No discurso inaugural da reunião Brasil-Caribe, nesta sexta-feira (13), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenou o bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba, e anunciou que o Haiti será um dos primeiros países a receber programas e ações da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.
“Nosso sentido de solidariedade é mais necessário do que nunca. Devemos seguir condenando o embargo contra Cuba e sua descabida inclusão em lista de países que apoiam o terrorismo. O mundo está carente de vozes que falem em nome do que é certo, justo e sensato”, disse o presidente a 12 chefes de Estado e governo reunidos no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF).
Lula destacou cinco áreas que serão prioritárias no diálogo e a comunidade do Caribe, sendo a primeira delas o enfrentamento às mudanças climáticas. O presidente ressaltou a necessidade de chegar à Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) – COP30, em Belém, unidos e com metas ambiciosas.
“Nossa medida de sucesso será o grau de ambição das novas NDCs [Contribuição Nacionalmente Determinada] a serem apresentadas”, afirmou o mandatário, agregando que o objetivo é chegar ao valor de US$ 1,3 trilhão em financiamento. “Cabe aos países ricos fazer frente às suas responsabilidades para que o Sul Global possa avançar em ritmo compatível com as suas circunstâncias”, declarou.
A segunda área destacada pelo presidente é a transição energética. Nesse sentido, Lula ressaltou o potencial do Caribe na produção de energia limpa. “O Caribe, que dividiu esse passado com o Brasil, também pode fazer parte desse futuro. A região tem intenso potencial para a produção de energia eólica e solar. O planejamento energético é a chave para atrair os investimentos de longo prazo. Isso requer o desenvolvimento de capacidades institucionais.”
Em matéria de segurança alimentar, Lula anunciou a adesão de Cuba, Santa Lúcia e o Banco do Desenvolvimento do Caribe à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa lançada pela presidência brasileira à frente do G20. Segundo o presidente, sete países do Caribe já integram a aliança. “Destaca-se a Garantia Safra, que protege produtores rurais de catástrofes naturais e o Programa de Cisternas que ajuda a combater a escassez de recursos hídricos”, disse o presidente.
Ainda no âmbito do combate à fome e à pobreza, Lula anunciou que o Haiti será um dos primeiros países a receber ações e programas da aliança global. “Em minha recente visita à França, afirmei em diferentes ocasiões que o Haiti não pode ser punido eternamente por ter sido o primeiro país das Américas a se tornar independente. Se ontem a punição veio sob sanções injustas e ingerência externa, hoje se reflete em postura de abandono e indiferença. É preciso que a comunidade internacional se engaje em prol de um plano nacional de desenvolvimento do país.”
Lula anunciou ainda que a Polícia Federal brasileira vai oferecer treinamento a cerca de 400 oficiais da polícia haitiana, com o objetivo de combater o crime organizado. Finalmente, o presidente manifestou insatisfação com o fato de o Brasil ter conexão aérea com apenas três países da região e defendeu que, juntos, se elabore um plano para ampliar a conectividade aérea e marítima.
“Ainda este ano, organizaremos, com apoio do CAF [Banco de Desenvolvimento da América Latina], o Fórum ‘O Brasil abre as portas para o Caribe’, que vai discutir como ampliar a conectividade entre nós e promover novos negócios. O Banco de Desenvolvimento do Caribe (CDB) também é um parceiro fundamental nesse esforço”, disse Lula, que anunciou ainda o aporte de US$ 5 milhões ao Fundo Especial de Desenvolvimento do CDB.
Há previsão de que o presidente brasileiro ofereça, ainda nesta sexta-feirt declaração à imprensa junto à primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que também preside a Comunidade do Caribe (Caricom).
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