Apoiadores de Evo seguem com bloqueios na Bolívia; manifestantes pedem medidas para a economia

Apoiadores de Evo Morales seguiram nesta terça-feira (3) com bloqueios de estradas na Bolívia. Eles pedem a renúncia do presidente, Luís Arce, e reivindicam a candidatura do líder cocalero para as eleições presidenciais de agosto. Foram registrados confrontos em diferentes partes do país. 

Há ao menos 13 pontos de bloqueio em estradas bolivianas. As principais obstruções estão em Cochabamba, zona que é reduto político de Evo. As forças de segurança mobilizaram 800 policiais em todo o país para desobstruir as estradas. Segundo a Polícia de Cochabamba, todos os bloqueios da região foram desmontados. Falta agora liberar as estradas que vão no sentido oeste da Bolívia.

“Com a ajuda de maquinário pesado, pedras e montes de terra foram removidos da rodovia. A estrada agora está limpa e o tráfego de veículos está seguro. Continuaremos com as operações policiais em direção ao oeste do país. Cinco bloqueios foram registrados na rota entre os departamentos de Cochabamba (centro) e La Paz (oeste)”, explicou o subcomandante da Polícia de Cochabamba, Rubén Cornejo.

Além de Cochabamba, outros 6 estados também registram paralisações: Santa Cruz, Chuquisaca, Tarija, Oruro, Potosí e La Paz. A polícia registrou confrontos, principalmente na cidade de Bombeo. De acordo com as forças de segurança, 5 policiais ficaram feridos após uma suposta “emboscada” dos manifestantes.  

O governo boliviano afirma que os bloqueios afetam o abastecimento de combustível em todo o país. O ministro do Desenvolvimento Rural e Terras, Yamil Flores, criticou e culpou os congressistas da oposição e a ala “evista” do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) pela crise. A Bolívia, no entanto, passa pela crise no abastecimento de combustíveis há dois meses.

O diretor de Comercialização e Importação da empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Marcos Eduardo Durán, disse que há 115 navios encalhados no porto de Arica, no Chile, com 1,54 milhão de litros de diesel e gasolina esperando a liberação das estradas.

Os manifestantes defendem a candidatura de Evo Morales pelo partido Ação Nacional Boliviana (Pan-bol). A lista de habilitados e inabilitados será divulgada em 6 de junho, mas a candidatura de Evo já foi rejeitada pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) porque a sigla não é reconhecida já que não recebeu 3% dos votos nas eleições de 2020, além de a Constituição boliviana não permitir a reeleição de um presidente por mais de um mandato consecutivo. Evo presidiu a Bolívia por três mandatos.

Eles também querem a renúncia de Luís Arce pela crise econômica que cresce na Bolívia. A inflação acelerada, que agora está em 15,01% no acumulado de 12 meses, e problemas no abastecimento de combustíveis são os principais indicadores do período problemático.

Protestos pela economia

Os problemas econômicos também são alvo de protestos. Trabalhadores do transporte convocaram uma greve nacional contra o desabastecimento e pedem uma resolução para o aumento dos preços. O movimento, no entanto, foi registrado apenas em Sucre, capital constitucional do país e sede do Poder Judicial.

Os trabalhadores do setor de transporte de outras capitais de estados não aderiram à greve. Em declaração à imprensa, Santos Escalante, líder da Federação de Motoristas de Chuquiago Marka,a afirmou que a greve seria “prejudicial para o transporte”, mas que os caminhoneiros trabalham três dias por semana e passam o resto do tempo em filas de postos de gasolina, esperando para abastecer. Sindicatos de trabalhadores do setor convocaram uma passeata na quarta-feira (4). 

Em resposta a este começo de crise, o governo de Luis Arce anunciou no final de maio 11 medidas para a economia.

Entre elas, o ministro dos Hidrocarbonetos, Alejandro Gallardo, afirmou que o governo atenderia 100% da demanda interna. O governo também aprovou um decreto para aumentar o limite para a entrada de moeda estrangeira por pessoa física de US$ 10 mil (R$ 56,41 mil) para US$ 50 mil (R$ 282,03 mil). O objetivo é “abastecer o sistema financeiro nacional” com recursos externos. 

O governo também vai incentivar que pessoas com economias de até 100 mil bolivianos (R$ 81 mil) com juros anuais de 2% para manter seu dinheiro no banco. La Paz também anunciou um reforço no controle e no patrulhamento militar na fronteira para apreensão de produtos contrabandeados como carne bovina, de frango, suína, óleo, farinha, trigo e açúcar.

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