
O episódio do PodNatureza de hoje traz uma conversa especial com Luis Felipe Mayorga, um dos fundadores do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM). Ao lado do apresentador Yhuri Nóbrega, ele relembra a trajetória da ONG capixaba e discute os desafios da conservação da fauna marinha, especialmente dos pinguins que chegam às praias do Espírito Santo.
Como tudo começou
Criado em 2010, o IPRAM surgiu da atuação voluntária de estudantes e pesquisadores que atendiam pinguins encalhados no litoral capixaba. Antes disso, segundo Mayorga, o atendimento a esses animais era feito de forma improvisada e sem apoio oficial. “Era tudo por conta própria. A gente pedia doações de peixe, buscava refugo nos portos para alimentar os animais. Foi assim, na raça”, lembra.
A ideia de fundar um instituto especializado ganhou força quando ficou evidente que, a cada ano, mais animais apareciam debilitados, sem estrutura adequada para acolhê-los. “Em 2012, a gente quase fechou por falta de recursos. Foi quando conseguimos um contrato com uma empresa petrolífera e conseguimos nos estruturar”, contou.
Do pinguim ao monitoramento de praias
Apesar de ter começado com o resgate de Pinguim-de-magalhães, o IPRAM hoje atua com diversas espécies marinhas. O instituto realiza necrópsias de animais mortos, resgates de fauna debilitada e ainda monitora praias em parceria com empresas e outros institutos ambientais.
“Hoje, a gente participa do Programa de Monitoramento de Praia da Petrobras. Atuamos no resgate e no direcionamento dos animais, vivos ou mortos, sempre com foco na saúde única: humana, animal e ambiental”, explicou Luis.
Emergências ambientais e gripe aviária
O trabalho do IPRAM ganhou ainda mais destaque em 2023, quando o Espírito Santo foi o primeiro estado a identificar um caso de gripe aviária de alta patogenicidade no país. “Dois casos chegaram ao nosso centro. Fizemos a notificação ao Ministério da Agricultura e o teste confirmou. Fomos o primeiro ponto de detecção”, relatou Mayorga.
Desde então, o instituto se tornou referência no controle e vigilância da doença em aves marinhas. “A gripe aviária também mostra como está tudo conectado. Não se trata só de salvar um animal: trata-se de prevenir riscos à saúde humana”, destacou.
O mito do gelo e outras ameaças aos pinguins
O episódio também abordou um dos erros mais comuns cometidos por banhistas ao encontrar um pinguim: colocá-lo em caixas com gelo. Segundo Luis, o animal encalha porque está debilitado, muitas vezes por causa do frio ou da fome, e precisa se aquecer. “Colocar no gelo agrava o problema. Isso pode matar o animal”, alertou.
Além disso, a pesca industrial, a ocupação desordenada da costa, o aquecimento global e os derramamentos de óleo são apontados como grandes ameaças à fauna marinha.
Um hospital para os oceanos
O IPRAM opera como um hospital para animais marinhos. Com técnicas específicas para limpeza de óleo, reabilitação de plumagens e protocolos sanitários rigorosos, a equipe garante o retorno seguro desses animais ao ambiente natural.
“A gente faz banhos quentes, usa água pressurizada para retirar o detergente e verifica toda a condição do animal antes da soltura. Uma falha na plumagem, por exemplo, impede o retorno ao mar”, explicou Luis.
ONGs, saúde pública e o papel social
Ao final do episódio, Luis fez questão de destacar que o trabalho realizado por ONGs como o IPRAM é, acima de tudo, uma prestação de serviço à sociedade. Mesmo sendo uma instituição privada, o IPRAM capta recursos da iniciativa privada e aplica em ações que impactam diretamente a saúde pública.
“Cuidar da fauna é cuidar da saúde humana. Os animais têm relação direta com nossos ecossistemas, nossas doenças, nosso alimento. A gripe aviária, por exemplo, é uma ameaça real à cadeia produtiva e à saúde”, completou.
Encontrou um animal marinho encalhado?
Se você encontrar um animal marinho encalhado, entre em contato com o resgate especializado pelo número 0800-991-4800.
E não se esqueça de seguir o trabalho do IPRAM nas redes sociais para conhecer mais sobre esse importante trabalho de proteção à biodiversidade capixaba.
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