
Imagine um tesouro colossal, o maior depósito de ouro do planeta, mas completamente inacessível. Ele não está escondido em algum lugar remoto da superfície; ele está localizado no centro da Terra, no núcleo metálico, enterrado sob mais de 3.000 quilômetros de rocha sólida. A
tingi-lo está muito além de qualquer tecnologia humana atual. Mas uma pesquisa fascinante da Universidade de Göttingen, na Alemanha, sugere que a própria natureza está realizando um lento, porém constante, trabalho de transporte desse tesouro para mais perto de nós.
Por três anos, uma equipe de cientistas liderada pelo Dr. Nils Messling mergulhou em um estudo detalhado das rochas basálticas do Havaí. Essas rochas especiais se formaram a partir de magma que ascendeu das profundezas do oceano. A análise revelou algo surpreendente: a presença de certos metais pesados, incluindo ouro, em quantidades e formas que não se encaixavam perfeitamente com uma origem exclusiva no manto terrestre (a camada entre o núcleo e a crosta).
A suspeita que surgiu foi revolucionária: esses metais poderiam estar vazando do núcleo. O Dr. Messling descreveu o momento da descoberta com entusiasmo: “Quando os primeiros resultados chegaram, percebemos que tínhamos literalmente encontrado ouro! Nossos dados confirmaram que material do núcleo, incluindo ouro e outros metais preciosos, está vazando para o manto acima.”
Mas como os cientistas conseguiram rastrear algo que vem de tão longe, do coração do planeta? A chave estava em um elemento raro e um isótopo específico: o Rutênio-100 (100Ru). Os pesquisadores explicam que, quando a Terra se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, a maior parte do rutênio, junto com o ouro e a platina, afundou para formar o núcleo metálico.
Consequentemente, o manto rochoso ficou extremamente pobre nesses elementos. “O manto tem quase nenhum rutênio”, afirmou o Dr. Messling. “É um dos elementos mais raros na Terra. Todo o rutênio, assim como o ouro e a platina, basicamente foi para o núcleo durante a formação do planeta.”
O núcleo, portanto, possui uma “assinatura” isotópica distinta, com uma abundância muito maior do isótopo Rutênio-100 comparado ao manto. A equipe de Göttingen focou sua busca justamente nesse marcador específico, um metal branco-prateado semelhante à platina. E foi isso que encontraram nas rochas do Havaí: níveis de Rutênio-100 significativamente mais altos do que seria esperado se o material viesse apenas do manto.
Essa descoberta é a primeira evidência forte de que material do núcleo está efetivamente migrando para o manto. Os metais parecem estar “sangrando” lentamente do núcleo, incorporando-se ao material do manto e, eventualmente, sendo transportados para cima por imensas plumas de magma quente.
Essas plumas atingem a superfície, formando ilhas vulcânicas como o arquipélago do Havaí, e trazem consigo minúsculas, porém detectáveis, partículas dos metais preciosos do núcleo.
O coautor do estudo, Matthias Willbold, destacou as implicações mais amplas: “Nossas descobertas não apenas mostram que o núcleo da Terra não é tão isolado quanto se supunha anteriormente.
Podemos agora também comprovar que volumes enormes de material do manto superaquecido – da ordem de centenas de quatrilhões de toneladas métricas de rocha – se originam no limite entre o núcleo e o manto e sobem até a superfície terrestre para formar ilhas oceânicas como o Havaí.”
Este processo geológico extremamente lento, ocorrendo ao longo de centenas de milhões de anos, oferece uma explicação intrigante para a presença de metais preciosos na crosta terrestre.
Enquanto a maior parte do ouro do planeta permanece trancada no núcleo, fora do nosso alcance, esse “vazamento” constante é responsável por trazer pequenas frações até níveis onde, por sorte e processos geológicos posteriores, podemos eventualmente encontrá-las e extraí-las. É um lembrete poderoso de que as entranhas do nosso planeta estão em constante, ainda que imperceptível, movimento.
Esse Cientistas afirmam que núcleo da Terra está vazando ouro oculto após descoberta surpreendente foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.