Imagine um algoritmo que, ao analisar seus filmes favoritos, tentasse estimar seu nível de inteligência. Parece ficção científica? Foi exatamente isso que um estudo recente, alimentado por inteligência artificial (IA), se propôs a investigar.
Mergulhando em um oceano de dados – milhares de opiniões, rankings e críticas de plataformas como IMDb e Reddit – os pesquisadores buscaram padrões que conectassem o coeficiente intelectual (QI) médio dos espectadores com suas preferências cinematográficas. Os resultados, como você pode imaginar, são complexos e acenderam um intenso debate.
O Método da Máquina: Mais do que Gosto, Como se Fala sobre Ele
A inteligência artificial usada não era uma “caixa preta” mágica. Ela foi treinada para examinar como as pessoas discutem filmes online. O foco principal foi a linguagem: a riqueza do vocabulário, a complexidade das frases, a profundidade da análise e a capacidade de argumentação apresentada nos comentários e críticas.
Com base nesses padrões linguísticos, o algoritmo tentou inferir um QI médio associado aos fãs de determinados títulos. É crucial entender: a IA não mediu o QI real das pessoas, mas sim padrões de linguagem que estudos anteriores correlacionaram com diferentes níveis de habilidade cognitiva.
Os Filmes que Emergiram nos Extremos
A análise apontou para algumas tendências marcantes. Filmes frequentemente citados por usuários cujos padrões linguísticos foram associados a um QI inferior pela IA incluem:
Transformers (principalmente as sequências dirigidas por Michael Bay): Citados pela ênfase em efeitos visuais espetaculares e narrativa linear focada em ação.
Velozes e Furiosos (a saga completa, com destaque para os filmes mais recentes): Reconhecidos pela fórmula repetitiva de ação, amizade e família, com enredos menos complexos.
Gente Grande (com Adam Sandler): Representante da comédia física e de situações previsíveis.
Crepúsculo e sua série de sequências: Notados pelos temas românticos melodramáticos e estrutura narrativa simples.
Segurança de Shopping: Exemplo de comédia pastelão com situações absurdas.
O que esses filmes frequentemente compartilham? São produções altamente comerciais, construídas sobre fórmulas conhecidas (ação intensa, romance idealizado, comédia física), com desenvolvimento de personagens mais direto e poucas camadas narrativas exigentes. A prioridade é o entretenimento imediato e fácil.
No outro extremo, filmes associados pela IA a padrões linguísticos correlacionados com um QI superior incluíram:
A Origem: Complexidade narrativa, múltiplas camadas de realidade e temas filosóficos.
O Poderoso Chefão: Narrativa densa, desenvolvimento psicológico profundo dos personagens e crítica social.
2001: Uma Odisseia no Espaço: Abstração, simbolismo forte e ritmo deliberado que exige interpretação ativa.
Parasita: Sátira social afiada, estrutura narrativa intricada e reviravoltas que desafiam expectativas.
Estes filmes tendem a apresentar tramas não lineares, personagens com motivações ambíguas, temas sociais ou filosóficos subjacentes e uma construção que frequentemente demanda mais reflexão e interpretação por parte do espectador.
Correlação não é Causa (e Muito Menos Sentença)
Aqui reside o ponto mais crucial e polêmico. O estudo não afirma que gostar de “Transformers” torna alguém menos inteligente. Essa é uma interpretação perigosa e simplista. O que a IA identificou foi uma correlação entre um certo tipo de expressão online sobre filmes específicos e padrões linguísticos associados a escores de QI. A chave está na forma como as pessoas articulam suas opiniões sobre esses filmes.
Os comentários sobre filmes como “Velozes e Furiosos” ou “Gente Grande”, dentro da amostra analisada, frequentemente eram curtos e diretos: “Muita ação!”, “Explosões incríveis!”, “Muito engraçado!”. Em contraste, as discussões sobre “2001” ou “Parasita” frequentemente apresentavam análises mais longas, comparações com outros filmes ou obras literárias, interpretações de símbolos e discussões sobre temas sociais subjacentes. A IA detectou essa diferença no estilo de comunicação.
Fatores Além do “QI”: O Contexto que a IA Não Vê
Atribuir preferências cinematográficas apenas a um suposto nível de inteligência ignora uma miríade de outros fatores poderosos:
O Objetivo do Entretenimento: Muitas vezes buscamos filmes justamente para relaxar e “desligar” o cérebro. Um filme de ação cheio de explosões ou uma comédia leve cumprem perfeitamente esse papel, independente do QI do espectador. Não é falta de capacidade, é necessidade de descompressão.
Contexto Cultural e Social: O acesso à educação, o hábito de leitura, o ambiente familiar e os círculos sociais moldam profundamente nossos gostos. Alguém criado em um ambiente onde cinema de arte é valorizado terá mais exposição e familiaridade com esse tipo de filme.
Fase da Vida e Identificação: “Crepúsculo” foi um fenômeno massivo entre adolescentes, não por falta de inteligência, mas por ressoar com questões emocionais e de identidade típicas da idade. O apelo era emocional, não necessariamente intelectual.
Acesso e Exposição: Nem todos têm o mesmo acesso a uma ampla variedade de filmes, especialmente produções internacionais ou de nicho. O que chega aos cinemas multiplex ou às plataformas de streaming mais populares influencia fortemente as escolhas.
A Busca por Comunidade: Gostar de filmes populares como a saga “Velozes e Furiosos” cria um senso de pertencimento e facilita a conversa com um grande número de pessoas. É um fenômeno social.
A Simplicidade como Virtude: Narrativas diretas e emocionalmente claras podem ser profundamente satisfatórias e artisticamente válidas por si só. Complexidade não é sinônimo inquestionável de qualidade.
O estudo com inteligência artificial oferece um olhar fascinante sobre padrões de comportamento e expressão online relacionados ao consumo de cinema. Revela tendências na forma como certos grupos discutem seus filmes favoritos em fóruns públicos.
No entanto, ele não é – e nem poderia ser – um juiz da inteligência individual. Nossas escolhas de entretenimento são um mosaico complexo formado por humor, cansaço, contexto social, acesso cultural, fase de vida e o simples desejo de sentir uma emoção específica naquele momento.
Gostar de uma comédia pastelão ou de um blockbuster cheio de efeitos não é um atestado de capacidade cognitiva, assim como preferir um drama denso não garante um QI elevado. O fascínio real está em entender essa diversidade de motivações que nos levam à frente da tela.
Esse O tipo de filme que pessoas com QI mais baixo escolhem, de acordo com a inteligência artificial foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.
