Cessar-fogo entre Irã e Israel começa com trocas de acusações de violação do acordo

O cessar-fogo entre Israel e Irã, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou em vigor nesta terça-feira (24) em meio a acusações mútuas de violação. Poucas horas após o anúncio da trégua, Teerã acusou Israel de ter executado ataques em território iraniano durante a manhã.

“O regime sionista realizou três ondas de ataques em locais do território iraniano até 9h de hoje (2h30 de Brasília)”, declarou um porta-voz do comando das Forças Armadas citado pela televisão estatal.

Israel também acusou Teerã de novos ataques com mísseis. O ministro israelense da Defesa, Israel Katz, prometeu uma resposta “com força”.

A televisão estatal do Irã citou o Estado-Maior das Forças Armadas para afirmar que “não houve lançamento de mísseis do Irã em direção aos territórios ocupados ao longo das últimas horas”.

O cessar-fogo proposto por Trump previa que o Irã suspendesse suas operações militares a partir de 0h de Washington (1h de Brasília) e que Israel fizesse o mesmo doze horas depois. Ao aceitar a proposta, Israel declarou ter alcançado seus objetivos de guerra, incluindo a eliminação da “ameaça nuclear e balística” iraniana.

Antes do anúncio da trégua, ataques de ambos os lados deixaram mortos. Um míssil iraniano atingiu um edifício residencial em Berseba, no sul de Israel, matando quatro pessoas. Em seguida, bombardeios israelenses deixaram ao menos nove mortos no norte do Irã.

Apesar do cessar-fogo, o Irã mantém tom de alerta. O Conselho de Segurança Nacional do país afirmou que forçou Israel a “cessar unilateralmente” a guerra e garantiu que seguirá preparado para responder a qualquer nova ofensiva. “Com os dedos no gatilho”, Teerã promete reagir caso a trégua seja violada.

Escalada em 13 de junho

O conflito entre Israel e Irã começou em 13 de junho com uma agressão israelense que incluiu bombardeios contra alvos em território iraniano. Tel Aviv justificou o ataque utilizando um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmando que Teerã representaria uma ameaça iminente ao país, afirmação logo rechaçada pela própria agência. Especialistas dizem que o programa nuclear iraniano estaria longe de ser capaz de produzir armas atômicas.

Desde então, a violência e o número de vítimas civis ou não escalaram nos dois países, incluindo assassinatos de nomes importantes do governo iraniano. Israel, que tem apoio político e diplomático do Ocidente, conta com ajuda militar dos EUA, que entraram diretamente no conflito no último sábado (21), com ataques a instalações nucleares iranianas.

A disputa entre Israel e Irã tem raízes profundas, remontando à Revolução Iraniana de 1979, quando Teerã se afastou politicamente do Ocidente e deu início a uma política mais expansiva de defesa da resistência palestina, se aliando ao longo dos anos a grupos guerrilheiros como o Hezbollah, no Líbano, o Hamas, na Palestina, e os Houthis, no Iêmen, para resistir à violência israelense.

Um ataque de Israel vinha sendo cogitado abertamente pelo governo de Benjamin Netanyahu há anos, e analistas dizem que Tel Aviv aproveita agora um momento de enfraquecimento destes grupos de resistência, assim como a queda do governo de Bashar Al-Assad na Síria, tradicional aliado iraniano. Tirar a atenção do genocídio em Gaza, que sofre crescente condenação internacional, seria outro fator que explica o momento do ataque atual.

Com AFP

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