Conversei com Alexandre Schubert, recém-eleito presidente da Ademi-ES para o próximo biênio, sobre sua visão para o futuro do mercado imobiliário no Espírito Santo e os desafios enfrentados pela associação.
Stanger: Alexandre, para começarmos, você pode nos contar um pouco mais sobre sua trajetória e sua experiência no mercado imobiliário?
Alexandre Schubert: Claro! Tenho 62 anos, sou capixaba e nasci na Praia do Canto. Minha formação é em Engenharia Civil pela UFES e, mais tarde, fiz um mestrado em Economia, com foco em planejamento financeiro para empresas incorporadoras, lá por 1997. Minha carreira no mercado imobiliário começou em 1985, com uma grande incorporadora daqui de Vitória. Passei 10 anos em São Paulo e, depois de atuar na construção pesada por mais de uma década, fundei a VTO, minha empresa, que atua há 15 anos no mercado de urbanismo, desenvolvimento de loteamentos e de condomínios empresariais.
Stanger: E sobre a Ademi-ES, qual é a sua visão sobre o formato da associação e o papel dela no mercado?
Alexandre Schubert: A Ademi-ES não tem um único presidente, na verdade, somos 25 presidentes, entre vice-presidentes, diretores, conselheiros e consultores fiscais. Todos têm um papel importante, e a gestão é coletiva. A Ademi-ES tem 46 anos de história e um papel fundamental na representação do mercado imobiliário do Estado. Atualmente, contamos com 132 associados e buscamos sempre trazer mais segmentos para a associação, como incorporadoras, loteadoras, imobiliárias, empresas de condomínio e de projetos.
Stanger: A associação tem ganhado muita força ao longo dos anos, e o que você considera como principal força da Ademi-ES atualmente?
Alexandre Schubert: A Ademi-ES tem se consolidado como a maior representante do mercado imobiliário capixaba, abrangendo uma ampla gama de segmentos. O associativismo é uma grande força, pois ele proporciona um canal direto de diálogo com os órgãos públicos e permite que os empresários do setor tenham uma voz mais forte nas decisões que afetam o mercado. O foco é sempre entender o que a sociedade demanda e responder a isso com ações efetivas.
Stanger: Falando sobre os desafios, você mencionou a transformação nas fontes de financiamento. Pode expandir um pouco mais sobre esse tema?
Alexandre Schubert: O mercado imobiliário sempre contou com fontes de financiamento tradicionais, como o FGTS e os empréstimos do SBPE. Porém, essas fontes estão se tornando escassas. O mercado financeiro está migrando para alternativas privadas, e isso representa um grande desafio. As empresas de construção precisam entender como lidar com essas novas fontes de capital, além de se adaptar a uma governança mais profissional para poder se conectar com esses novos investidores.
Stanger: Então, como a Ademi-ES lidará com essa questão da governança?
Alexandre Schubert: A governança é um tema central para o futuro do mercado imobiliário. Muitas empresas tradicionais no Espírito Santo, que são familiares, precisarão se profissionalizar. A ideia é que a gestão dessas empresas seja capaz de atender às novas exigências de investidores, tanto nacionais quanto internacionais. A transformação da governança é crucial, e isso começa com a capacitação das equipes e a adaptação das empresas para as novas demandas.
Stanger: E sobre o papel do corretor de imóveis? Como você vê a evolução da profissão?
Alexandre Schubert: O mercado de corretores de imóveis tem se desenvolvido muito nos últimos anos, mas ainda há muito a ser feito. O corretor precisa entender melhor o produto que está vendendo, ter um conhecimento profundo dos aspectos jurídicos e financeiros dos contratos e estar preparado para as mudanças rápidas que o mercado exige. O corretor também deve estar mais envolvido na concepção do produto, pois ele traz um feedback essencial do que o cliente quer e precisa. Ele deve ser parte do processo desde o início, o que ajudará a criar projetos mais alinhados com a demanda do mercado.
Stanger: O mercado imobiliário está atraindo profissionais de diversas áreas, como o mercado financeiro e até médicos. O que você acha desse movimento?
Alexandre Schubert: Eu vejo esse movimento como uma qualificação do mercado. Trazer profissionais de outras áreas é positivo, mas, para atuar no setor imobiliário, é necessário entender as especificidades do mercado. Cada área do mercado exige uma adaptação e, enquanto a formação acadêmica é importante, a experiência prática é que vai fazer a diferença. A adaptação ao mercado imobiliário exige tempo, conhecimento da cidade, do produto e dos processos.
Stanger: Como a Ademi-ES se prepara para os próximos desafios do mercado imobiliário?
Alexandre Schubert: O grande desafio será acompanhar a evolução da sociedade. A construção de um prédio é algo estático, mas a sociedade está em constante transformação. A Ademi-ES estará focada em antecipar as mudanças que estão por vir, desde as transformações no produto até as fontes de financiamento. Estamos atentos a essas mudanças, para que possamos adaptar nossas estratégias e sempre oferecer o melhor para o mercado imobiliário.
Stanger: Um tema importante é a sucessão da Ademi-ES. Como está lidando com esse tema?
Alexandre Schubert: Sucessão é muito importante. A Ademi-ES tem um papel fundamental em promover a continuidade da representação do setor, e a sucessão deve ser tratada com a mesma importância. O trabalho que o Eduardo Fontes fez na última gestão foi excelente, e o nosso desafio será dar continuidade a esse trabalho, sempre buscando estreitar diálogos com os associados, trazendo mais conteúdo e abordando as mudanças que o mercado exige. Cada presidente teve sua colaboração e foco em algum tema demandado pelos nossos associados.
A Ademi-ES realizou a eleição na ultima quinta-feira dia 12 de junho e a posse acontecerá em solenidade marcada para agosto.
Informação constrói! Até a próxima.
