Servidores públicos do Distrito Federal realizaram um ato unificado na tarde desta segunda-feira (23) em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo distrital. A mobilização reuniu professores, enfermeiros, agentes de trânsito, trabalhadores da limpeza urbana e outras categorias que denunciam a falta de diálogo do governo Ibaneis Rocha (MDB) e a crescente ‘judicialização’ dos movimentos sindicais.
De acordo com os manifestantes, o governador tem tratado as reivindicações das categorias como ações “meramente políticas”, aplicando multas milionárias e ameaçando com corte de ponto. O ato, convocado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF) e diversos sindicatos,exigiu mais respeito, diálogo e valorização dos servidores públicos.
“Nós temos uma situação muito crítica no Distrito Federal em que várias áreas do setor público enfrentam dificuldades na relação com o governo. Vários sindicatos que fizeram manifestações foram perseguidos pela justiça com decisões absurdas do judiciário, criminalizando o movimento paredista, paralisações, greves antes mesmo delas acontecerem. Então essa relação dificulta o diálogo entre o governo e aqueles que representam os trabalhadores que fazem o serviço público”, observou o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.
No começo deste mês, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) declarou a greve dos professores como abusiva, determinando multa de R$ 1 milhão por dia de paralisação. Situação similar enfrentam os enfermeiros, que acumulam quase R$ 800 mil em multas por paralisações anteriores.
“O governador não tem dialogado com as categorias, pelo contrário, tem dito que as que as as movimentações são políticas, mas isso não expressa o sofrimento das categorias no dia a dia, que estão trabalhando sem condições dignas de trabalho, muitos profissionais sofrendo violência, trabalhadores adoecidos”, destacou o presidente do Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiros) Jorge Henrique Sousa.

No dia 11 de junho, enfermeiros, vinculados à Secretaria de Saúde do DF, fizeram uma paralisação de 12 horas em protesto por melhores condições de trabalho, isonomia salarial e reestruturação do plano de carreira. Mais de 10 dias depois da paralisação, o presidente do SindEnfermeiros disse que a categoria não foi recebida pelo governo do DF. “O governo não recebeu e não sinalizou nenhum canal de diálogo, pelo contrário, pediu para que a justiça aplicasse uma multa”, ressaltou.
De acordo com Sousa, o sindicato já acumula uma dívida de cerca de R$ 800 mil reais em multa por paralisações desde 2024. “Vamos continuar com o nosso calendário de mobilização também esse ano para que o governo receba os os enfermeiros e trate com respeito as categorias do serviço público aqui do Distrito Federal”, finalizou.
Presente no ato, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) destacou o papel dos servidores públicos. “Servidores e servidoras constroem as políticas públicas e as políticas públicas são fundamentais para assegurar cidadania, para assegurar direitos, para assegurar a liberdade”.
Desvalorização da Educação
A greve dos professores que iniciou no dia 2 de junho também foi pauta da manifestação. “O tratamento que o GDF dá aos professores se estende às outras categorias também, na verdade, é um modelo de governar que é o de desmonte do Estado, de privatização. Então, por isso que aqui tem representantes de todas as categorias”, disse a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Rosilene Corrêa.
Uma nova assembleia da categoria para definir os rumos da greve está convocada para a quarta-feira (25), às 9h, no estacionamento da Funarte, no eixo monumental de Brasília.
O Brasil de Fato DF solicitou posicionamento ao GDF sobre as denúncias de falta de diálogo e judicialização de manifestações, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto.
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O post Servidores do DF denunciam ‘criminalização’ de greves e falta de diálogo com governo apareceu primeiro em Brasil de Fato.