
Fala da apresentadora em podcast viraliza e reacende discussão sobre o descompasso do desejo e os desafios da intimidade na vida a dois Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert
Fantástico/TV Globo
“Não está fácil na minha casa.” A frase dita por Fernanda Lima durante uma entrevista para o podcast “Surubaum”, apresentado por Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, jogou luz sobre um tema comum — mas nem sempre falado — nos relacionamentos longos: a queda na frequência das relações sexuais entre casais.
Ao lado do marido Rodrigo Hilbert, com quem tem três filhos e divide a rotina intensa de trabalho e compromissos familiares, Fernanda comentou: “O sexo… Não está fácil. É que a vida vai ficando muito corrida.” O comentário repercutiu amplamente nas redes sociais.
No bate-papo, a apresentadora ainda contou que o casal chegou a conversar sobre a situação e se divertiu ao relatar a reação de Hilbert quando ela sugeriu retomar a vida sexual com mais frequência.
Apesar do tom descontraído, o relato escancara uma realidade enfrentada por muitos casais: a ausência de sexo ou o descompasso sexual (quando a libido de um parceiro não acompanha a do outro).
Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert dizem ser ‘casal normal’ e que têm tretas no dia a dia
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Desejo sexual não é fixo, dizem especialistas
O desencontro do desejo sexual é “praticamente inevitável em relacionamentos longos”, afirmou Kristen Mark, pesquisadora de sexualidade e relacionamentos da Universidade de Minnesota, em entrevista à DW.
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Fatores como estresse, exaustão, desequilíbrios hormonais, rotina desgastante ou até uma má divisão das tarefas domésticas podem interferir diretamente na libido.
Além disso, a ideia de que o desejo surge do nada — como um impulso incontrolável — precisa ser revista. “Os casais precisam sair de um lugar de comodismo, de um lugar que parece que tem que ‘baixar’ a vontade (…) Ficam os dois com desejos responsivos, ninguém procura o outro e nada acontece. Isso por volta de 35 em diante já. É uma coisa da vida moderna. A pandemia também teve um efeito disso, de tirar um pouco a libido, porque a gente estava preocupado. Eu estou achando que os homens estão muito entrando no desejo responsivo também”, contou a ginecologista Carolina Ambrogini”, afirmou a ginecologista e sexóloga Carolina Ambrogini em entrevista ao podcast Prazer, Renata.
‘Hora marcada’ pode ser solução
A fala de Fernanda Lima também encontra eco em outro casal famoso: Junior Lima e Mônica Benini. O cantor contou, em entrevista recente, que agendar momentos de intimidade foi a saída encontrada diante da rotina agitada. “Pode parecer estranho, mas funciona”, disse ele.
Junior Lima diz que sexo com ‘hora marcada’ foi a solução do casamento dentro da rotina
Para os especialistas, a prática tem prós e contras. “Para casais com filhos ou vida muito corrida, marcar hora para o sexo pode ser uma forma de garantir a conexão íntima”, afirma a sexóloga Monica Verdier. Já para outros, a perda da espontaneidade pode ser um problema. “Mas não existe certo ou errado. O importante é o que funciona para cada casal”, resume.
A culpa não é de ninguém — e sim da vida real
É importante, segundo especialistas, abandonar a ideia de que existe uma “frequência ideal” de relações. “Não existe um número mágico. O mais importante é que o casal se sinta confortável com sua rotina sexual — e possa conversar sobre ela com franqueza e acolhimento”, pontua Ambrogini.
Em muitos casos, o desejo por sexo é, na verdade, desejo por conexão e afeto. Abraços, beijos, toques e carinho são formas legítimas de manter o vínculo mesmo quando o sexo não está em primeiro plano.
Casamento sem sexo é o fim?
Não necessariamente. O sexo pode sair de cena por um tempo — ou voltar em outro formato. O fundamental, segundo a pesquisadora Kristen Mark, é manter o canal de comunicação aberto e buscar formas de equilibrar as necessidades dos dois. “Casais que enfrentam bem esse desafio são aqueles que encontram um meio-termo, sem culpas ou cobranças desproporcionais.”
Afinal, como mostrou a conversa entre Fernanda e Hilbert, às vezes tudo começa com um “A gente precisa, né?” — e esse pode ser um ótimo ponto de partida.