
Toda mãe ou pai já passou (ou vai passar) por isso: um tombo, um galo na testa, um choro desesperado e aquela pergunta que grita por dentro: será que é grave?
Bater a cabeça na infância é algo comum. Crianças pequenas estão descobrindo o mundo, aprendendo a andar, a correr, a explorar… e, infelizmente, isso inclui escorregões, quedas e colisões. Mas o que muita gente não sabe é que nem toda pancada é perigosa e, ao mesmo tempo, alguns sinais discretos merecem atenção.
Por isso, informação é o melhor cuidado que você pode oferecer.
Galo na testa: grande susto, pequeno risco
A boa notícia: na maioria das vezes, a pancada termina só com um susto (e um gelo no coração dos pais). Aqueles galos enormes na testa, por exemplo, são hematomas externos. Impressionam, mas raramente indicam algo dentro do crânio.
O couro cabeludo é bem vascularizado, então até batidinhas leves podem inchar bastante. O mais importante não é o tamanho do galo, e sim como a criança está se comportando após o trauma.
O que observar nas primeiras 24 horas
Mesmo que a criança pareça bem, as próximas 24 horas são importantes. Fique atento a:
- Perda de consciência, mesmo que rápida;
- Vômitos (especialmente se repetitivos);
- Sonolência fora do comum ou dificuldade para acordar;
- Mudança de comportamento: confusão, choro inconsolável, irritabilidade incomum;
- Convulsões;
- Sangue ou líquido claro saindo do nariz ou ouvido;
- Pupilas de tamanhos diferentes;
- Dores de cabeça fortes ou que pioram com o tempo;
- Dificuldade para andar, falar ou mexer braços/pernas.
Se qualquer um desses sinais aparecer, procure atendimento médico imediatamente.
Pode dormir depois de bater a cabeça?
Uma dúvida comum e um dos maiores mitos. Antigamente se dizia que não podia deixar a criança dormir. Mas isso não é verdade.
Se a criança estava bem após a pancada, lúcida, sem sinais de alerta, e for o horário habitual do sono, ela pode dormir sim. O importante é observar se ela acorda normalmente, bem-disposta, com o comportamento de sempre. Se estiver confusa ou muito sonolenta, procure atendimento.
E o raio-X? Resolve?
Essa é outra dúvida frequente nos prontos-socorros. Muitos pais pedem um raio-X da cabeça para “ter certeza de que está tudo bem”. Mas aqui vai uma verdade importante: o raio-X, na maioria dos casos, não ajuda em nada.
O raio-X serve para ver ossos, e pode identificar fraturas no crânio. Mas o que realmente preocupa após uma batida na cabeça são as lesões no cérebro e essas não aparecem no raio-X.
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Por isso, exames como tomografia ou ressonância magnética são mais indicados quando há suspeita de algo mais sério. E mesmo assim, só se houver sinais clínicos que justifiquem. Fazer exames sem necessidade expõe a criança a radiação (no caso da tomografia) e não traz benefícios reais.
Precisa sempre fazer tomografia?
Não. A maior parte dos traumas leves não exige nenhum exame de imagem. A decisão é médica e individualizada.
O que determina a necessidade não é a ansiedade — é a presença de sinais de alerta, a idade da criança, a forma da queda e o comportamento depois do trauma.
O que fazer em casa
Se o trauma foi leve e a criança está bem:
- Aplique gelo local (com um pano) por 15 a 20 minutos;
- Observe o comportamento nas próximas horas;
- Evite atividades agitadas no mesmo dia;
- Dê carinho. O susto assusta mais que machuca.
E se algo parecer “fora do normal”, confie no seu instinto. Quem conhece seu filho é você.
Resumindo
- Galo não significa lesão cerebral;
- Raio-X quase nunca é necessário;
- Sono não é problema, desde que a criança acorde bem;
- Sinais de alerta exigem atenção imediata.
Quedas fazem parte da infância. Mas saber o que observar e o que é mito traz mais segurança e menos pânico. Afinal, quando o cuidado vem com informação, o coração dos pais também fica mais protegido.