Lançamento de sementes de palmeira juçara feito por MST de helicóptero no PR é eficaz, comprova estudo

Dois anos depois de o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançar pela primeira vez, por helicóptero, 4,5 toneladas de sementes da palmeira juçara no Paraná, um estudo constatou que o método funciona. A árvore já começa a crescer em áreas do MST. Os resultados preliminares do plantio aéreo e massivo foram apresentados durante a 3ª edição da Jornada da Natureza, evento do MST que começou na última segunda-feira (2) e vai até sábado (7).

Nesta edição, 21 toneladas de sementes serão lançadas no Paraná. Com o lema “Semeando vida para enfrentar a crise ambiental”, a jornada acontece nas cidades de Quedas do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Antonina, Rio Bonito do Iguaçu e Lapa.

Giovana de Deus Carriel, mestranda da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), pesquisa o cultivo da juçara nas áreas de reforma agrária paranaense desde a primeira Jornada da Natureza, em 2023. Na última segunda-feira (2), Carriel visitou o assentamento Dom Tomás Balduíno marcando cada planta, bem como medindo a sua altura e o índice de luminosidade. 

“O resultado preliminar da pesquisa considerou uma juçara para cada dez metros quadrados e estimou que a rentabilidade, considerando a produção de cinco quilos de polpa por planta, é de 100 mil reais anuais para o produtor”, explicou a pesquisadora. “Tem esse retorno financeiro positivo, além de trazer diversidade para a área”, pontuou. 

“O estudo mostra que foi realmente viável, houve bastante densidade de germinação, as sementes não sofreram danos com o método, e isso é visível indo lá nas áreas, e é muito importante para a regeneração florestal”, disse. 

“É muito satisfatório para nós podermos entrar nesse processo coletivo de construção do conhecimento, que é a universidade cumprir o papel dela de sistematizar esse conhecimento e divulgar”, destacou Manuela Pereira, professora da UFFS e coordenadora do laboratório Vivan de Sistemas Agroflorestais, que abriga a pesquisa da Carriel. 

Josué Evaristo Gomes, um dos pioneiros do cultivo de juçara na comunidade em Quedas do Iguaçu (PR), teve sua pequena agroindústria visitada por membros do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

“Enquanto camponês agroecológico, é possível ter estudos técnicos de um hectare de terra agroecológica e um hectare de terra convencional: pode escolher qualquer cultura do convencional e pode escolher qualquer cultura também agroecológica. E vamos provar em A mais B, eu tenho certeza. Eu vivo agroecologia. A agroecologia é mais rentável do que o viver sem ser natural, nós precisamos provar”, defende Josué.

PL da Devastação

Na mesa de abertura da Jornada, voltada às pesquisas sobre as práticas camponesas do cultivo da palmeira juçara em áreas de reforma agrária, o dirigente do MST no Paraná Roberto Baggio criticou o chamado PL da Devastação, aprovado pelo Senado em 21 de maio. 

“Vocês imaginem criar uma lei para destruir a natureza!? Esse é o nosso Congresso e a nossa Câmara. Então nós precisamos de leis que protejam o bem comum, nós precisamos de leis que protejam a Terra e que estimulem a sociedade brasileira a plantar milhões e milhões de árvores”, destacou Baggio.

Até sábado (7), a Jornada da Natureza realiza dezenas de ações voltadas às famílias camponesas. Entre elas, 20 oficinas e atividades práticas de recuperação de nascentes e de áreas degradadas, produção em agrofloresta, manejo e proteção do solo, homeopatia para animais, produção de mudas de erva mate, prevenção à deriva de agrotóxico e à influenza aviária, entre outras.

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