
Arqueóloga franco-brasileira fundou o Parque Nacional da Serra da Capivara, em 1979, declarado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Ela faleceu nesta quarta (4), aos 92 anos. Morre Niède Guidon: arqueóloga desvendou os segredos do povoamento das Américas
O velório da arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon, fundadora do Parque Nacional da Serra da Capivara e falecida na madrugada desta quarta-feira (4), aos 92 anos, será aberto ao público. A cerimônia acontecerá no Museu do Homem Americano, em São Raimundo Nonato, no Sul do Piauí.
Segundo a diretora do parque, Marian Rodrigues, a despedida de Niède começará às 15h desta quarta e se estenderá até a meia-noite de quinta-feira (5).
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O sepultamento, a pedido da pesquisadora, deve ser feito no quintal da casa dela, que fica atrás do museu, na quinta. De acordo com Marian, o momento será restrito a familiares e amigos.
A cerimônia do velório deve contar com as presenças dos prefeitos de São Raimundo Nonato, Rogério Castro (MDB); Coronel José Dias, Victor Carvalho (PSD); e João Costa, Gilson Castro (PSD).
Em homenagem à arqueóloga, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), decretou luto oficial de três dias a partir desta quarta.
Niède Guidon é a principal responsável pela criação do Parque Nacional Serra da Capivara
Celso Tavares/G1
Berço do homem americano
O sítio da Serra da Capivara, escavado pela pesquisadora em 1973, ofereceu achados inéditos sobre a ocupação humana nas Américas.
Ela esteve no Brasil três anos antes, em 1970, quando conheceu as pinturas rupestres de São Raimundo Nonato, no Sul do Piauí. Niède encontrou desenhos datados de até quase 30 mil anos.
Seus achados indicam a presença humana anterior à teoria do Estreito de Bering, que datam de 13 mil anos o povoamento das Américas pelo Homo sapiens, vindo da Ásia.
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Detalhe de pintura pré-histórica no Parque Nacional da Serra da Capivara
Celso Tavares/G1
O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado em 1979. A Fundação do Homem Americano surgiu logo depois, em 1980, para facilitar e financiar as pesquisas na região.
O trabalho de Niède revelou mais de 800 sítios pré-históricos, com pinturas rupestres, ferramentas e outros vestígios dos primeiros habitantes humanos da América, descobertos em escavações arqueológicas.
Graças às descobertas da arqueóloga, a Unesco reconheceu o Parque Nacional da Serra da Capivara como patrimônio cultural da humanidade em 1991.
Reconhecimento e homenagens
UFPI concede título de Doutora Honoris Causa à arqueóloga Niède Guidon
Renan Nunes/TV Clube
A importância do trabalho de Niède foi reconhecida por todo o mundo, e ela recebeu homenagens de todo tipo: desde documentários aos nomes de um pássaro e uma ópera.
Em 2020, Niède tomou posse na cadeira de número 24 na Academia Piauiense de Letras (APL), em uma solenidade virtual por conta da pandemia de Covid-19.
Quatro anos depois, em 2024, Niède recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), pelas cinco décadas de trabalho à frente das pesquisas arqueológicas no estado.
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