Morre Marcos Azambuja, um dos grandes nomes da diplomacia brasileira


Carioca de nascimento, Marcos Azambuja rodou o mundo representando o Brasil. Foi embaixador na França e na Argentina. Chefiou a delegação brasileira para desarmamento e direitos humanos em Genebra, na Suíça. Na década de 1990, foi secretário-geral do Itamaraty. Morre, aos 90 anos, o embaixador Marcos Azambuja
Reprodução/TV Globo
Morreu na quarta-feira (28) no Rio, aos 90 anos, o embaixador Marcos Azambuja. Um dos nomes mais importantes da diplomacia brasileira.
Referência para várias gerações de diplomatas. Ao longo de quase 50 anos de carreira, Marcos Azambuja foi um dos nomes mais importantes da história do Itamaraty.
“Marcos Azambuja foi um diplomata completo, que não só atuava na área bilateral como multilateral que muitas vezes requer a diplomacia parlamentar, requer outros talentos além dos normais de um diplomata de carreira”, diz o ex-embaixador, Luiz Augusto de Castro Neves.
Carioca de nascimento, Marcos Azambuja rodou o mundo representando o Brasil. Foi embaixador na França e na Argentina. Chefiou a delegação brasileira para desarmamento e direitos humanos em Genebra, na Suíça. Na década de 1990, foi secretário-geral do Itamaraty.
“A diplomacia começa com palavras usadas com cuidado. diplomacia é a rigor, como não há força, como não há poder como armas, a palavra é tudo. usar as palavras com sobriedade e sabedoria”, comentou Marcos Azambuja durante uma entrevista em 2019.
Uma das missões mais importantes de Marcos Azambuja foi a de coordenar a Rio-92. A conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento foi o maior encontro da história das Nações Unidas até então. Todos os documentos aprovados, inclusive a convenção do clima, que abriu caminho para as negociações climáticas que vêm acontecendo nos últimos 33 anos, passaram por Marcos Azambuja.
Foi a primeira vez que se ouviu falar em desenvolvimento sustentável.
“O rio cimentou no mundo a percepção de que somos uma sociedade só, um planeta só, frágeis, e que temos que trabalhar juntos sem pânico e sem aquela ideia de que empurrando com a barriga vai dar. Não vai dar”, ressaltou Azambuja durante entrevista gravada em 2022.
Azambuja fez parte do conselho curador da Fundação Roberto Marinho. Era conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, o CEBRI. O humor foi outro traço marcante de Marcos Azambuja, que impressionava pela cultura, simplicidade e a destreza com que sempre defendeu os interesses do Brasil em diferentes momentos da história.
“E assim de improviso como quem não quer nada ele dizia coisas tão espirituosas, originais que você gostaria de colocar em um livro, se sentia mais inteligente. Ele foi realmente o diplomata dos diplomatas. Não é apenas um a mais que se vai, mas um pedaço da história diplomática do Brasil”, afirma o ex-embaixador e ex-ministro, Rubens Ricupero.
“Era um homem de grande inteligência, sentido político, senso de humor e mais do que tudo um grande patriota, um grande brasileiro”, afirma o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
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