A campanha para transformar o prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em centro de memória em defesa dos direitos humanos no Rio de Janeiro ganhou o reforçou do cineasta Walter Salles. Em vídeo nas redes sociais, o diretor do filme ganhador do Oscar Ainda Estou Aqui (2024) defendeu que a memória e a democracia andam de mãos dadas.
“A memória é aquilo que nos define, é aquilo que nos conta de onde nós viemos, quem nós somos e que nos permite responder à pergunta para onde a gente quer ir. Ainda estou aqui, é um filme sobre memória. A memória da família Paiva, brilhantemente reconstruída no livro de Marcelo Rubens Paiva e também um filme sobre a memória do país que o próprio Marcelo também reconstrói ao longo de mais de 30 anos”, afirmou.
Localizado na Rua da Relação, no centro do Rio, o edifício que abrigou um dos mais emblemáticos aparatos de tortura da ditadura militar, é sede do Palácio da Polícia e encontra-se em estado de conservação precário.
Em maio deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e à Secretaria do Patrimônio da União (SPU) que adotassem as providências para transformar o antigo Dops em centro de memória.
A campanha “Sem memória não há democracia” busca pressionar a ministra Esther Dweck, do MGI, a retomar o imóvel histórico ao patrimônio federal. Qualquer pessoa pode se somar a iniciativa, assinando um e-mail endereçado à Dweck na página da campanha (neste link).
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“Estou aqui para me somar às vozes que pedem para a ministra Esther Dweck considerar fazer um centro de memória no antigo prédio do Dops, onde tantas pessoas foram encarceradas e torturadas durante a ditadura militar. Memória e democracia andam de mãos dadas”, finaliza o cineasta.
A atriz vencedora do Globo de Ouro Fernanda Torres também já havia manifestado apoio à campanha. Ela, que deu vida à Eunice Paiva no cinema, lembrou que a advogada se aliou a luta pelos direitos humanos após perder o marido, o ex-deputado Rubens Paiva, em um dos porões da ditadura.
“A reflexão que o filme trouxe a jovens que não compreendeu exatamente o que significa essa palavra ditadura, foi um dos grandes feitos desse filme. E agora a gente tem a chance de transformar o prédio do Dops, onde grande parte desses assassinatos e torturas aconteceram no Rio de Janeiro, de transformar esse prédio no museu sobre os direitos humanos, o que é uma ideia maravilhosa”, disse Torres em vídeo.
O Brasil de Fato pediu um posicionamento para a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), vinculada ao MGI, sobre o andamento das providências para transformar o prédio do Dops em centro de memória. O texto será atualizado caso haja um retorno.
O post Walter Salles reforça campanha por centro de memória no prédio do Dops no Rio: ‘memória e democracia andam de mãos dadas’ apareceu primeiro em Brasil de Fato.