
*Artigo escrito por Yuri Porto Nico, engenheiro civil, consultor de inovação, investidor, conselheiro de startups, sócio do Grupo Soma Urbanismo, cofundador da Bbutton Ventures e líder do Comitê Qualificado de Conteúdo de Inovação e Tecnologia do Ibef-ES.
Desde os tempos dos inventores empreendedores, como Thomas Edison e Henry Ford, passando pelos centros de pesquisa e desenvolvimento de gigantes como IBM e Xerox, até os programas de ideias e de intraempreendedorismo de organizações como a 3M e as empresas japonesas com o Sistema Toyota de Produção, a forma de se desenvolver a inovação evoluiu.
Assim como a economia, a inovação evoluiu em ondas, e a última, a da inovação aberta, termo cunhado em 2003 por Henry Chesbrough, representa uma ruptura com o modelo tradicional de inovação fechada, em que o conhecimento e o desenvolvimento tecnológico eram predominantemente internos às grandes organizações, e passaram a ser compartilhados entre as ágeis startups, centros de conhecimento acadêmico e as corporações com acesso a recursos e ao mercado.
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No Espírito Santo
O Espírito Santo já colhe os resultados dessa última onda da inovação. O estado passou pelo hype dos adotantes iniciais, com o pico de expectativas, e agora está chegando à maturidade na aplicação das práticas de inovação aberta.
Casos de sucesso como o da Lume Robotics ilustram como a inovação aberta é um impulsionador para o crescimento de startups e para a modernização de grandes empresas.
A Lume Robotics foi fundada em 2019 por pesquisadores do Laboratório de Computação de Alto Desempenho (LCAD) da Universidade Federal do Espírito Santo, após o desenvolvimento do projeto IARA (Intelligent Autonomous Robotic Automobile), um carro autônomo que, em 2017, protagonizou uma viagem de 74 km entre Vitória e Guarapari, sem motorista.
Grandes empresas
Após o feito, a startup chamou a atenção de grandes empresas como Vale, Petrobras, Portocel e ArcelorMittal, desenvolvendo projetos de diversos veículos autônomos, como o micro-ônibus autônomo em parceria com a Marcopolo.
Porém, com o Grupo Águia Branca, a relação de parceria foi mais profunda. Além do desenvolvimento do caminhão autônomo e do trator autônomo com uma das empresas do grupo, a VIX Logística, a parceria virou sociedade.
Hoje, a corporação capixaba é uma das principais sócias da startup, que mira a construção de uma montadora de carros, de marca própria, no norte do estado.
E esse movimento não se limita à Lume Robotics. O Espírito Santo vem se consolidando como terreno fértil para a inovação aberta, com um ecossistema em expansão que conecta startups, empresas, universidades e instituições de fomento.
Programas como o de Empreendedorismo Industrial do Findeslab, com mais de R$ 20 milhões investidos em 51 projetos, mostram essa evolução.
Além disso, a consolidação de hubs por todo estado e o surgimento de parques tecnológicos, como o PCTec InovaSerra e o novo parque do Ifes na Cidade da Inovação, reforçam a evolução da maturidade do ecossistema capixaba. Com essa estrutura que favorece a colaboração, o Espírito Santo caminha para se tornar referência nacional em inovação aberta.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.