‘Foi muito chute na cabeça e no tórax’: médica agredia por paciente durante atendimento em Juiz de Fora teve traumatismo craniano


Carla Helena Honório Costa, 55 anos, foi jogada contra a parede e agredida também com uma pedra. Antes da fuga, paciente depredou unidade de saúde. Médica diz que já tinha feito abaixo-assinado pedindo mais segurança na unidade de saúde. Carla Helena Honório, médica agredida em UBS de Juiz de Fora
TV Integração g1 Zona da Mata
A médica Carla Helena Honório Costa, 55 anos, agredida por uma paciente dentro de um consultório da UBS do Bairro Furtado de Menezes, teve traumatismo craniano, um enfisema no tórax e ferimentos no rosto e no braço. Ela está internada no Hospital da Unimed e até a noite desta quinta-feira (26) não tinha previsão de alta.
▶️ Clique aqui e siga o perfil g1 Zona da Mata no Instagram
Médica foi agredida durante o atendimento
Segundo a médica, a paciente já apresentava comportamento agressivo na recepção da unidade de saúde. Durante a consulta, ela teria questionado algumas orientações da profissional e se irritou com a ausência de uma data na receita.
Carla começou a trabalhar na unidade de saúde há cerca de 10 dia e, ao tentar chamar outra médica para avaliar o prontuário, a paciente a jogou contra a parede e iniciou as agressões.
“Foi muito chute, principalmente na cabeça e no tórax, e vários golpes com a pedra. Quando as meninas conseguiram me tirar do chão, o meu nariz sangrava muito e eu corri para a recepção. Ela continuou gritando falando que ia matar quem quer que fosse e quando ela me viu atrás do vidro, pegou o capacete e quebrou o vidro, que quebrou todo na minha cabeça. Ela só foi embora quando alguém gritou que havia chamado a polícia”, relembrou Carla.
A pedra usada no ataque foi encontrada pela PM dentro do consultório médico, de acordo com o Boletim de Ocorrência.
O caso foi encaminhado para a Polícia Civil, que vai investigar a agressão. Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora disse que prestou apoio psicológico à médica e aos funcionários da UBS.
Leia, ao final da reportagem, o que dizem a Prefeitura e o Sindicato dos Médicos.
Médica trabalhava com sensação de insegurança
Médicos de Juiz de Fora paralisam atividades após profissional ser agredida na UBS do Bairro Furtado de Menezes
Gabriella Santiago/Arquivo Pessoal
Carla Honorário, que também atende em outra unidade de saúde, na Regional Leste, contou que já havia enviado um abaixo-assinado à Prefeitura pedindo mais segurança aos profissionais da rede pública municipal.
“Até então não tinha acontecido comigo, mas com diversos outros colegas então eu expus a situação implorando que tivesse uma assistência policial porque a gente fica muito vulnerável”, explicou.
Questionada sobre o motiva a raiva dos usuários, a médica disse acreditar em insatisfação.
“É um sistema que eu não digo que não funciona, mas muito desorganizado”, analisou.
Médicos protestam e cobram mais segurança
Nesta quinta-feira, cerca de 100 médicos da rede pública de saúde se reuniram em frente à Prefeitura para cobrar mais segurança nas unidades e melhores condições de trabalho.
Os profissionais foram recebidos para uma reunião com representantes do Executivo e um novo encontro foi marcado para a próxima semana. Entre os encaminhamentos acordados entre as partes está a elaboração de campanhas de conscientização sobre a importância da atenção primária e a violência contra os profissionais.
“Nós não estamos aqui para ser mais um embate, nós estamos para ajudar a população, nós estamos para servir, estamos do mesmo lado. Nós sofremos tanto quanto eles, nos estamos ali para servir eles e muitas vezes nos deparamos com as mesmas dificuldades que eles encontram porque nós também ficamos angustiados por não conseguir prover o cuidado que eles merecem então isso é uma coisa que já estamos em discussão com a gestão, completou o médico Lucas Pereira de Carvalho.
LEIA TAMBÉM:
Homem quebra vidro da recepção da UPA Norte, em Juiz de Fora; VÍDEO
UBS Santo Antônio é fechada após usuário agredir outro em Juiz de Fora
Paciente agride médica durante atendimento na UBS do Bairro Furtado de Menezes, em Juiz de Fora
Médica foi agredida em UBS do Bairro Furtado de Menezes, em Juiz de Fora
Letícia Damasceno/TV Integração
O que diz a Prefeitura?
“A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) reitera que os episódios recentes de agressão, ameaça e depredação registrados em unidades de saúde da cidade são absolutamente injustificáveis. Esses atos refletem uma cultura de violência que, longe de resolver problemas, apenas agrava os desafios enfrentados pela saúde pública e penaliza diretamente a população usuária do SUS.
A Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, tem acompanhado de perto cada uma das ocorrências e está em diálogo constante com as autoridades de segurança para que os autores sejam identificados e responsabilizados pelos crimes ocorridos.
A PJF informa, ainda, que todas as unidades de saúde municipais contam com o apoio da Guarda Municipal. Em situações de maior complexidade, como no caso das UPAs que têm gestão terceirizada, a segurança é de responsabilidade da instituição gestora, mas com apoio da Guarda sempre que necessário.
Com relação à paralisação temporária de atividades em parte das unidades básicas de saúde nesta quinta-feira (26), em ato de protesto realizado por profissionais da rede municipal, a Prefeitura confirma que mais de 20 unidades aderiram à paralisação parcial durante o turno da manhã. No entanto, a maioria retoma o atendimento ao longo da tarde, com exceção das UBSs dos bairros Borboleta, Jardim Natal, São Benedito e Vila Olavo Costa. A Prefeitura mantém-se aberta ao diálogo, reafirmando seu compromisso com a valorização dos profissionais de saúde e com a garantia de um serviço público de qualidade para toda a população.
Por fim, a Prefeitura reafirma que situações de violência nas unidades de saúde não podem ser naturalizadas nem toleradas. É preciso fortalecer o respeito e o pacto de civilidade entre profissionais e usuários do SUS. A PJF informa também que o atendimento na UBS Furtado de Menezes seguirá suspenso até esta sexta-feira (27) e será retomado na próxima segunda-feira (30). A medida é necessária para viabilizar o acolhimento da equipe profissional, que está passando por acompanhamento após a agressão sofrida por uma servidora, e para a realização de reparos no ambiente interno da unidade. A Prefeitura de Juiz de Fora informa ainda, que diante do episódio de violência registrado em uma unidade de saúde, já foram adotadas medidas concretas: oferta de atendimento psicológico e social à profissional agredida e a toda a equipe; definição de conduta para casos de agressão física, com interrupção imediata do serviço e avaliação pela gerência; e lançamento de campanhas institucionais nas redes sociais sobre o papel da Atenção Primária e o combate à violência. Também está agendada para a próxima quinta-feira uma reunião com o secretário de Segurança para discutir o apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar às unidades”.
Nota do Sindicato dos Médicos
“O Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora e da Zona da Mata de Minas Gerais, na condição de legítima representação classista dos médicos que trabalham na Prefeitura de Juiz de Fora, vem por meio desta nota esclarecer que os serviços de atendimento nos postos de saúde da cidade foi suspenso na data de hoje, 26 de junho de 2025, em razão de fatos que se tornaram públicos. Uma médica da UBS Furtado de Menezes, que iniciava seus trabalhos no SUS, foi agredida em seu ambiente de trabalho, uma repartição pública municipal, com extrema violência e crueldade, evidenciando o potencial agressivo e violento da agressora. A profissional sofreu lesões corporais graves, estando sujeita até a risco de morte diante da agressão. Tal fato deve ser intolerável para todos e os médicos dos postos de saúde, em movimento rápido e coordenado, reagiram com dignidade, realizando manifestação pacífica na porta do prédio central da Prefeitura e solicitando escuta por parte dos responsáveis pela saúde no município. É de se destacar que o Sindicato dos Médicos incluiu em sua pauta de reivindicações de 2025 a questão da segurança nos locais de trabalho, não sendo este item específico da pauta, como todos os outros, atendido pela administração municipal. Esse descaso teria consequências. E teve. Não se constrói um SUS eficiente e humanizado desta forma, em cima das ruínas de uma classe ameaçada. Os dados são claros e mostram o aumento, a cada ano, de atos de violência contra profissionais de saúde e outras práticas delituosas em unidades de saúde, como furtos. Chegando ao cume com uma agressão de violência inaudita. É hora da classe médica e do gestor público pensarem, com empatia e responsabilidade, nesta situação. Nada garante que não se repetirá. O Sindicato exige respeito e diálogo. Essas reivindicações são o mínimo que se pode esperar da parte do empregador. Que essa mobilização seja um sinal para novos tempos e para a correção de tantas distorções e inconformidades que têm prejudicado o trabalho dos profissionais da saúde. A nossa luta não terminou, demos o primeiro passo, premidos pela necessidade e diante de um fato violento, disruptivo, cruel e que sensibilizou todos os trabalhadores dos serviços públicos de saúde e também a comunidade”.
ASSISTA TAMBÉM: Homem atira objeto e quebra vidro da recepção da UPA Norte, em Juiz de Fora
Homem atira objeto e quebra vidro da recepção da UPA Norte, em Juiz de Fora
📲 Siga o g1 Zona da Mata no WhatsApp, Facebook e X
VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes
Adicionar aos favoritos o Link permanente.