Lula propõe que ONU coordene negociações entre Rússia e Ucrânia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs neste sábado (7) que a ONU crie um grupo de países para atuar na mediação entre Rússia e Ucrânia, em busca de um acordo para por fim à guerra.

“O que eu estou propondo é que se crie uma comissão de países que não estão envolvidos na guerra para conversar com (o presidente ucraniano Volodymyr) Zelensky e com (o presidente russo Vladimir) Putin”, disse Lula, em uma entrevista coletiva em Paris.

“A ONU pode voltar a ser protagonista desse assunto”, em particular o secretário-geral da organização, o português António Guterres, “um homem bom”, afirmou o presidente do Brasil, de 79 anos.

Guterres “pode propor um grupo de (países) amigos ao Zelensky e ao Putin, que converse com dois, ouça a verdade dos dois e depois construa uma alternativa”, para o fim do conflito na Ucrânia.

Lula, no entanto, pediu que todos sejam realistas. “A pergunta é a seguinte: Putin vai sair da Crimeia?”, questionou, antes de indicar que seu homólogo russo “não quer sair” do território ocupado pela Rússia desde 2014.

“Então, agora, você tem que mandar gente com a disposição de fazer um acordo. Não é nem 100% a posição do Zelensky, nem 100% a posição do Putin, é 100% aquilo que for possível”, acrescentou.

As declarações aconteceram no momento em que as negociações em Istambul, que tentam encerrar o conflito iniciado há mais de três anos, estão paralisadas. Na madrugada da última sexta-feira (6), a Rússia realizou um ataque massivo com mísseis e drones contra a Ucrânia, após um ataque ucraniano contra a força aérea russa. Uma escalada nos ataques aconteceu na mesma semana em que foi realizada a segunda rodada das negociações entre Moscou e Kiev.

De acordo com as Forças Armadas Ucranianas, A Rússia lançou 407 drones e 44 mísseis contra o território ucraniano, deixando ao menos três pessoas mortas. Essa ação foi uma resposta aos ataques ucranianos em território russo do último fim de semana, que aconteceram antes da segunda reunião em torno de um cessar-fogo, realizada em Istambul, na Turquia.

O conflito entre Rússia e Ucrânia foi abordado nas reuniões dos últimos dias entre Lula e seu homólogo francês, Emmanuel Macron, durante a primeira visita de Estado de um presidente brasileiro à França desde 2012.

Embora os dois compartilhem o mesmo desejo de alcançar a paz na Ucrânia, Macron pediu a Lula para não colocar no mesmo nível o invasor e o invadido: “Todos queremos a paz, mas não se pode tratar os dois beligerantes de maneira igual”.

O presidente brasileiro mantém boas relações com seu homólogo russo e, em 9 de maio, compareceu em Moscou às comemorações do 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista.

Lula confirmou que Putin está “convidado” como membro fundador para a reunião de cúpula dos países emergentes Brics prevista para o início de julho no Rio de Janeiro, mas que a delicada decisão de participar ou não cabe ao russo.

O Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil é membro, emitiu em 2023 um mandado de prisão contra o presidente russo, por seu papel no envio “ilegal” de crianças ucranianas para a Rússia.

*Com AFP

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