Trama golpista: advogados de réus já traçam estratégias para depoimentos da próxima semana

Por ter fechado delação, coronel Mauro Cid será primeiro a depor; TV Globo apurou que ele não deve recorrer ao silêncio. Ex-ministro Anderson Torres deve optar por estratégia similar. Advogados dos réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista começaram a traçar estratégias para as linhas de defesa nos interrogatórios da próxima semana na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.
Nesta fase, o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados próximos estarão frente a frente com o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes – e vão poder apresentar suas próprias versões sobre as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os réus não são obrigados a falar: podem recorrer ao silêncio para não produzir provas contra si mesmos, como define a Constituição.
Advogados avaliam que, se forem usar a palavra, os réus devem adotar falas mais objetivas, evitando que se comprometam. Nos próximos dias, as defesas devem “treinar” os acusados repassando os principais pontos e contradições que podem ser abordados nos questionamentos.
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Delator fala primeiro
O primeiro a ser interrogado será o tenente-coronel Mauro Cid, que fechou delação premiado. Por lei, o colaborador fala primeiro que os outros réus para garantir o amplo direito de defesa.
A TV Globo apurou que Mauro Cid deve responder às perguntas de Moraes. A avaliação é de que o silêncio, num primeiro momento, não seria a melhor estratégia para a defesa.
A expectativa é de que ele repita o que tratou na delação. Os advogados sustentam, no processo, que Cid era apenas uma espécie de porta-voz de Bolsonaro e apenas se envolveu nas tratativas golpistas porque cumpria ordens, seguindo a hierarquia militar.
A partir das informações passadas por Mauro Cid, os investigadores buscaram outras provas para apurar a informação de que Bolsonaro estaria no centro da trama golpista.
A Polícia Federal (PF) reuniu outros elementos que, segundo a PGR, indicam a participação do ex-presidente, como os depoimentos do ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica. Eles confirmaram, por exemplo, que Bolsonaro tratou da chamada minuta golpista.
Torres também deve falar
A defesa de Anderson Torres afirma que o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF também deve responder aos questionamentos.
Ele vai responder a todos os questionamentos, esclarecer qualquer mal entendido. Ele tem todo interesse que a verdade prevaleça”, afirmou o advogado Eumar Novacki.
Para os advogados, Torres não participou e nem deu suporte jurídico para a trama golpista.
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