
O médico, político e produtor rural brasileiro Ronaldo Caiado, 75 anos, União Brasil, conseguiu, enquanto governador reeleito do seu Estado, fazer de Goiás uma ilha de excelência em educação, em segurança pública e em outros indicadores públicos e sociais.
Diante disso, Ronaldo Caiado está certo e seguro de que se os brasileiros lhe derem uma chance em 2026, elegendo-o presidente da República, ele replicará este modelo e muito mais sobre o Brasil inteiro a partir de janeiro de 2027.
Desde o mês de abril Caiado lançou, com os devidos cuidados que a legislação eleitoral exige, a sua pré-candidatura a presidente da República e está arrastando asas sobre todo o território nacional, a dizer do que fez por Goiás, mostrando o que ele acha estar errado no Brasil e sobretudo batendo tambores para o que pretende fazer se chegar a posto número um da gestão nacional.
E neste capítulo, são muitas as pretensões dele. Médico com especialização até na França, Caiado assume no discurso um tom solene de respeito à ciência, às pesquisas e aos poderes da tecnologia como aliadas cabais da eliminação do suposto atraso brasileiro.
Logo, ele joga fora o cabresto do negacionismo, muito caro a boa parte da direita nacional brasileira, sobretudo aquela que segue o riscado do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, um homem raso e na maioria das vezes truculento.

Caiado não engole, por exemplo, a pequenez do PIB industrial do Brasil. “O nosso PIB industrial deixa a desejar, porque não teve nenhuma política no sentido de fazer com que houvesse no país um fomento tecnológico e de inovação”, avisa.
“Cometeram um grave crime com o Brasil: não se apoiou talentos, não se apoiou a ciência e nem o desenvolvimento tecnológico do país. A indústria padece com uma ausência de pesquisadores, de uma ausência de estrutura de Governo – temos um Governo que acha que ciência e tecnologia são coisas secundárias. Não são. Somos um país que não soube evoluir”, acusa.
Caiado levanta a voz e fala grosso quando visualiza o vicejar do crime organizado no Brasil. “Até hoje todo mundo fechou os olhos para isso, e o crime organizado é um atentado direto ao Estado Democrático de Direito. Poucos homens no Brasil hoje têm a coragem de enfrentar a musculatura de um PCC e de um Comando Vermelho. Hoje eles estão integrando poderes da República, poderes estaduais e detêm cargos com mandatos eletivos. Esta é uma realidade, mas comigo vai ser diferente”, promete.
E conclui, também com alta convicção, que o Brasil cansou de Lula e do modo de ele governar. “De Luiz Inácio Lula da Silva os brasileiros não podem esperar mais nada. Ele tem um Governo que não deu certo.O Governo dele já tem dois anos e seis meses. Acabou o prazo de validade do Governo do Lula. Não deu certo e não se tem como agora fazer um milagre até o ano que vem”, diz.
Ronaldo Caiado está nesta de pré-candidato a presidente, mas sem arroubos ou imposições. Ao contrário: tem os pés bem plantados no chão. “Hoje eu tenho o compromisso do meu partido, o União Brasil, de que o governador Ronaldo Caiado, atingindo 10% de intenção de votos na pesquisa, será candidato na convenção com a unidade do partido, que é maior do Brasil”, enuncia.
Nessa ausência de imposição, primeiro de tudo, ele admite, como representante de um extrato de direita, que a vez e a prioridade em 2026 ainda serão de Jair Bolsonaro. “Isso daí já é um entendimento que nós temos: se ele for pré-candidato, todos os demais pré-candidatos desta linha vão abrir mão de suas pretensões. Agora, em não sendo ele, todos os outros estão em condições de se apresentar”, diz.
Segundo, Caiado é consciente ao ponto de achar que, apesar dos seus 40 anos de vida pública e de ação política, não é um pleno conhecido dos brasileiros na extensão continental do Brasil.
“A compreensão é a de que parte da sociedade brasileira não me conhece e que preciso por ela ser conhecido”, diz. E o que o senhor fará para isso? “Farei o que estou fazendo em Sergipe hoje: falando com setores organizados, dando entrevistas para rádios, TVs e portais como este seu aqui”, diz.
Ronaldo Ramos Caiado nasceu no 25 de setembro de 1949 em Anápolis, Goiás. Ele é filho de Edenval Ramos Caiado e de Maria Xavier Caiado.
Caiado é casado Maria das Graças Landim Carvalho Caiado, a Gracinha, uma produtora rural e advogada graduada pela Universidade Federal da Bahia.
Gracinha é baiana de Feira de Santana, filha da figura bem postada ,Décio Carvalho, já falecido, e um dos pecuaristas fundadores da Cooperfeira, grande organização frigorífica da segunda maior cidade da Bahia.
Ronaldo Caiado tem quatro filhos. Anna Vitória, de 46 anos, e Ronaldo Caiado Filho, falecido aos 40 anos – ambos do primeiro casamento. E Maria, 34, e Marcela, 33, filhas dele com Gracinha – uma mulher que ele acha que lhe arrebatou o coração e que conquistou a simpatia dos goianos.
Para Caiado, Gracinha se elegerá senadora folgadamente no ano que vem – ela preside o Comitê Social do Estado de Goiás, responsável pelo espinha dorsal da assistência social dali.
Ronaldo Caiado é formado em Medicina desde 1974 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem mestrado em Medicina de 1979 pela própria UFRJ,
Fez residência médica no Hospital Miguel Couto, no Rio de Janeiro, em 1974, e especializou-se no Serviço de Cirurgia Ortopédica e Traumatológica do Professor Roy Camille da Faculté de Médecine Pitié-Salpêtrière, em Paris, França, em 1978.
Caiado fundou e presidiu a barulhenta da União Democrática Ruralista – UDR – nos anos 1980, disputou a Presidência da República em 1989, está governador reeleito de Goiás e já foi deputado federal e senador.
“Não serei presidente de ficar alimentando cizânia, ódio e desgaste. Vamos é fomentar o que é educação de qualidade e o emprego. Vou pensar na ideia talvez de não ser mais o primeiro emprego e sim o primeiro empreendedor. Vou pensar em ter uma saúde de qualidade pro povo brasileiro. Em ter obras de qualidade”, diz.
Independentemente de ideologias, a Entrevista Domingueira com Ronaldo Caiado traz um grande apelo à leitura. Ela foi possível para o Portal JLPolítica & Negócio graças a ação mediadora do empresário Victor Rollemberg, presidente do Lide Sergipe, responsável exclusivo pela vinda de Ronaldo Caiado ao Estado de Sergipe
Foi realizada no dia 24 de maio, durante passagem dele por Aracaju e o Portal agradece o auxílio luxuoso do jornalista Dyego Spíndola, da Secom de Governo do Goiás.
Ronaldo Caiado: de um mandado de oito anos no Senado, cumpriu quatro e partiu pro Governo de Goiás, eleito em 2018
JLPolítica & Negócio – Está devidamente sacramentada a decisão de que o senhor disputará a Presidência da República no ano que vem?
Ronaldo Caiado – Hoje eu tenho o compromisso do meu partido, o União Brasil, de que o governador Ronaldo Caiado, atingindo 10% de intenção de votos na pesquisa, será candidato na convenção com a unidade do partido, que é maior do Brasil. Mas só se consagra uma candidatura na convenção partidária. No momento em que estamos, a legislação eleitoral nos impõe regras claras. Ou seja: que façamos uma pré-campanha no sentido de que possamos levar pensamentos, ideias, propostas e debater o momento político nacional e, sem dúvida alguma, o resto será uma decisão partidária.JLPolítica & Negócio – O União Brasil teria um outro nome a apresentar ao Brasil?
RC – Não devemos falar apenas em União Brasil. Hoje nós somos a União Progressista Brasil, em que temos o PP e o União Brasil, somos 109 deputados federais e nos tornamos o maior partido do país. Se outros quiserem também postular a disputa pela Presidência da República, isso é liberado. Não temos entre nós reserva de mercado para ninguém.JLPolítica & Negócio – Mas o senhor fará isso em nome de que projeto de Brasil?
RC – Farei isso exatamente em nome daquilo tudo que hoje eu posso demonstrar que, diante de todos os problemas nacionais, administro um Estado que tem o primeiro lugar nacional no Ideb – é a melhor educação do Brasil. Devo ser também o primeiro lugar em alfabetização na idade certa. Em segurança, sou o primeiro lugar há bastante tempo. Somos também o primeiro lugar em transparência nos dados públicos pela Associação Brasileira dos Tribunais de Contas da União. Sou, ao mesmo tempo, o Estado que tem apenas 17% da população no Cadastro Único da pobreza e da extrema pobreza. E veja bem que tem um ponto mais importante aí, que não é somente o do combate à violência, mas o do equilíbrio fiscal.

| Foto: Reprodução/JL Política e Negócios
JLPolítica & Negócio – E o que isso significa?
RC – Equilíbrio fiscal significa tirar o Brasil desta situação em que estamos vivendo, com inflação de quase 15% anual e um cancelamento de investimentos por todos os lados e que ninguém suporta. E ninguém sobrevive a um país assim – inclusive está aí polemizado a medida do Governo para cobrar mais IOF da população. Então é com esta proposta de governar o país que eu virei: exatamente propondo desenvolvimento e resultado na renda das pessoas.JLPolítica & Negócio – Quais são os indícios de que o senhor pode aplacar a dicotomia maniqueísta entre direita e esquerda que vicejou no Brasil desde 2010 e se agravou de 2018 para cá?
RC – Eu chegando ao Governo, o primeiro ato meu vai ser anistiar o 8 de janeiro. Vai ser o ato de acabar com isso, e de poder trabalhar no sentido de ser proativo como presidente da República. Não serei presidente de ficar alimentando cizânia, ódio e desgaste. Vamos é fomentar o que é educação de qualidade e o emprego. Vou pensar na ideia talvez de não ser mais o primeiro emprego e sim o primeiro empreendedor. Vou pensar em ter uma saúde de qualidade pro povo brasileiro. Em ter obras de qualidade. Veja que coisa: vocês sergipanos estão há 50 anos sonhando com o Canal de Xingó, com a duplicação das BRs-101 e 235. Enfim, vamos dar andamento dessas obras que ficam só no discurso do Governo Federal.JLPolítica & Negócio – Qual seria, no sentido político, a sua maneira de governar?
RC – Aminha maneira de governar seria ao lado dos governadores e dos prefeitos do Brasil. Ouvindo-os e decidindo com eles.

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JLPolítica & Negócio – O que o Brasil e os brasileiros ainda podem esperar de Luiz Inácio Lula da Silva e um quarto Governo dele?
RC – De Luiz Inácio Lula da Silva os brasileiros não podem esperar mais nada. Ele tem um Governo que não deu certo.A pessoa tem que entender que quando não deu certo, já não pode fazer mais nada. O Governo dele já tem dois anos e seis meses. Acabou o prazo de validade do Governo do Lula. É um Governo que não deu certo e não se tem como agora fazer um milagre até o ano que vem. Nós estamos às vésperas de uma eleição com inflação alta, cesta básica cara, escândalo do INSS roubando dinheiro de aposentado e de trabalhador rural de quem eles diziam ser os defensores. Como é que uma Contag hoje pode falar em nome de trabalhador rural, se só eles assaltaram R$ 4,5 bilhões do bolso do pobre coitado do aposentado rural? Esse Governo não tem mais como ter discurso. Acabou. Não deu certo até agora, não vai dar mais. Não tem como. Até porque a incidência de escândalos e de má gestão têm sido continuada. Eles não param de acusar danos à imagem deles mesmo no Governo.JLPolítica & Negócio – O senhor acha que o Brasil tem calibre para aguentar mais quanto tempo de discursos e governos identitários, pensadores de políticas para castas em vez de políticas difusas e abertas para todos?
RC – Eu tinha um velho professor que dizia que operar no papel é muito bom. Discurso e plano de governo no papel são muito bonitos. É igual a operar no papel: doente não infecciona, não tem problema, não vai pra UTI. Na hora que você vai governar o país, precisa de uma coisa só: a figura de quem é capaz de governar. A população brasileira quis dar uma chance pro Lula. Ele veio com crédito e lhe deram a terceira. E não deu certo. Pronto: o que é preciso num momento de crise grave como esta? Uma pessoa que tenha estatura moral e ao mesmo tempo intelectual para poder levar a renda aos brasileiros, aumentando qualidade de vida, o IDH, com salários e gerando oportunidades que as pessoas querem e precisam ter em suas vidas – as oportunidades de empreendedores. Este é o caminho.JLPolítica & Negócio – Seria uma visão reducionista e preconceituosa a que rotulasse o senhor como um presidente do agronegócio por ter um pé nesta atividade e por vir do centro-oeste, um grande produtor?
RC – Se se dissesse isso há 40 anos, quando eu comecei esta luta lá pela UDR, quando eu vestia a camisa verde e amarela do produtor rural num instante em que ninguém tinha coragem de vesti-la e só prevalecia a camisa do Che Guevara, já não tinha lógica. Mas hoje muito mais. Hoje o Brasil todo sabe que o Brasil que deu certo foi catapultado pela agropecuária brasileira, que salva a balança comercial nacional e que salva a economia brasileira. Para mim hoje dizer que o Caiado representa o agronegócio é uma honra, porque eu o represento abertamente desde 1986. É uma honra enorme e eu não abro mão disso.

As condições para ser candidato
“Hoje eu tenho o compromisso do meu partido, o União Brasil, de que o governador Ronaldo Caiado, atingindo 10% de intenção de votos na pesquisa, será candidato na convenção com a unidade do partido, que é a maior do Brasil”
JLPolítica & Negócio – Mas não seria um reducionismo?
RC – Sim, seria. E seria porque eu sou, com muito orgulho, um produtor rural, mas também sou um médico, sou um cirurgião, sou ex-deputado federal, ex-senador e sou governador reeleito de um grande Estado brasileiro e que muito faço por ele. Todos vão ver que em política social o meu Estado é um exemplo copiado até pelo Governo Federal. O Lula botou o nome de Pé de Meia num Programa que chamamos lá no Goiás de Bolsa de Estudo desde 2021. Uma cópia do nosso. Hoje tenho uma capacidade de identificar aluno por aluno dentro da minha grade curricular e saber como ele está em cada matéria e qual é a nota dele. São 954 colégios e cerca de 500 mil alunos. Repito: tenho hoje a melhor segurança pública do país. Somos hoje o único Estado que tem uma legislação que modulou a Inteligência Artificial no país. Eu tenho hoje no Goiás um Centro de Inteligência Artificial. Eu tenho curso de Inteligência Artificial na Universidade Federal do Goiás. Nós temos um hub nesta área de inovação e tecnologia. Temos hoje a agricultura mais produtiva por hectare do Brasil. Temos uma economia com produção de álcool, de etanol e vamos na produção de biometano, com todos os derivados. Estou a dizer que Goiás é um Estado que quando o recebi era Capag C indo para Capag D, e é um Estado que tem a maior liquidez, com R$ 15 bilhões em caixa, excelente capacidade de gestão nacional. Goiás tem gestão com seriedade, não roubando e nem deixando roubar.JLPolítica & Negócio – Com isto dá pra dizer que sua gestão é um bom portifólio?
RC – O que quero mostrar é que não sou que estou a dizer isso. São as pesquisas que falam e quando comparam com todos os Estados do Brasil, o governador de Goiás tem 86% de aprovação e apenas 9% de rejeição.JLPolítica & Negócio – O senhor pretende ser um herdeiro orgânico ou reformador do espólio bolsonarista?
RC – Olha, é preciso ser dito uma coisa: eu respeito a história política brasileira. Não estou aqui para fazer juízo de valor, mas tenho meu estilo próprio. É o estilo de Ronaldo Caiado. Eu tenho a minha autonomia de uma vida política e não sou um político encabrestado. Eu sou um político que tem opinião e posição política. Qual a tradução disso? É a de que, sendo eleito presidente da República, vou governar dentro daquilo que trago dos meus 40 anos de aprendizado da vida pública. E aí serei capaz de mostrar ao país que o que fiz dentro do Congresso Nacional e o que fiz no Governo de Goiás serei capaz de fazer no Governo do Brasil.

Pela anistia ao 8 de janeiro
“Eu chegando ao Governo, o primeiro ato meu vai ser anistiar o 8 de janeiro. Vai ser o ato de acabar com isso, e de poder trabalhar no sentido de ser proativo como presidente da República. Não serei presidente de ficar alimentando cizânia, ódio e desgaste”
JLPolítica & Negócio – O senhor será um candidato a presidente da República mesmo com Jair Bolsonaro liberado para a disputa?
RC – Não. Isso daí já é um entendimento que nós temos: se ele for pré-candidato, todos os demais pré-candidatos desta linha vão abrir mão de suas pretensões. Isto está mais do que claro. Agora, em não sendo ele, todos os outros estão em condições de se apresentar.JLPolítica & Negócio – Se o senhor fosse o presidente do Brasil durante a pandemia de Covid-19 quais teriam sido as suas principais providências adotadas ali?
RC – Teriam sido todas as providências que adotei no meu Estado de Goiás. Uma delas: fui o primeiro governador no país a implantar o isolamento social até que chegassem as vacinas e eu tivesse condições de atender às pessoas com médicos e UTIs. Preciso lembrar que a minha formação é de médico e tenho compromisso com a ciência e com a vida. Eu tenho a formação de cuidar de vidas e de salvar vidas. Essa é a minha vida. Eu não transijo com a ciência e a Medicina.JLPolítica & Negócio – Ainda sob a premissa do senhor como presidente, a vacina teria chegado cedo?
RC – Eu não diria que vacina teria chegado mais cedo, até porque ela foi desenvolvida em decorrência de um vírus novo sobre o qual ninguém tinha um protocolo para tratá-lo. Então eu não saberia dizer se ela chegaria mais cedo, até porque o mundo todo estava em busca dela e no momento em que ela esteve à venda, chegou ao Brasil.

“Acabou o prazo de validade do Governo do Lula”, declara Ronaldo Caiado
“De Luiz Inácio Lula da Silva os brasileiros não podem esperar mais nada. Ele tem um Governo que não deu certo. A pessoa tem que entender que quando não deu certo, já não pode fazer mais nada. O Governo dele já tem dois anos e seis meses. Acabou o prazo de validade do Governo do Lula”
JLPolítica & Negócio – O senhor diria que o Brasil pratica uma segurança pública populista e flácida?
RC – Eu diria que o Governo Federal atual é complacente com o narcotráfico, o que é uma extensão grave da violência pública.JLPolítica & Negócio – O gráfico que o senhor faz do domínio do crime organizado sobre a vida civil brasileira é algo chocante. Por que o país chego a tanto?
RC – Porque até hoje todo mundo fechou os olhos para isso, e o crime organizado é um atentado direto ao Estado Democrático de Direito. Poucos homens no Brasil hoje têm a coragem de enfrentar a musculatura de um PCC e de um Comando Vermelho. Hoje eles estão infiltrados dentro das profissões liberais. Estão hoje integrando poderes da República, poderes estaduais e detêm cargos com mandatos eletivos. Esta é uma realidade, mas comigo vai ser diferente. Temos de tratar os casos emergenciais nesta esferas, e esses a gente trata com coragem e com competência. São critérios para poder se resgatar o Brasil e a partir daí o país dar a volta por cima. Eu fiz isso no Estado de Goiás.JLPolítica & Negócio – Desde 1989, quando o senhor disputou a eleição presidencial que restituiu o ciclo das diretas no país, se fala em pacto federativo e em mais respeito aos Estados e aos municípios brasileiros. Que acolhida teria isso em sua plataforma de pré-candidato e até de presidente?
RC – Preciso repetir, sempre, que só acredito no modelo em que se respeite a pluralidade dos entes federados. Não se tem um Estado único no Brasil. Nós temos, e vivemos, um país federado, e como tal você tem que respeitar as identidades e as independências dos Estados. Não podemos cercear os estados e os municípios e nem fazê-los reféns de uma tutela concentradora de uma reforma tributária que passe a comandá-los de Brasília, e muito menos de uma emenda à constituição que concentre poderes de segurança pública nas mãos do Ministério da Justiça. Este é um projeto venezuelano. Não é um projeto republicano brasileiro e nem está pensando com os governadores e nem com os prefeitos do Brasil. Logo, não serve.

Goiás e a Política Social
“Todos vão ver que em política social o meu Estado é um exemplo copiado até pelo Governo Federal. O Lula botou o nome de Pé de Meia num Programa que chamamos lá no Goiás de Bolsa de Estudo desde 2021. Uma cópia do nosso. Goiás tem gestão com seriedade, não roubando e nem deixando roubar”
JLPolítica & Negócio – Voltemos a este tema. É lugar comum se dizer que o desenvolvimento social e econômico do Brasil passa pela Educação. Por uma boa Educação. Mas é também lugar comum não se fazer nada por esta área. O que o seu Governo faz por Goiás nesta área é bom e pode ser replicado sobre o Brasil?
RC – Com aquelas escolas e aquele quantitativo de alunos que já falei aqui, sou um governador que investiu R$ 8,5 bilhões na educação. Montei uma estrutura escolar em que a criança goiana tem orgulho de ir para a sala de aula. Eu só peço aos pais que a matriculem e a levem – todo o resto, eu faço chegar. Eu faço chegar todas as condições que precisam – alimentação correta, uniformes, tênis, mochila. Toda parte material e didática. Salas em boas condições, toda infraestrutura de informática, de química, física, de laboratórios para poder desenvolver o estudo. Não é que eu faça retórica da educação. Eu mostrei de vera como se faz educação e vem daí sermos o primeiro lugar no Brasil. E se Deus quiser, meteremos o primeiro lugar no ano que vem e ainda vamos aumentar a vantagem de pontos sobre o segundo lugar.JLPolítica & Negócio – O que é que o PIB industrial brasileiro, correspondente a menos 24% do total do PIB geral nacional, sinaliza para o seu futuro programa de pré-candidato e para o senhor como um eventual presidente?
RC – O nosso PIB industrial deixa a desejar, porque ele não teve nenhuma política no sentido de fazer com que houvesse no país um fomento tecnológico e de inovação. Cometeram um grave crime com o Brasil: não se apoiou talentos, não se apoiou a ciência e nem o desenvolvimento tecnológico do país. A indústria padece com uma ausência de pesquisadores, de uma ausência de estrutura de Governo – temos um Governo que acha que ciência e tecnologia são coisas secundárias. Não são. Somos um país que não soube evoluir. Há anos, éramos adiante da China, da Índia, e no entanto hoje o Brasil é o último lugar em todas as organizações das quais fazemos parte, seja o G20, seja o Brics.
Reserva de espaço para Bolsonaro
“Isso daí já é um entendimento que nós temos: se ele for pré-candidato, todos os demais pré-candidatos desta linha vão abrir mão de suas pretensões. Isto está mais do que claro. Agora, em não sendo ele, todos os outros estão em condições de se apresentar”
JLPolítica & Negócio – E por que o Brasil perdeu espaço?
RC – Porque ele não investe em talentos e as boas cabeças do Brasil foram para outros países. O Brasil não permitiu que o empresariado brasileiro contasse com a alavancagem para que fôssemos competitivos na dimensão que necessitamos. Veja se um país com a vocação agrícola do tamanho do Brasil produz algum trator brasileiro! Não. Conhecemos algum carro brasileiro produzido pelo Brasil? Na área de manufaturado, nós perdemos a guerra. Se perdermos a guerra na área de energia renovável, na qual somos competitivos e podemos bater os asiáticos, será o fim. Inteligência Artificial é outra área. Isso daí é a revolução do agora. O pra trás, nós já perdemos.JLPolítica & Negócio – O senhor acha que a baixa densidade demográfica do Centro-Oeste e do Norte do Brasil é um problema de Estado, e no que a correção disso pode produzir um desenvolvimento uniforme para do Brasil?
RC – É preciso incluir aí o Nordeste. E outra coisa: há, aqui, boa densidade demográfica, mas uma baixa renda per capta. Em Goiás, se tem mesmo uma baixa densidade demográfica pequena, mas há uma renda média superior à média nacional. Mas veja: se fizermos uma análise precisa da reforma tributária aprovada no Congresso veremos que ela não vai induzir melhora onde há uma baixa renda per capta e nem uma baixa densidade populacional. O modelo é a Índia? Eu fui lá: só tem três Estados deles que se desenvolveram. Os outros estão em miserabilidade e se mudando para os que se desenvolveram. O que eu quero é saber qual é o incentivo para se desenvolver o Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.

| Foto: Reprodução/JL Política e Negócios
Sobre o Narcotráfico
“Eu diria que o Governo Federal atual é complacente com o narcotráfico, o que é uma extensão grave da violência pública. Porque até hoje todo mundo fechou os olhos para isso, e o crime organizado é um atentado direto ao Estado Democrático de Direito. Poucos homens no Brasil hoje têm a coragem de enfrentar a musculatura de um PCC e de um Comando Vermelho. Mas comigo vai ser diferente”
JLPolítica & Negócio – Qual seria este incentivo?
RC – O incentivo seria você fazer uma modernização da cobrança do ICMS e poder respeitar as características regionais do país. Não pode se implantar um sistema em Goiás que vai servir ao Amapá, ao Rio Grande do Sul, a Sergipe ou ao Acre. São realidades distintas. Somos um país continental e precisa ser analisado pelo presidente com bom conhecimento de causa e não de forma empírica e muito menos na tese do achismo. Precisamos, para isso, da ciência, da pesquisa. Por que a agricultura brasileira é a maior do mundo? Porque tivemos os cientistas na Embrapa que construíram cultivares que são os mais desenvolvidos hoje, suportam temperaturas de 40 graus no Centro-Oeste e nos levam a produzir a maior safra de grãos do mundo.JLPolítica & Negócio – Qual é a compreensão que o senhor acha que a sociedade brasileira, nas cinco regiões, tem da sua pessoa pública?
RC – A compreensão é a de que parte da sociedade brasileira não me conhece e que preciso por ela ser conhecido.

Ação Proativa na Educação
“Montei uma estrutura escolar em que a criança goiana tem orgulho de ir para a sala de aula. Eu só peço aos pais que a matriculem e a levem – todo o resto, eu faço chegar. Eu faço chegar todas as condições que precisam – alimentação correta, uniformes, tênis, mochila. Toda parte material e didática”
JLPolítica & Negócio – E o que o senhor fará para isso?
RC – Farei o que estou fazendo em Sergipe hoje: falando com setores organizados, dando entrevistas para rádios, TVs e portais como este seu aqui.JLPolítica & Negócio – O que o senhor teria a dizer aos que, do Sul e do Sudeste, venham a lhe ver atravessadamente por não ser um candidato originário destas duas regiões?
RC – Eu acho que o Brasil já quebrou esse paradigma de se olhar diferentemente por ser desta ou daquela região – o Nordeste, por exemplo, já teve vários presidentes. Não creio possa haver rechaço a mim por ser do Centro-Oeste. Eu creio que o que o Brasil espera hoje de quem venha a lhe administrar no futuro seja competência. Integridade moral. O Brasil espera pessoas que tenham coragem de fazer. O (Winston) Churchill dizia que um homem pode ter todos os predicados na vida, mas se não tiver coragem, anula todos os outros. O que tem de ser feito agora em 2026 é o C de Caiado, que é o C de coragem. Muito fiz pelo Estado de Goiás e, se Deus permitir e o povo brasileiro me ajudar, muito mais farei pelo Brasil inteiro
Um PIB industrial que deixa a desejar
“O nosso PIB industrial deixa a desejar, porque ele não teve nenhuma política no sentido de fazer com que houvesse no país um fomento tecnológico e de inovação. Cometeram um grave crime com o Brasil: não se apoiou talentos, não se apoiou a ciência e nem o desenvolvimento tecnológico do país”
JLPolítica & Negócio – O senhor tem dupla ligação com a Bahia. Uma é geofísica, posto que seu Estado faz uma boa divisa com o território baiano. A outra é afetiva, através de Gracinha Carvalho, ou Caiado, sua esposa, uma feirense. A Bahia poderá ser sua porta de entrada para o Nordeste, na intenção de atenuar uma tendência majoritariamente petista desta região?
RC – De fato, a minha ligação com a Bahia é muito forte, até porque quando entrei para a vida pública quem abonou a minha ficha de filiação a um partido político, o PFL, foi Antônio Carlos Magalhães. Minha ligação com ACM, com Luiz Eduardo Magalhães e com a Bahia vem de longa data. E, ademais, eu conheço a realidade do Nordeste. A realidade do semiárido do Piauí não é diferente da do semiárido da Bahia ou de Sergipe. O que temos de ter são pessoas preocupadas em fazer pesquisas dessa região, ter assessoria técnica e poder mudar o perfil das pessoas que vivem estas realidades. Não precisamos botar divisão entre um Estado e outro. Precisamos é trazer soluções reais. Nós temos mais de 1.700 municípios no semiárido brasileiro e precisamos cuidar desta área. Onde é que está a carência? É ali. Vamos levar a solução para lá.JLPolítica & Negócio – Por falar em Gracinha Caiado, qual é o real papel dela nas estruturas do Governo do Goiás? Ela tem vez e voz?
RC – Olha, eu preciso dizer isso: Gracinha é uma mulher que chegou chegando em Goiás e ao mesmo tempo conquistou o povo goiano. Você sabe que eu sou uma pessoa que respeito política e voto, mas eu diria hoje que ela será a senadora mais votado do Estado de Goiás em 2026. Gracinha é uma pessoa muito querida e que tem o primeiro lugar em todas as pesquisas de opinião pública do Goiás pro Senado. Hoje ela é presidente do Comitê Social do Estado de Goiás, que vale mais do que uma Secretaria de Estado.

| Foto: Reprodução/JL Política e Negócios
Sem receio de rechaço por ser regional
“Eu acho que o Brasil já quebrou esse paradigma de se olhar diferentemente por ser desta ou daquela região – o Nordeste, por exemplo, já teve vários presidentes. Não creio possa haver rechaço a mim por ser do Centro-Oeste. Eu creio que o que o Brasil espera hoje de quem venha a lhe administrar no futuro seja competência. Integridade moral”
JLPolítica & Negócio – Pelas questões de gênero, o senhor acha que necessariamente deve ser uma mulher a compor com o senhor na disputa da Vice-Presidência?
RC – Sem dúvida nenhuma, seria uma possibilidade extremamente interessante poder fazer uma chapa que tivesse a representatividade feminina, até porque a mulher hoje é a maioria no eleitorado brasileiro. E mais: quando você coloca mulher no seu secretariado – como governador, posso falar disso -, tem-se nelas os quadros mais eficientes. No Governo de Goiás, as mulheres ocuparam ou ocupam as pastas melhores: Meio Ambiente, Planejamento, Fazenda, Educação, Ouvidoria Geral. A mulher tem algo de impressionante. Primeiro, o senso de responsabilidade delas e, em segundo lugar, a eficiência delas é muito forte e marcante.JLPolítica & Negócio – Qual é o ajuste que o Bolsa Família exigiria que fosse feito por um governo de centro ou de direita?
RC – Em primeiro lugar, é preciso fazer com que esses recursos sociais aplicados nele sejam capazes de chegar às pessoas que exatamente precisam da ajuda. O Bolsa Família precisa interagir com a função que está ocupando. Em minha passagem por Sergipe, eu vi que vocês têm aqui uma altíssima oferta de empregos e que não estão tendo pessoas em busca de emprego. Então: necessita-se no plano federal fazer o que fazemos em Goiás. Não comemoramos a quantidade de cartões de dependentes. Eu comemoro a emancipação das pessoas em relação ao cartão. Você vai dando dignidade à pessoa e tirando ela do Bolsa Família, elevando-a para uma área ou de empreendedor de microempresa, ou de uma função ocupacional numa empresa. Seja lá qual for a direção, esse deve ser o movimento. Graças a uma atuação muito forte de Gracinha, Goiás tem hoje um efetivo de 17% de pessoas na pobreza, mas já foi muito mais de 30%. Este é um trabalho que você faz para migrar socialmente as pessoas.

Do Conhecimento da Realidade Nordestina
“Conheço a realidade do Nordeste. A realidade do semiárido do Piauí não é diferente da do semiárido da Bahia ou de Sergipe. O que temos de ter são pessoas preocupadas em fazer pesquisas dessa região, ter assessoria técnica e poder mudar o perfil das pessoas que vivem estas realidades. Não precisamos botar divisão entre um Estado e outro. Precisamos é trazer soluções reais”
JLPolítica & Negócio – O senhor governaria com 38 ministérios, com menos ou com mais?
RC – Eu sou bem mais restritivo (risos). Mas nós temos que entender as peculiaridades regionais. Eu governaria tendo um corpo técnico bem qualificado, porque desde hoje o cidadão para ser um secretário meu não é por uma mera indicação. Ele é secretário se passar na prova comigo. Quem faz arguição do futuro secretário sou eu, e como secretário ele presta contas a mim. Ele tem que saber muito mais do que eu, porque se ele souber mais ou menos, não serve para ser meu secretário. Se ele não cumprir a tarefa de casa, eu o troco no mesmo dia. De modo que penso num eventual Ministério meu altamente técnico. Quem fará a política? O Ronaldo Caiado, e aí eu chamo, sento com a representação dos governadores e dos prefeitos, e governo.JLPolítica & Negócio – Então não precisa ser um Ministério do tamanho do de Lula!
RC – Não tem necessidade disso. Não direi a você a minha quantidade em números, mas diria que há características que às vezes precisam ser mais demandadas no Nordeste, no Norte, no meu Centro-Oeste. Na verdade, você está me cutucando com o seguinte questão central: “Govenador, o senhor tem coragem de fazer uma reforma administrativa?”. É lógico que eu tenho coragem de fazê-la. Até porque eu fiz a reforma administrativa no meu Estado e vou fazê-la no âmbito nacional. Lembra da frase do Churchill?

Como governaria o Brasil
“Eu governaria tendo um corpo técnico bem qualificado, porque desde hoje o cidadão para ser um secretário meu não é por uma mera indicação. Ele é secretário se passar na prova comigo. Quem faz arguição do futuro secretário sou eu, e como secretário ele presta contas a mim. Ele tem que saber muito mais do que eu”
JLPolítica & Negócio – O senhor nasce para uma dimensão nacional maior através da UDR dos anos 1980. Quarenta anos depois, o senhor acha que perdeu a guerra para o MST?
RC – Pelo contrário, uai. Eu ganhei de capote. Não tem nem comparação. Hoje o MST é uma instituição que a maioria dos seus membros vive ou com tornozeleira ou condenados por crimes praticados no decorrer de todo este tempo de que você fala. O currículo meu e dos produtores rurais brasileiros é de homens de bem, de pessoas que não convivem com o narcotráfico e que não estão utilizando dinheiro de fontes ilícitas, como a grana assaltada dos aposentados do INSS.JLPolítica & Negócio – O sujeito que se propõe a presidir o Brasil pode virar as costas para as cerca de 30 milhões de hectares de pastagens degradas no país?
RC – Bem ao contrário. Não se pode dar as costas para isso. Tem de fazer o que faço no meu Estado. No Brasil poucos sabem que Goiás é o único Estado que paga serviço ambiental. Isso lá é lei. Se o cidadão de Goiás, que tem direito a desmatar a propriedade dele, me disser que não quer fazer isso, nós vamos dar R$ 480 por hectares por ano a ele. Se a propriedade dele for espaço de uma cabeceira d’agua, eu darei R$ 600. Agora, se existe terra degradada, o que você precisa é aguardar a ciência dizer o que se deve fazer dali.

Do Legado da Medicina
“Tenho 50 anos feitos em 2024 de formado como médico. E tenho milhares de cirurgias feitas no Brasil e na especialidade de coluna vertebral. Em torno de tudo isso, é uma vida estirada que eu tenho. Quando passei a exercer os meus mandatos, eu já tinha uma equipe que já operava comigo e fui repassando o legado da Medicina”
JLPolítica & Negócio – No Goiás tem terra assim?
RC – Ah, em Goiás havia muita terra assim, que foi da pecuária e que hoje está em soja ou em milho. Para essa mudança, o Governo do Goiás fez pesquisa. O que precisa não é da denúncia da que se tem terra degrada. O que precisa é apresentar para a pessoa dona dela o que fazer para viver daquela terra, tendo renda dela.JLPolítica & Negócio – Por fim, há quanto tempo a Medicina lhe é um mero retrato na parede, ou o senhor ainda mexe com ela?
RC – Eu tenho 50 anos feitos em 2024 de formado como médico. E tenho milhares de cirurgias feitas no Brasil e na especialidade de coluna vertebral – tumores de colunas, deformidades por traumas de acidentes. Em torno de tudo isso, é uma vida estirada que eu tenho. Quando passei a exercer os meus mandatos, eu já tinha uma equipe que já operava comigo e fui repassando o legado da Medicina.

| Foto: Reprodução/JL Política e Negócios
Fonte: JL Política & Negócio
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