
Antônio José de Abreu Vidal Filho já havia sido condenado no Brasil a 275 anos de prisão pela chacina que deixou 11 mortos e vai ter que cumprir também 16 meses de prisão por tentar conseguir o visto norte-americano com informações falsas. Ex-policial Antônio José de Abreu, de 31 anos, é natural de São Luís, no Maranhão, e trabalhou na Polícia Militar do Ceará.
ICE
O ex-policial militar Antônio José de Abreu Vidal Filho, sentenciado a 275 anos de prisão pela Chacina do Curió, em Fortaleza, e condenado a 16 meses de prisão pela Justiça dos Estados Unidos por mentir durante o processo de solicitação de visto tem 31 anos e é natural de São Luís, no Maranhão.
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Enquanto atuava na Polícia Militar do Ceará Antônio José e outros 43 agentes foram denunciados pela chacina que deixou 11 mortos na capital cearense em 2015, o que o levou a ser preso preventivamente em 2016.
Porém, em maio de 2017, ele foi solto para aguardar o julgamento em liberdade. Dois meses depois, em junho de 2017, Antônio foi ao consulado americano em Recife (PE) e solicitou o visto de turista para entrar nos EUA.
Durante o processo de solicitação do visto, quando perguntado se já havia sido preso ou denunciado por algum crime, Antônio José respondeu que não. Na ocasião, o visto do ex-militar foi aprovado e ele viajou para os Estados Unidos em maio de 2018.
Desde então, Antônio José não voltou ao Brasil e foi considerado desertor da Polícia Militar do Ceará por mudar de país, e acabou perdendo o cargo de policial.
Entre 2018 até 2023, enquanto esteve solto nos EUA, o ex-policial obteve carteira de motorista, cartão de seguridade social e autorização para trabalho.
Condenação por fraude em visto
Ex-PM condenado pela chacina do Curió é condenado por outro crime nos EUA
A condenação no exterior pelo crime de perjúrio – o ato de mentir durante um procedimento oficial – é justamente por Antônio ter negado que respondia a um processo na Justiça brasileira e que já tinha sido preso antes.
Conforme o Departamento de Justiça americano, em 2020 o ex-policial entrou com um pedido de asilo nos EUA e mentiu novamente quando questionado se já havia sido preso, acusado ou interrogado por algum crime em algum país. Ele mentiu novamente e disse que não.
Em fevereiro de 2024, o policial prestou depoimento à Corte de Imigração dos Estados Unidos e alegou que nunca mentiu para os oficiais migratórios, e que não falou do processo que respondia pela chacina porque ainda não havia sido condenado nem preso.
Em maio de 2024, ele foi indiciado pelas autoridades americanas por dois crimes de fraude de visto, dois crimes de perjúrio e um crime de falsificação, ocultação e encobrimento de um fato material.
Em fevereiro de 2025, ele se declarou culpado pelo crime de perjúrio diante da Corte Federal do Distrito de Massachusetts, sediada em Boston. No último dia 29 de maio, Antônio José foi sentenciado a 16 meses de prisão.
Após cumprir a pena na cadeia americana, o ex-policial militar está sujeito à deportação para o Brasil, onde deve cumprir a pena de prisão pela Chacina do Curió.
Chacina do Curió
Condenados mais dois policiais militares do Ceará pela Chacina do Curió
Seis policiais militares já foram condenados pela Chacina do Curió, matança que deixou 11 mortos em Fortaleza, em 2015.
As vítimas foram assassinadas por policiais militares entre a noite do dia 11 de novembro e a madrugada do dia 12 de novembro de 2015. A maioria das vítimas tinha de 16 a 18 anos, sem passagens pela polícia.
Segundo o Ministério Público do Ceará, os crimes foram motivados por vingança pela morte do soldado Valtemberg Chaves Serpa, assassinado horas antes ao proteger a mulher em uma tentativa de assalto, no Bairro Lagoa Redonda.
Familiares homenageiam vítimas da chacina do Curió, em Fortaleza, que resultou na morte de 11 pessoas
Fabiane de Paula/SVM
Os policiais militares condenados são:
Marcus Vinícius Sousa da Costa: 275 anos e 11 meses de prisão. As penas correspondem a 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
Antônio José de Abreu Vidal Filho: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar. Agora, foi condenado a prisão nos Estados Unidos por perjúrio.
Wellington Veras Chagas: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
Ideraldo Amâncio: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
José Oliveira do Nascimento: 210 anos e nove meses de prisão por 18 crimes, entre eles, homicídio, tentativa de homicídio e tortura.
José Wagner Silva de Souza: 13 anos e cinco meses por tortura.
Foram absolvidos dos crimes:
Francinildo José da Silva Nascimento
Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes
Gerson Vitoriano Carvalho
José Haroldo Uchoa Gomes
Josiel Silveira Gomes
Ronaldo da Silva Lima
Thiago Aurélio de Souza Augusto
Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes
Antônio Carlos Matos Marçal
Antônio Flauber de Melo Brazil
Clênio Silva da Costa
Francisco Helder de Sousa Filho
Igor Bethoven Sousa de Oliveira
Maria Bárbara Moreira
Antônio Carlos Matos Marçal foi absolvido dos crimes julgados no Tribunal de Justiça, mas teve parte do processo encaminhado para a Justiça Militar, que deve realizar um novo julgamento
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