Após mais de 15 horas sem qualquer comunicação com os 12 ativistas da Flotilha da Liberdade que tentavam levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, o Itamaraty informou que os brasileiros estão bem. Ainda assim, o governo não esclareceu quais protocolos serão adotados a partir de agora. A informação foi compartilhada por Luciana Palhares, integrante da coordenação internacional da missão, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Os integrantes da missão foram sequestrados na manhã desta segunda-feira (9) por forças israelenses enquanto navegavam em águas internacionais. Desde então, familiares e militantes pressionam o governo brasileiro por ações mais enérgicas. Entre os ativistas, estão o brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg.
“Ficamos mais de 15 horas sem informação nenhuma. Há pouco, o Itamaraty entrou em contato dizendo que eles estão bem, Tiago está bem, mas que eles não sabem exatamente quais protocolos serão seguidos”, informou Palhares. De acordo com ela, os ativistas continuam incomunicáveis. “Thiago ainda não conseguiu falar com a família dele, […] não sabemos de mais nada: o que vai ser feito, se ele vai ser mantido preso, se vai ser deportado, como eles estão…”, disse.
A coordenadora classificou a ação de Israel como um “crime”, uma vez que os ativistas estavam em águas internacionais no momento em que foram cercados e atacados. “O que fizeram é um crime porque nós estávamos em águas internacionais. Eles sequestraram os nossos ativistas e estamos até agora sem conseguir falar com eles. Temos que parar Israel, o mundo precisa parar [Israel]”, clamou.
Há uma semana, o Conexão BdF entrevistou Thiago Ávila já embarcado, quando o ativista ressaltou estar ciente dos riscos envolvidos na missão, mas reafirmou o compromisso em romper o cerco humanitário imposto à Faixa de Gaza. “A interceptação é uma realidade ou pode acontecer ainda pior. […] Nos preparamos para esses cenários, mas esperamos que cheguemos de fato e consigamos ver esse corredor humano para os povos e que continuemos nessa ação direta não violenta”, revelou, na ocasião.
‘Não adianta falar que é errado e manter relações’
Luciana participou na tarde desta segunda de uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, pedindo, além da libertação dos ativistas, o rompimento imediato de relações diplomáticas com Israel. “O governo brasileiro ainda não rompeu com Israel. Não adianta falar que é genocídio, que é errado o que ele faz, se mantemos as relações”, criticou. “Esse é o maior genocídio televisionado da história[…] e os governos do mundo inteiro não estão se posicionando de forma firme”, lamentou.
A coordenadora relembrou que Israel tem usado a fome como arma de guerra, ao bloquear comida e água e atacar palestinos que tentam buscar ajuda. “Fazer fome é crime de guerra, atacar hospitais é crime de guerra, atacar escolas é crime de guerra. Eles falam do Hamas, mas mais de 70% das pessoas que eles estão assassinando são crianças e mulheres”, denunciou.
Para ouvir e assistir
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