Com “biscoito da confiança”, vendedor inova nos semáforos: “Vejo honestidade nas pessoas”

Biscoito da confiança. Foto: Reprodução

O empreendedor Johnson Apolinário, de 40 anos, encontrou uma forma inusitada e inspiradora de vender biscoitos no trânsito de Vitória. Apostando na honestidade dos clientes, ele criou o “biscoito da confiança”: o motorista recebe o produto parado no semáforo e só paga depois, quando chegar ao destino.

Johnson realiza as vendas há aproximadamente 3 meses e conta com uma equipe de cinco pessoas para colocar o projeto em prática.

Segundo ele, a ideia surgiu de um amigo, que já vendia biscoitos e queria testar o modelo do “biscoito da confiança”, por isso convocou Johnson para participar do projeto e ele aceitou. Atualmente, seu amigo não é mais seu sócio, mas Johnson seguiu com as vendas.

“O que mais me chamou a atenção na ideia do meu amigo foi dar um voto de confiança para as pessoas e está funcionando”, afirmou Johnson.

Ele e a equipe ficam em semáforos no Centro de Vitória e na Enseada do Suá, de segunda a sábado. Ele disse que, apesar do projeto acontecer no trânsito, quando os clientes fazem pedidos próximo às rotas do comércio, eles também fazem entregas.

Johnson Apolinário realiza as vendas do biscoito da confiança há 3 meses. Foto: Reprodução

Eu vejo a honestidade nas pessoas… e perdoo os que não pagam

Johnson contou que, por ser cristão, sua principal motivação com o “biscoito da confiança” é evocar a honestidade na população.

Primeiro, as pessoas me chamam de doido, pedem para pagar na hora e eu sempre falo que o pagamento é feito depois. Eu sempre fui fora da curva, sempre fui ousado. Eu acredito que a gente aciona aquilo que está adormecido nas pessoas. Então eu quero acionar a honestidade e a generosidade.

Ele lembra de um momento que o marcou. Um cliente pegou um pacote de biscoitos e prometeu que voltaria na rua em que encontrou Johnson para fazer o pagamento. “E ele falou comigo: ‘Viu? Eu falei que eu ia voltar. Eu desviei da minha rota para vir aqui’. Essa situação me motiva, porque eu vejo a honestidade nas pessoas”, enfatizou Johnson.

Apesar das vendas funcionarem, ele não desanima com aqueles que eventualmente não pagam: “É claro que há pessoas que não pagam, eu sei disso. Mas eu decido focar na confiança. Assim, eu perdoo os que não pagam e agradeço os que pagam.”

Convites e até ofertas de emprego nos semáforos

O “biscoito da confiança” não é o primeiro empreendimento de Johnson. Ele contou que há aproximadamente 6 anos começou a vender trufas de chocolate nas ruas. Ele estava desempregado e teve a ideia das vendas para organizar um aniversário para a filha, que na época tinha 2 anos.

O que começou como uma renda extra, tornou-se algo muito maior. No primeiro momento, ele comprou 60 trufas da vizinha e começou a vendar nas ruas. Em 1h30, todas as trufas já tinham sido vendidas.

“No dia seguinte, eu comprei 100 e vendi todas. No outro dia, comprei 150, também vendi. Já chegou ao ponto de eu vender 460 trufas em um dia”, completou Johnson.

Ele afirmou que também recebia muitos convites para trabalhar para alguns clientes empresários: “Eles viam que eu era bom vendendo e me ofereciam empregos, mas não valia a pena, porque eu fazia muito mais dinheiro nas vendas.”

O empreendedor passou então a realizar as vendas em um espaço fixo e a oferecer cursos e palestras sobre vendas. Ele contou que chegou a fazer palestras dentro e fora do Espírito Santo, auxiliando funcionários de lojas e até mesmo empresários em seus comércios.

Há alguns meses, Johnson aceitou a ideia inovadora do amigo e empreende no trânsito dessa maneira inusitada. “O que importa não é o biscoito, não é o produto, mas sim o modelo. Essa ideia de gerar generosidade e honestidade”, declarou o empreendedor.

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