Networking: a competência silenciosa que molda carreiras

O assunto networking costuma gerar reações mistas. Para alguns, a prática ainda carrega um peso pejorativo, associada a “fazer política” ou “se promover demais”. Para outros, é vista como algo natural — mas relegado a eventos, almoços e trocas de cartões. Poucos, no entanto, encaram o processo pelo que ele realmente é: uma competência estratégica, cada vez mais essencial para quem deseja crescer, se reinventar ou, até mesmo, sobreviver profissionalmente em contextos voláteis como o que vivemos. 

No setor de celulose, tradicionalmente técnico e orientado à operação, essa habilidade foi, por muito tempo, subestimada. Mas os tempos mudaram. A transformação digital, os novos modelos de liderança, as transições energéticas e as mudanças regulatórias estão exigindo dos profissionais uma atuação mais transversal, mais conectada e mais influente. E é aí que entra o networking — não como algo superficial, mas como uma rede viva de trocas, aprendizado e construção de confiança. 

O networking que funciona não é o de ocasião

Muitos profissionais só se lembram de ativar sua rede de contatos quando precisam de ajuda. Pode ser para uma transição de carreira, recolocação ou outro auxílio qualquer. É compreensível, mas extremamente ineficaz. Digo isso porque o networking sólido é aquele que se constrói no dia a dia, com consistência, interesse genuíno pelo outro e uma postura de troca. 

Trata-se de manter relações com ex-colegas, líderes, parceiros de projeto, fornecedores e, até mesmo, concorrentes com os quais se estabeleceu uma relação de respeito mútuo. É acompanhar os movimentos do setor, participar de fóruns, eventos e conselhos, e se manter presente — não como quem busca algo, mas como quem está disposto a dar e receber conhecimento, escuta, apoio e boas conexões. 

Na prática, isso pode significar desde enviar uma mensagem parabenizando um contato por uma conquista, até compartilhar uma vaga ou uma informação relevante que possa interessar àquela pessoa. Pequenos gestos despretensiosos têm potencial de construir vínculos duradouros. 

No setor industrial, networking também é benchmark 

Em setores de base, como o de celulose, em que a inovação costuma acontecer dentro das unidades fabris ou em áreas técnicas de P&D, o networking ganha outro papel: o de promover benchmark e troca de melhores práticas. Conhecer profissionais de outras empresas pode ajudar a resolver problemas de operação, antecipar tendências regulatórias ou até identificar talentos em comum. 

Executivos seniores, especialmente em posições de diretoria, podem se beneficiar de redes mais estruturadas — como conselhos setoriais, grupos de discussão, programas de mentoria cruzada e até comunidades de alumni de universidades ou programas de MBA. Já profissionais em início ou meio de carreira têm muito a ganhar ao manter contato com ex-colegas, professores e até fornecedores. O importante é cultivar essas conexões com autenticidade e constância. 

Networking não é autopromoção — é visibilidade estratégica 

É comum escutar de profissionais técnicos a seguinte frase: “meu trabalho fala por mim”. E, de fato, uma entrega bem-feita é sempre um ótimo cartão de visitas. Mas, em um mercado competitivo e em constante transformação, nem sempre bons resultados bastam. Se as pessoas certas não sabem o que você está fazendo, seu impacto pode ser subestimado — e as oportunidades, desperdiçadas. 

A visibilidade estratégica não tem a ver com se exibir, mas com comunicar com clareza seus projetos, seus aprendizados e suas conquistas para quem pode se beneficiar disso. Isso pode ser feito por meio de uma participação em eventos técnicos ou publicações em redes profissionais como o LinkedIn. Contribuir com iniciativas coletivas dentro da empresa também pode funcionar. 

O networking, nesse contexto, deixa de ser uma vitrine e passa a ser um espaço de conexão com propósito. Quanto mais você compartilhar e colaborar, mais você se tornará referência — e mais você ampliará sua rede de contatos e reconhecimentos. 

Em momentos de crise, o networking pode ser uma bússola 

Outro ponto importante: quando surgem dificuldades, como uma reestruturação, uma demissão inesperada ou uma decisão difícil de carreira, o networking pode fazer a diferença. Ter alguém de confiança para conversar, pedir uma orientação ou solicitar indicação para uma oportunidade tende a dar segurança e tração para atravessar períodos desafiadores. 

E isso vale também pensando nas empresas. Organizações com bons relacionamentos institucionais e reputação positiva no mercado atraem mais talentos, parceiros e investidores. O networking é, portanto, um ativo coletivo — que começa nas pessoas. 

Como fortalecer seu networking a partir de agora? 

Muitas pessoas parecem já nascer com a habilidade de criar, desenvolver e manter relacionamentos. Mas, acredite, é possível se tornar bom nessa arte com algumas boas práticas: 

  • Seja intencional: Pense em quem são as pessoas com as quais você gostaria de manter contato. Mapeie sua rede atual e identifique lacunas; 
  • Mantenha a constância: Não espere precisar para fazer conexão com alguém. Um bom networking se alimenta no cotidiano; 
  • Participe de comunidades: Grupos do seu setor, eventos técnicos, fóruns e programas de mentoria são ótimos pontos de encontro; 
  • Compartilhe conteúdo: Publique aprendizados nas redes sociais, comente o que está acontecendo no setor e amplifique boas práticas; 
  • Ofereça ajuda antes de pedir: Networking é via de mão dupla, mas, se possível, dê o primeiro passo. Quem contribui tende a ser lembrado; 
  • Cultive a escuta ativa: Mais do que falar sobre si, ouça os outros com real interesse. 

No fim das contas, o networking não é sobre a quantidade de contatos que você possui, tem mais relação com a qualidade dessas conexões. E em um setor como o de celulose, que vive um momento de consolidação e reposicionamento estratégico, a capacidade de se conectar com inteligência e generosidade pode ser o diferencial entre ficar para trás ou avançar junto com a transformação. 

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