Obras das fragatas Tamandaré enfrentam risco de paralisação por falta de repasse federal

O futuro do Programa Fragatas Classe Tamandaré, considerado um dos pilares da modernização da Marinha do Brasil, encontra-se ameaçado devido à ausência de um aporte de R$ 3 bilhões por parte do governo federal. A falta de repasse pode resultar na paralisação das obras no estaleiro thyssenkrupp Brasil Sul, em Itajaí (SC), e na demissão de cerca de 2 mil trabalhadores diretos até dezembro deste ano.

Em agosto de 2024, durante visita ao estaleiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a liberação dos recursos para garantir a continuidade do projeto. No entanto, até o momento, o montante não foi efetivado, gerando apreensão entre as lideranças locais e os profissionais envolvidos na construção das embarcações.

“Sem o aporte, 2 mil pessoas estarão automaticamente desempregadas em dezembro”, alertou Gabriela Kelm, secretária de Desenvolvimento Econômico de Itajaí. Ela relatou ter sido impedida de participar de um evento recente com o presidente Lula, onde buscava discutir a situação das fragatas diretamente com representantes do governo federal.

O Programa Fragatas Classe Tamandaré prevê a construção de quatro navios de alta tecnologia, com investimento total estimado em R$ 9,5 bilhões. A iniciativa é conduzida pelo consórcio Águas Azuis, formado pela thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa & Segurança e Atech, sob a gestão da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON). O projeto já gerou aproximadamente 8 mil empregos, sendo 2 mil diretos e 6 mil indiretos, e movimenta uma cadeia produtiva com mais de 1.000 fornecedores em todo o Brasil.

As fragatas da classe Tamandaré são embarcações de 107 metros de comprimento, com deslocamento de 3.500 toneladas e capacidade para operar com 130 tripulantes. Equipadas com modernos sistemas de combate, incluindo canhões, mísseis, torpedos e sensores avançados, os navios têm como objetivo reforçar a presença da Marinha na proteção da “Amazônia Azul”, área marítima de mais de 5,7 milhões de km² sob jurisdição brasileira.

A primeira fragata, denominada “Tamandaré” F200, foi lançada ao mar em agosto de 2024 e tem entrega prevista para dezembro de 2025. As demais embarcações —  “Jerônimo de Albuquerque” F201,  “Cunha Moreira” F202 e  “Mariz e Barros” F203 — estão em diferentes estágios de construção, com entregas programadas até 2029.

O impasse atual coloca em risco não apenas os empregos gerados pelo programa, mas também o avanço tecnológico e a autonomia da indústria de defesa nacional. Lideranças locais e estaduais continuam pressionando o governo federal para que cumpra o compromisso assumido e libere os recursos necessários à continuidade das obras.

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