Mulher gravemente queimada em desastre vulcânico que matou 22 pessoas mostra como está 5 anos depois

Mulher gravemente queimada em desastre vulcânico que matou 22 pessoas mostra como está 5 anos depois

Stephanie Browitt tinha 23 anos quando sua vida mudou para sempre. Era 9 de dezembro de 2019, e ela estava numa excursão à ilha vulcânica de Whakaari, também conhecida como White Island, na costa da Ilha Norte da Nova Zelândia. A paisagem impressionante, no entanto, escondia um perigo mortal. O vulcão, que já apresentava sinais de atividade nas semanas anteriores, entrou em erupção de forma violenta e repentina.

Stephanie lembra com clareza do momento do desastre. “Em segundos, percebemos que estava entrando em erupção e começamos a correr para salvar nossas vidas. Tudo aconteceu tão rápido que não tivemos nenhuma chance de escapar”, relatou. A força devastadora veio de um fluxo piroclástico – uma avalanche de gás superaquecido, cinzas e fragmentos de rocha que se move a velocidades impressionantes.

Esse fenômeno foi responsável pela morte de 22 pessoas que estavam na ilha naquele dia, quase metade dos visitantes. Outras 25 pessoas, incluindo Stephanie, sofreram ferimentos gravíssimos. Entre as vítimas fatais estavam seu pai, Paul, e sua irmã, Krystal.

Em dezembro de 2019, uma erupção vulcânica mortal ocorreu em Whakaari/Ilha Branca enquanto turistas visitavam o local

Em dezembro de 2019, uma erupção vulcânica mortal ocorreu em Whakaari/Ilha Branca enquanto turistas visitavam o local

A mãe de Stephanie, que tem esclerose múltipla, havia ficado no navio de cruzeiro, fato que deu à jovem uma razão imediata para lutar pela vida: “Ela precisa de nós, eu tenho que sobreviver por ela”, pensou naquele instante de terror.

A sobrevivência de Stephanie veio a um custo físico imenso. Ela sofreu queimaduras profundas em impressionantes 70% de seu corpo. As áreas afetadas incluíram seu rosto, mãos, pernas, abdômen, costas e peito. As queimaduras foram classificadas como de espessura total, o que significa que todas as três camadas da pele – epiderme, derme e hipoderme – foram completamente destruídas.

Nesses casos graves, a pele frequentemente é carbonizada, e o tecido subjacente pode aparecer pálido ou enegrecido; a pele remanescente fica seca e branca, marrom ou preta, sem formar bolhas. As consequências exigiriam intervenções médicas radicais. Stephanie passou seis meses agonizantes no hospital, onde enfrentou múltiplas cirurgias, incluindo a amputação de oito dedos.

Passados cinco anos da tragédia, a vida de Stephanie Browitt, agora com 28 anos, é marcada por uma rotina diária de cuidados intensivos e uma demonstração contínua de resiliência.

Sua recuperação foi e continua sendo um processo lento e complexo. Ela passou por tratamentos extensivos, incluindo sessões em câmaras hiperbáricas (que usam oxigênio puro sob pressão para acelerar a cicatrização), diferentes formas de fisioterapia, terapia da fala e tratamentos a laser para as cicatrizes.

Stephanie Coral Browitt estava visitando a ilha durante as férias com sua mãe, pai e irmã (Instagram/@stephaniecoral96)

Stephanie Coral Browitt estava visitando a ilha durante as férias com sua mãe, pai e irmã (Instagram/@stephaniecoral96)

Uma parte crucial e visível de seu tratamento envolve o uso constante de roupas compressivas. Essas vestimentas especiais, que cobrem grande parte de seu corpo, exercem pressão uniforme sobre a pele enxertada e as cicatrizes, ajudando a achatar o tecido cicatricial, melhorar a circulação sanguínea e reduzir a coceira intensa que frequentemente acompanha queimaduras graves.

O cuidado com sua pele é uma prioridade absoluta todos os dias. Stephanie dedica tempo à hidratação minuciosa de todo o corpo, utilizando loções e óleos específicos para manter a pele enxertada o mais flexível e saudável possível.

A proteção solar é outra etapa não negociável. Como a pele queimada é extremamente sensível aos raios ultravioleta e tem maior risco de desenvolver câncer, o uso de protetor solar com alto FPS é essencial sempre que ela se expõe ao sol, mesmo por curtos períodos. Esses cuidados meticulosos, mantidos ao longo dos anos, têm sido fundamentais para a melhora contínua do aspecto e da saúde de sua pele.

70 por cento do corpo de Stephanie foi coberto por queimaduras de espessura total (Instagram/@stephaniecoral96)

70% do corpo de Stephanie foi coberto por queimaduras de espessura total (Instagram/@stephaniecoral96)

Um aspecto central de sua rotina atual é a terapia ocupacional semanal focada em suas mãos. A amputação de oito dedos representou um desafio monumental para sua independência e funcionalidade. Nessas sessões, ela trabalha incansavelmente para manter e melhorar a força, a destreza e a amplitude de movimento nas mãos remanescentes.

Os exercícios podem envolver desde atividades aparentemente simples, como segurar objetos de diferentes tamanhos e texturas, até tarefas mais complexas que simulam ações do dia a dia. “Acho que ainda faz uma enorme diferença para minhas mãos e sua função, além de cuidar da minha pele”, explicou Stephanie. “A última coisa que quero é que minhas mãos regridam e, como ainda vejo mudanças positivas, continuarei indo semanalmente”. Essa terapia é vital para que ela consiga realizar atividades cotidianas com maior autonomia.

A jornada de aceitação do seu novo corpo foi profundamente desafiadora. “Aprender a me amar em minha nova pele levou tempo”, compartilhou Stephanie. Ela enfrentou períodos intensos de insegurança e medo constante do julgamento alheio.

Ela agora vive com as cicatrizes daquele dia devastador (Instagram/@stephaniecoral96)

Ela agora vive com as cicatrizes daquele dia devastador (Instagram/@stephaniecoral96)

Um marco significativo em sua jornada de aceitação foi quando ela conseguiu usar um maiô de duas peças pela primeira vez após o acidente, um momento de conquista pessoal contra a vergonha e a autoconsciência. Outro passo importante foi sua decisão de compartilhar abertamente sua aparência e sua rotina com um público amplo.

Stephanie encontrou uma poderosa ferramenta de conexão e apoio nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde conquistou mais de 1,8 milhão de seguidores. Ela usa essa plataforma não para buscar fama, mas para oferecer representação e esperança. Em posts recentes, ela mostra com naturalidade sua rotina de cuidados – aplicando cremes, vestindo as roupas compressivas, participando da terapia ocupacional – sob a legenda “5 anos depois e é assim que é meu cuidado com as queimaduras agora”. “

A representação realmente importa quando se trata de cura. Eu precisei disso enquanto me recuperava”, afirmou. “Ver outras pessoas com queimaduras vivendo uma boa vida me devolveu a esperança de que meu futuro não estava totalmente perdido”. Seu objetivo é claro: ser uma voz e um exemplo para outros sobreviventes de queimaduras, mostrando que é possível reconstruir uma vida plena e encontrar beleza e força após a tragédia.

Cinco anos depois, Stephanie agora usa sua plataforma nas redes sociais para defender vítimas de queimaduras, além de atualizar seus seguidores sobre sua jornada de recuperação (Instagram/@stephaniecoral96)

Cinco anos depois, Stephanie agora usa sua plataforma nas redes sociais para defender vítimas de queimaduras, além de atualizar seus seguidores sobre sua jornada de recuperação (Instagram/@stephaniecoral96)

O desastre de Whakaari/White Island teve repercussões significativas além das vidas diretamente afetadas. Em 2023, após um longo processo legal, a empresa Whakaari Management Limited, responsável por licenciar as visitas turísticas à ilha vulcânica, foi considerada culpada por não ter feito o suficiente para “minimizar o risco” para os visitantes no dia da erupção fatal.

O juiz Evangelos Thomas criticou as “falhas surpreendentes” da empresa em garantir a segurança. Um ano depois, em 2024, um tribunal em Auckland determinou que a empresa pagasse uma indenização total de 10,21 milhões de dólares neozelandeses (aproximadamente 31 milhões de reais) às famílias das vítimas mortais e aos sobreviventes, incluindo Stephanie Browitt. Essa decisão judicial buscou, de alguma forma, responsabilizar a empresa pelas escolhas que levaram à tragédia evitável.

@stephaniecoral96

5 years on & this is what my burns care looks like now 🥳 #burns #burnssurvivor #survivor #whiteisland #eruptionsurvivor #volcanoeruption #recovery #life #whakaarieruption #ditl #diml #dayinmylife #skincare #selfcare

♬ original sound – Stephanie Coral Browitt

A história de Stephanie Browitt é um testemunho silencioso, porém eloquente, da capacidade humana de enfrentar o inimaginável. Cinco anos após ser atingida pelas forças brutais de um vulcão em erupção, sua vida é uma tapeçaria tecida com fios de dor, perda, tratamento constante e uma determinação inabalável de seguir em frente.

Cada aplicação de creme, cada sessão de terapia, cada postagem nas redes sociais é um passo no seu caminho contínuo de cura física e emocional. Ela não apenas sobreviveu ao fluxo piroclástico, mas continua, a cada dia, a construir uma vida com significado e a inspirar outros com sua coragem transparente e sua recusa em ser definida apenas pelas suas cicatrizes. O vulcão Whakaari pode ter mudado seu corpo para sempre, mas não conseguiu extinguir o espírito de uma jovem determinada a viver.

Esse Mulher gravemente queimada em desastre vulcânico que matou 22 pessoas mostra como está 5 anos depois foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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