pelo juiz André Luiz Riginel, o médico, a esposa e o filho dele foram reconhecidos como vítimas das rés. O magistrado ainda determinou que avó e neta paguem uma indenização no valor de R$ 33.500 por danos morais e materiais à família.
O g1 procurou a defesa de Kawara e Dalva. O atual advogado, Rogério Inácio, classificou a decisão como “pobre e completamente afastada da verdade” e afirmou que fotos, vídeos e áudios mostram que a jovem é a vítima, não a vilã. Leia íntegra abaixo.
Condenada pelos crimes de stalking, roubo e desobediência
A decisão judicial considerou a perseguição denunciada pelo médico que durou três anos. Kawara vigiava as vítimas em frente à casa da família, as expunha nas redes sociais e utilizava recursos tecnológicos para monitorá-las. Pelo stalking, a pena foi de 3 anos e 10 meses, considerando o crime cometido contra as três vítimas.
A maior pena, de 6 anos e 8 meses, foi aplicada pelo roubo das chaves do carro e do celular da esposa do médico com uso de violência. A avó de Kawara também foi condenada por esse crime. A defesa das rés alega que imagens comprovam que o aparelho da vítima não foi levado.
Por descumprir medidas cautelares que a obrigavam a manter distância do médico e da família dele, Kawara foi condenada a mais 16 dias de prisão.
Kawara enviou mais de mil mensagens no mesmo dia para o médico.
Reprodução/Globo
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O que diz a defesa sobre a condenação
Ao g1, o atual advogado de defesa, Rogério Inácio, disse que “A decisão é pobre e completamente afastada da verdade demonstrada em fotos, vídeos e áudios que revelam toda a farsa edificada para transformar a real vítima em algo que atendesse às demandas interessadas. Atualmente, são raros os exemplos de juízes que repelem acusações infundadas ou pautadas em mentiras ou distorções.”
Stalker enviou mais de mil mensagens em um único dia à vítima
Segundo o médico, ele conheceu Kawara em 2018, quando a atendeu apresentando sintomas de depressão. Depois de outros dois atendimentos, a mulher procurou a clínica onde o médico trabalha e o stalking começou a ganhar força.
Em entrevista ao Fantástico, o médico contou que chegou a registrar 42 boletins de ocorrência contra Kawara, que constantemente enviava fotos perturbadoras, com lençóis e cordas amarrados no pescoço, além de mandar mensagens se despedindo dele.
“Ela chegou a me passar 1.300 mensagens em um dia. E mais de 500 ligações num único dia. Eu troquei de número de celular umas três ou quatro vezes, mas parei de trocar porque vi que era totalmente inútil. Ela tinha uma facilidade incrível em achar meu número novo”, afirmou o médico.
De acordo com o advogado da acusada na época da entrevista ao programa Fantástico, Jean Fillipe Alves, existem provas de que a mulher e o médico tiveram um relacionamento, que foi descoberto pela esposa dele. “Temos um arcabouço de provas que mostra a evidente relação dos dois. Ela não consegue ficar longe dele porque ele sempre vai atrás dela, dizendo que a ama e colocando a família como impedimento para eles ficarem juntos”, disse o advogado.
No entanto, a vítima negou qualquer relação entre eles e a Polícia Civil também concluiu que não havia relacionamento amoroso entre os dois. “Nós acreditamos não houve esse relacionamento. E, mesmo se houvesse, não justifica de forma alguma esse tipo de ação, esse tipo de conduta da Kawara”, afirmou o delegado Rafael Faria.
Ainda conforme o médico, Kawara tentou ser atendida por ele na clínica, mas o médico pediu à direção do hospital para que outro profissional a atendesse. Com isso, as ameaças aumentaram.
Nas mensagens, a suspeita dizia que iria contar para a família do médico sobre o relacionamento que eles tinham, além de ligar constantemente para a mulher e o filho de 8 anos do casal.
Não satisfeita em enviar mais de mil mensagens diárias à vítima, Kawara começou a persegui-lo nas ruas. Em 2022, a mulher invadiu o consultório onde uma paciente era atendida e houve troca de agressões com a esposa dele.
Um ano depois, mais um ataque ocorreu no mesmo local, com xingamentos e acusação de roubo, o que gerou mais um registro de ocorrência. Na época, a suspeita foi presa, mas ficou apenas uma semana na prisão, sendo liberada após pagar fiança de R$ 3,5 mil. Desde então, ela passou a responder ao processo em liberdade.
Após o episódio, a mulher fugiu, mas continuou com as ameaças e ligações insistentes para a vítima.
Em março de 2023, a Justiça determinou a prisão preventiva dela por voltar a descumprir as medidas cautelares. Kawara ficou mais de um ano foragida até ser presa no início de maio, em uma faculdade em Uberlândia, onde estudava Nutrição.
“A defesa nunca teve a oportunidade de se explicar de maneira devida. Em outra oportunidade foi determinado que houvesse uma acariação onde eles fossem colocados cara a cara, o que nunca aconteceu. A própria Kawara disse que prefere ficar presa do que prejudicar o médico e por isso resguarda muitas provas contra ele”, afirmou na época o advogado de Kawara.
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