Cientistas encontram evidência que contradiz famoso relato da Bíblia

Cientistas encontram 'evidência' que contradiz famoso relato da Bíblia

Um dos relatos mais conhecidos da Bíblia fala de um momento extraordinário: Jesus alimentando uma multidão faminta com apenas cinco pães e dois peixes. Milhares de pessoas, saciadas, e ainda sobraram doze cestos cheios. Por séculos, essa narrativa, presente nos quatro Evangelhos, foi vista como um milagre puro, um símbolo poderoso de fé e generosidade. Mas e se houvesse uma explicação natural, escondida nas águas de um lago antigo?

A história se passa perto de Betsaida, às margens do Mar da Galileia. Jesus, buscando um momento de solitude após a morte de João Batista, é seguido por uma enorme multidão – cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

Movido por compaixão, ele cura os doentes. Quando o dia começa a declinar, os discípulos sugerem que Jesus mande o povo embora para conseguir comida nas aldeias próximas. A resposta de Jesus é surpreendente: “Eles não precisam ir; deem-lhes vocês algo para comer”. Os discípulos ficam perplexos. Tudo o que têm são cinco pães e dois pequenos peixes. Parece impossível.

Jesus pede que tragam o alimento, ordena à multidão que se sente na grama, olha para o céu, dá graças e parte os pães. Então, entrega os pedaços aos discípulos, que os distribuem ao povo. Todos comem até ficarem satisfeitos. E quando recolhem o que sobrou, enchem doze cestos grandes. Uma abundância inesperada a partir de recursos tão escassos.

É um dos milagres mais famosos de Jesus, mas esses cientistas não estavam totalmente convencidos pela história.

É um dos milagres mais famosos de Jesus, mas esses cientistas não estavam totalmente convencidos pela história.

Por muito tempo, essa multiplicação foi entendida como um ato sobrenatural direto. No entanto, um grupo de cientistas decidiu investigar se fatores ambientais poderiam ter desempenhado um papel crucial nesse evento, especificamente no fornecimento dos peixes. A atenção deles se voltou para o Lago Kinneret, o corpo de água que hoje conhecemos como o antigo Mar da Galileia, palco da narrativa bíblica.

A pesquisa, publicada em 2024 na revista científica Water Resources Research, focou num fenômeno natural específico: as mortandades em massa de peixes. O Lago Kinneret possui uma estrutura peculiar, quase como camadas sobrepostas. Nas profundezas, a água é fria e pobre em oxigênio dissolvido. Mais perto da superfície, a água é mais quente e rica em oxigênio, sustentando a vida dos peixes. Essa separação é chamada de estratificação térmica.

A chave para o mistério estaria na força do vento. Os cientistas instalaram sensores no lago para monitorar temperatura, níveis de oxigênio em diferentes profundidades, e a intensidade e direção dos ventos na região.

Eles observaram algo crucial: durante certos períodos, ventos muito fortes soprando sobre a superfície do lago podem causar uma agitação intensa. Esse turbilhão força a água fria e pobre em oxigênio das profundezas a subir rapidamente em direção à superfície – um fenômeno conhecido como ressurgência ou “upwelling”.

Quando essa água profunda, carente de oxigênio, invade as camadas superiores, o resultado é catastrófico para os peixes. O oxigênio disponível na coluna d’água cai drasticamente num curto espaço de tempo. Os peixes, sufocados, morrem em grande número e seus corpos flutuam até a superfície.

Os pesquisadores documentaram que esses eventos de mortandade súbita podem ser significativos, trazendo à tona uma quantidade enorme de peixes de uma só vez.

Agora, conectando os pontos: a pesquisa sugere que as condições do Lago Kinneret na época de Jesus provavelmente eram similares às observadas hoje. Um evento de vento forte, causando uma ressurgência e uma consequente mortandade de peixes, poderia ter acontecido justamente antes ou durante aquele encontro às margens do lago.

Imagine a cena: milhares de pessoas reunidas, a fome começando a apertar. De repente, um grande número de peixes mortos aparece boiando na superfície do lago, perto da margem.

Nesse cenário, o gesto de Jesus ganha uma nova dimensão. Ao receber os cinco pães e os dois pequenos peixes (talvez trazidos por alguém como lanche), ele poderia ter percebido ou sido informado sobre o fenômeno que ocorria no lago. Ao invés de realizar um milagre de multiplicação física instantânea do alimento, ele poderia ter agido como um catalisador da generosidade, inspirado pela súbita abundância natural.

Ao abençoar e partir os pães e os dois peixes, ele iniciou um movimento. As pessoas, vendo os peixes disponíveis no lago e tocadas pelo exemplo de partilha iniciado com os poucos recursos, poderiam ter contribuído com o que tinham escondido (era comum viajar com provisões) ou se sentido encorajadas a coletar os peixes que boiavam.

O ato de fé e liderança de Jesus teria transformado uma multidão preocupada consigo mesma numa comunidade solidária, disposta a dividir tudo o que estava disponível – os pães iniciais, os peixes coletados e as provisões que muitos já carregavam.

A narrativa fala de cinco mil homens saciados e doze cestos de sobras. Um evento natural de mortandade de peixes no Kinneret poderia fornecer alimento mais que suficiente para uma multidão desse tamanho. Os doze cestos cheios poderiam representar os peixes coletados além do necessário imediato.

O milagre, então, residiria menos na criação sobrenatural de comida do ar e mais na extraordinária capacidade de liderança para inspirar a partilha em larga escala, aproveitando um evento natural inesperado. A ciência oferece uma possível explicação para a origem dos peixes, enquanto a fé continua a ver na ação de Jesus um profundo significado espiritual de confiança e generosidade.

Esse Cientistas encontram evidência que contradiz famoso relato da Bíblia foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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