
O Quinto Andar, uma das maiores plataformas de locação digital do Brasil, anunciou o fechamento de seu braço QuintoCred, responsável por oferecer garantias digitais para imobiliárias. Esse movimento impacta diretamente cerca de 45 mil contratos de locação e levanta questões sobre a confiabilidade das garantias alternativas no setor imobiliário.
A carteira do QuintoCred tinha o potencial de gerar até R$ 48,6 milhões por ano em receita, considerando a taxa de 5% praticada pela empresa, ou até R$ 98 milhões com taxas mais altas de mercado, com base em 45 mil contratos. Em um mercado de garantias locatícias, que tem um potencial de movimentação de até R$ 36 bilhões, esse fechamento revela as fragilidades e riscos envolvidos em soluções não regulamentadas, afetando não apenas o QuintoAndar, mas também o setor como um todo.
Em conversa com Charles Bitencourt, diretor comercial da Betha Espaço, com uma carteira de 3.700 imóveis sob administração, ele compartilhou sua visão sobre o encerramento da operação.
“Nosso modelo sempre foi focado em garantias tradicionais, como o seguro-fiança de seguradoras. A política sempre foi a de cautela na escolha dos garantidores. Não trabalhamos com soluções alternativas sem regulamentação legal sólida. O Quinto Andar, uma grande empresa, está encerrando sua operação porque a conta não fechou. Eles tentaram vender, mas não encontraram comprador, o que deve ser um grande alerta para o mercado.”
O fechamento do QuintoCred é um sinal claro de que, apesar das promessas de inovação, as garantias digitais ainda não possuem o respaldo legal necessário para se consolidarem como uma opção segura no mercado imobiliário. Empresas como Onda Segura, Avalyst e ImovPago também têm enfrentado problemas semelhantes, com o aumento de reclamações e falta de transparência. Como Charles destacou: “não há uma regulamentação legal robusta para esses modelos. Por isso, é essencial olhar com mais cuidado para as garantias alternativas.”
Garantias tradicionais
Com mais de 15 anos de experiência no mercado imobiliário, continuo acreditando que a forma mais segura de garantir locações é por meio de fiadores ou seguro-fiança. Essas soluções oferecem mais estabilidade e são respaldadas por regulamentação legal, o que traz maior segurança para todas as partes envolvidas.
O uso de garantias tradicionais também oferece mais confiança, pois as seguradoras são regulamentadas por órgãos competentes e estão sujeitos a rigorosas auditorias. Em contraste, as garantias digitais, por mais inovadoras que sejam, ainda não possuem a mesma base de fiscalização e legalidade.
Por vezes, a rapidez que os clientes buscam, para que o imóvel não fique vazio, e a urgência de quem está procurando um local para morar, cria uma pressão que se opõe à burocracia natural dos processos que envolvem as garantias tradicionais, como consultas cadastrais, cotações de seguros e franquias, vistorias e conferências. Esse processo leva um tempo, mas garante uma relação contratual saudável e correta.
O fator humano
Tratar sobre garantias sempre envolverá riscos, seja para quem entrega seus bens ou seu nome em garantia, seja para quem recebe bens, cadastros e promessas. Na verdade, esse assunto é um dos pontos críticos nas negociações de locação e até mesmo em transações de venda, quando entram em jogo garantias frente a compromissos futuros.
Nesse ponto, o fator humano faz toda a diferença. Referências e relacionamentos muitas vezes são cruciais para o fechamento de contratos e a criação de vínculos duradouros entre todas as partes envolvidas na transação imobiliária. Ter um bom consultor imobiliário que compreenda a importância de garantir a segurança jurídica e de manter a confiança mútua é essencial para o sucesso de qualquer operação imobiliária.
Informação constrói! Até a próxima.