Lula chega a Paris e veste lenço palestino

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que desembarcou na capital francesa de Paris nesta quarta-feira (04), foi recebido por um grupo de ativistas que o aguardavam na porta do Hotel Intercontinental Le Grand, onde está hospedado. Em determinado momento, o mandatário recebeu de um dos apoiadores um keffiyeh, lenço preto e branco que simboliza a luta palestina. Em seguida, o petista pôs a peça em seu ombro.

“Eu falei ‘Palestina livre’, tirei o lenço na hora, coloquei no ombro dele e ele abriu um sorriso”, contou a Opera Mundi a ativista brasileira Marcia Camargos, protagonista da cena simbólica que repercutiu nos veículos de comunicação nesta manhã. Atualmente, a militante que integra o Núcleo Palestina do PT reside em Paris. “Pus no ombro e pensei ‘bom, fica a critério dele de manter ou tirar. Mas ele foi andando em direção aos jornalistas e ajeitou o lenço em volta do pescoço”, acrescentou.

À reportagem, a apoiadora afirmou que costuma frequentar todos os lugares com o keffiyeh em seu pescoço para manifestar solidariedade à causa palestina. E desta vez, não foi diferente. 

“Foi algo totalmente espontâneo, inesperado e não planejado, porque o presidente chegou e desceu do carro. Eu estava junto com um grupo de apoiadores que resolveu se reunir com o núcleo do PT daqui de Paris para recepcionar o Lula”, detalhou sobre os momentos que antecederam a entrega do lenço.

Camargos elogiou a postura do mandatário brasileiro naquele momento. Entretanto, ressaltou a necessidade de o governo adotar ações práticas, como o rompimento de relações com Israel.

“É muito importante, logicamente, o presidente se posicionar. Mas acho que a gente chegou num momento que não basta só dizer que é genocídio. Tem que romper relações, tem que boicotar os produtos israelenses. Tem que ser algo contundente”, disse.

No início da semana, em Brasília, o presidente Lula, que tem se posicionado crítico às condutas do governo de Israel ao longo do genocídio promovido na Faixa de Gaza, voltou a criticar duramente as ações do primeiro-ministro sionista Benjamin Netanyahu, repudiando também a proposta israelense de estabelecer 22 novos assentamentos na Cisjordânia ocupada, região internacionalmente conhecida como parte do futuro Estado palestino.

Já na terça-feira (3), ao ser criticado pela Embaixada de Israel de que suas últimas declarações “alimentam o antissemitismo no mundo” e que “se deixa levar por notícias falsas da organização terrorista Hamas”, Lula rebateu qualificando a postura da diplomacia de Tel Aviv como “vitimismo”.

“Precisa parar com esse vitimismo. É o seguinte: o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio. É a morte de mulheres e crianças que não estão participando da guerra”, afirmou. O mandatário também mencionou o holocausto judeu, durante a Segunda Guerra Mundial, ressaltando que “é exatamente por conta de que o povo judeu sofreu na sua história que o governo de Israel deveria ter bom senso e humanismo no trato com o povo palestino”.

Na França, o mandatário brasileiro compartilha de uma agenda que se iniciará na quinta-feira (5) e que prevê vários compromissos com seu homólogo francês, Emmanuel Macron. Este que, por sua vez, também realizou recentemente uma declaração pública sobre a necessidade do estabelecimento do Estado da Palestina e sanções dos países europeus contra o governo israelense.

Nesta viagem, os governos do Brasil e da França têm como objetivo a ampliação de parcerias bilaterais e reforço no discurso em defesa do meio ambiente, tópico importante para Lula que será anfitrião da COP30, em Belém do Pará, embora não se esperem avanços acerca do acordo Mercosul-União Europeia, segundo analistas ouvidos pela emissora RFI.

*AFP

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