
Um homem de 41 anos foi morto na noite de quarta-feira (4), no bairro Cobi de Cima, em Vila Velha, durante uma ação da Polícia Militar. Segundo a corporação, Renan Barbosa Oliveira teria trocado tiros com policiais da Força Tática, assim como outros três suspeitos, quando estavam em uma área de mata da região.
A família de Renan, no entanto, contesta a versão da PM e alega que ele foi morto dentro da residência de uma idosa, após sair de casa para prestar ajuda à vizinha.
De acordo com o boletim da PM, uma equipe da Força Tática realizava patrulhamento em Cobi de Cima quando foi recebida a tiros.
Os militares revidaram e, durante as buscas, encontraram Renan caído em um beco. Próximo a ele, foi localizada uma pistola e munições, segundo o registro da PM. O homem foi socorrido pelos policiais e levado a um hospital em Vila Velha, mas não resistiu.

Os familiares de Renan apresentaram outra versão. A irmã dele, em entrevista à reportagem da TV Vitória/Record, alegou que ele saiu de casa para ajudar uma vizinha idosa e foi baleado dentro do imóvel.
Meu irmão não era um bandido. Os policiais estão subindo o morro para fazer covardia. Mataram meu irmão à queima-roupa.
Homem não conseguiria atirar, diz família
A família apresentou à reportagem uma foto de 2022, quando Renan sofreu um acidente com um rojão e perdeu dedos da mão direita. Para os parentes, isso comprova que ele não teria condições de utilizar uma arma de fogo.
“O meu irmão não conseguiria atirar, porque ele não tinha dedos na mão”, completou a irmã, que pediu para não ter o nome divulgado.

Em 2010, Renan foi condenado por homicídio, mas a família afirma que foi posteriormente absolvido. Ele era casado e deixa um filho de 4 anos. Ele fazia trabalhos informais para ajudar nas despesas de casa.
Parentes pedem investigação
A família declarou que vai levar o caso à Corregedoria da Polícia Militar e que a comunidade está indignada com a atuação dos militares.
Vou procurar a Corregedoria e vou até o fim pela vida do meu irmão, porque quero justiça. Eu não quero que esse crime fique impune. Eles têm que pagar, relatou a irmã.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a ocorrência de morte por intervenção legal de agente do Estado foi entregue na Delegacia Regional de Vila Velha.
O corpo de Renan foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Científica, em Vitória, para ser necropsiado e, posteriormente, liberado aos familiares.
A nota finaliza dizendo que o caso seguirá sob investigação do Serviço de Investigações Especiais (SIE) do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP). A arma apreendida será encaminhada para o Departamento de Balística Forense, da Polícia Científica (PCIES) juntamente com as munições.
O que diz a Polícia Militar
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, falou sobre as acusações da família e disse que não houve execução, e que Renan foi encontrado com uma pistola.
“Nossa Força Tática estava em patrulha na região de Cobi de Cima, uma região dissidente do PCV (Primeiro Comando de Vitória). Hoje nós temos Cobi de Baixo e Cobi de Cima se enfrentando por áreas de atuação. Recebemos a informação de diversos indivíduos armados em via pública, e fomos patrulhar com a Força Tática”, declarou o comandante.
Douglas Caus acrescentou que os policiais reviraram os disparos: “Em determinado momento, em um local de intensa venda de drogas, quatro indivíduos armados, com armas em mãos, avistaram nossos policiais e começaram a atirar. Nossos policiais reviraram imediatamente. Chamamos mais reforço. Mais à frente, um indivíduo estava caído com uma pistola 380. Ele foi socorrido, mas não resistiu”.
*Com informações da repórter Suellen Araújo, da TV Vitória/Record