
Familiares e amigos se despediram na manhã deste sábado (28) de pai e filho que morreram eletrocutados no distrito de Maria Quitéria, em Feira de Santana. As vítimas foram identificadas como Jonathas Lima de Jesus, de 28 anos, e o filho dele, Bernardo Lima de Jesus, de 4 anos. Ambos foram atingidos por uma descarga elétrica após o caminhão em que estavam tocar em fios de alta tensão na manhã da última sexta-feira (27) que, segundo a comunidade, estavam baixos há meses. A família acusa a Neoenergia Coelba de negligência.

O avô de Jônathas e bisavô da criança, João Torres, relatou que os fios de alta tensão estavam perigosamente baixos, a cerca de quatro metros do chão, e que moradores da comunidade vinham alertando a empresa havia mais de dois meses.

“Ligamos várias vezes. A Coelba prometia vir, dizia que vinha hoje, amanhã… mas nunca resolvia. Quando o baú do caminhão passou, tocou na rede. O Jonathas tentou sair e pegou o filho no colo. Ao pisar na água, recebeu a descarga”, contou.

Segundo ele, a rede atingida era de alta tensão, com cerca de 13 mil volts.
“A Coelba só apareceu para fazer a troca da fiação depois da tragédia. Foi uma morte anunciada. Não foi por falta de aviso”, lamentou o idoso, emocionado.

Ele ainda disse que perdeu duas gerações de sua família e que a casa onde todos moravam agora está vazia: “Acabou tudo”.
Silvia Bispo, prima de Jonathas, contou que ouviu o estouro da descarga elétrica e correu para o local.

“Vi o fio colado no carro, explodindo. A tia dele conseguiu pular, mas quando ele tentou, foi atingido. Caiu no chão com o filho nos braços. A gente não podia se aproximar porque tinha água e o fio ainda energizado. Liguei para o Samu, bombeiros, polícia e Coelba. A resposta foi de que era a primeira ocorrência. Como, se já havíamos alertado várias vezes?”
Ela afirmou ainda que os socorristas não puderam atuar de imediato por causa da eletricidade no local.
“A rede só foi desligada duas horas depois. Enquanto isso, a gente via os corpos, sem poder fazer nada. Foi desesperador”, disse Silvia, que também relatou a revolta da comunidade com os técnicos da empresa.
“Um deles ainda tentou dizer que a culpa era da vítima. Mas a rede já estava quase no chão, sem manutenção.”
A dor da família e da comunidade é profunda. “Ele era um pai de família trabalhador, estava construindo a casa com tanto amor para dar um lar melhor ao filho. Agora a esposa dele ficou sozinha, sem o marido, sem o filho”, disse Silvia, ao Acorda Cidade.
Após o ocorrido, o Grupo Neoenergia Coelba emitiu uma nota informando que se solidariza com os familiares e está contribuindo com as autoridades competentes.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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